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Semana: Lula no Supremo, Inflação Oficial, Varejo, Serviços e Guerra Comercial

Publicado 09.04.2018, 08:42
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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A semana promete ser agitada nos mercados financeiros por conta do cenário político, marcado principalmente pelos desdobramentos da tumultuada prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sábado, que pode ser abreviada por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mudanças nos ministérios e articulação de candidaturas para a eleição presidencial. Na economia, os destaques locais são a divulgação pelo IBGE do IPCA de março, inflação oficial, na terça-feira, da Pesquisa Mensal do Comércio relativa a fevereiro na quinta-feira e, na sexta-feira, a Pesquisa Mensal de Serviços. Os dados podem abrir espaço para o Banco Central (BC) continuar reduzindo os juros.

Para analistas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depec) do Bradesco (SA:BBDC4), a leitura de crescimento mais moderado da economia e comportamento benigno da inflação deve ser confirmada, com os dados de vendas no varejo e serviços reforçando sinais de retomada da atividade em todas os setores, mas em ritmo mais lento do que inicialmente esperado.

Guerra comercial, novo round Trump-China

Lá fora, serão anunciados números relativos à inflação nos EUA e informações sobre níveis de atividade na China, ambos relativos ao mês de março. Mas as atenções estarão voltadas para novos lances da guerra comercial movida pelo presidente americano Donald Trump contra os chineses, tentando reduzir na marra o déficit comercial de US$ 500 bilhões por ano. Trump derrubou os mercados semana passada ao anunciar restrições para mais US$ 100 bilhões em produtos chineses, elevando para US$ 150 bilhões o total de importações atingido por tarifas mais altas. Dependendo das reações da China, que promete responder na mesma moeda, e de Trump, os mercados podem sofrer fortes oscilações, com consequências no Brasil. Na semana passada, o dólar fechou no maior nível desde maio do ano passado, a R$ 3,36, e os juros dos papéis do Tesouro Direto de longo prazo, as NTN-B, subiram para 5,31% ao ano mais IPCA.

As relações internacionais americanas também vão sofrer com a decisão de Trump de deslocar tropas federais para a fronteira do México para combater a imigração ilegal enquanto não consegue levantar o muro prometido nas eleições. Trump segue assim seu roteiro populista de tentar agradar a população mais conservadora e xenófoba americana que o elegeu, mesmo que isso custe a estabilidade dos mercados.

Na política, prisão do ex-presidente Lula deve aumentar clima de tensão

Os desdobramentos jurídicos e políticos da prisão do ex-presidente Lula concentrarão as atenções no cenário político nos próximos dias, podendo amplificar o clima de tensão da semana anterior. Aguardam-se os próximos procedimentos jurídicos de sua defesa para sair da prisão. O PT, por meio de suas lideranças, já anunciou que manterá as mobilizações em todo o país para pressionar a libertação de seu principal líder, tendo como focos centrais o STF e o Congresso Nacional.

A movimentação jurídica e política deve ser acompanhada de manifestações em todo o país de grupos a favor do presidente, em protesto contra sua prisão. Em seu último discurso antes da prisão, o próprio Lula incentivou a militância a levar sua “ideia” para todo o país, falando inclusive em queima de pneus e invasões.

Votação das ADCs sobre prisão em segunda instância

O STF se mantém na agenda política também com o ministro Marco Aurélio de Mello levando para o plenário um pedido de liminar para suspender a prisão de condenados em segunda instância até que o tribunal vote duas ações declaratórias de constitucionalidade (ADC) que tratam do assunto. As duas ADCs foram liberadas para votação em plenário por Mello em novembro, mas a presidente do Supremo, Cármen Lúcia, se recusa a pauta-las pois entende que o tribunal já definiu uma posição há pouco tempo, em 2016. Já Mello defende que, de lá para cá, a maioria do Supremo mudou de entendimento com a revisão da posição de Gilmar Mendes. Se concedida, a liminar livraria Lula da cadeia. Mas a aprovação da liminar dependerá, novamente, da ministra Rosa Weber, que tem mantido uma posição semelhante à de Cármen Lucia, de que é cedo para mudar a jurisprudência do Supremo.

Além disso, está previsto para quarta-feira o julgamento dos habeas corpus do ex-ministro Antonio Palocci, preso na Operação Lava Jato, e do deputado federal Paulo Maluf (PP), cumprindo pena domiciliar por problemas de saúde.

14 candidatos à Presidência

Nos possíveis cenários de candidaturas à Presidência da República, 14 já estão oficializadas. No campo da esquerda, com a derrocada de Lula, devem ganhar espaço os pré-candidatos Manuela D´Ávila (PCdoB), Guilherme Boulos (PSOL) e Ciro Gomes (PDT). Ciro manteve-se distante do ex-presidente nos fatos que culminaram com sua entrega à Polícia Federal, ao contrário de Manuela e Boulos.

Já em pré-campanha, Geraldo Alckmin (PSDB) tem como preocupação as consequências políticas da prisão preventiva, pela Polícia Federal, do ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido por Paulo Preto. Ele é suspeito de desviar R$ 7,7 milhões nas obras do rodoanel, entre 2009 e 2011.

Novos ministros e Guardia na Fazenda

Nesta segunda-feira, o presidente Temer deve empossar o ex-ministro Dyogo Oliveira (Planejamento) no BNDES. No lugar de Henrique Meirelles, que se filiou ao MDB e deixou, na última sexta-feira, o cargo de ministro da Fazenda, considerando a possibilidade de ser candidato à Presidência da República, deve assumir Eduardo Guardia, atual secretário-executivo do Ministério. A posse dele foi anunciada pelo próprio Meirelles, e está prevista para terça-feira.

Moreira Franco nas Minas e Energia

Já o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, vai assumir o Ministério das Minas e Energia, que ficou vago após a saída de Fernando Coelho Filho para disputar uma vaga de deputado federal em Pernambuco. Braço direito do presidente Temer, Moreira Franco deve tentar acelerar a venda da Eletrobras (SA:ELET3), que enfrenta oposição de grupos políticos que hoje têm influência na empresa estatal.

Destaques internacionais: dados de inflação nos EUA e de atividade na China

Os destaques da semana na agenda internacional, segundo analistas de bancos e consultorias, devem ser a inflação nos EUA e dados de atividade na China relativos ao mês de março.

Espera-se ainda, segundo a Rosenberg Associados (RA), a divulgação, na quarta-feira, de ata da última reunião do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto dos EUA), em que deverão ser esclarecidos de forma mais detalhada os cenários projetados para inflação, juros e para a economia do país.

O Depec-Bradesco avalia que até agora os anúncios de medidas protecionistas não têm afetado os resultados da inflação dos EUA e da China, o que pode começar a aparecer nos próximos meses.

De olho no ritmo de expansão da economia americana e na inflação ao consumidor

“Nos EUA, mesmo com números mais fracos de crescimento na margem (variação mensal), o ritmo da economia ainda é favorável e o mercado de trabalho continua aquecido”, diz a equipe do Depec-Bradesco. E lembrando, assim, que as atenções devem voltar-se para o comportamento da inflação ao consumidor, tanto por fatores internos relacionados ao crescimento quanto pela eventual pressão derivada dos recentes anúncios de aumentos dos impostos de importação.

Inflação do IPCA no 1º tri deve ser menor da história

Avaliando o desempenho do IPCA, a Rosenberg destaca que, sazonalmente mais elevado, o primeiro trimestre deste ano deve ser o menor da série histórica do IPCA, ficando em 0,70% – abaixo do recorde anterior, que acumulou variação de 0,96%, em 2017. Na comparação mensal, a consultoria espera variação de 0,09%, abaixo do mês anterior, de 0,32%, e estima que, em 12 meses, a inflação deve arrefecer de 2,81% para 2,68%.

Ainda na comparação mensal, diz a consultoria em relatório, o destaque é a deflação em Transportes, reflexo do arrefecimento observado no subgrupo de combustíveis e pela deflação no item passagem aérea. Enfatizam ainda que março deixa de contar com a forte pressão sobre o grupo Educação, efeito do reajuste sazonal típico de fevereiro. Por fim, o grupo Alimentação e Bebidas deve deflacionar, mas em ritmo menor do que observado no mês anterior, pressionando o índice na margem (variação mensal).

Inércia baixista pode dar espaço para BC fazer novo corte na Selic

O banco UBS prevê variação de 0,1% no IPCA de março (mês contra mês) e de 2,8% na comparação anualizada. Já o Depec-Bradesco destaca em relatório a clientes que espera alta de 0,13%. “Como nas últimas leituras, as métricas de núcleo devem continuar com elevação ao redor de 3,00%, reforçando a inércia baixista para a inflação prospectiva e dando suporte para a manutenção do plano de voo atual do BC, de implementar mais um corte de 0,25 ponto percentual da Selic”. Segundo a equipe, com dois anos seguidos de inflação abaixo do centro da meta, e os núcleos muito bem comportados, “há conforto para que haja estabilidade dos juros ao longo deste ano”.

Varejo: recuperação em todos os setores, porém mais lenta que o previsto

Quanto ao desempenho do comércio, os analistas do Depec-Bradesco avaliam que o resultado das vendas no varejo e o volume de serviços, ambos de fevereiro, devem reforçar que a retomada da atividade está ocorrendo em todas os setores, porém num ritmo mais lento do que era inicialmente esperado. “Nossa avaliação é que os dados apontarão para uma expansão do PIB do primeiro trimestre de 0,3%”. A Rosenberg e o banco UBS também esperam nova melhora do comércio em fevereiro, em linha com a retomada gradual da economia.

Volatilidade ainda é palavra de ordem nos mercados de risco e exige cautela

Nos mercados de risco, a palavra de ordem continua sendo voltatilidade, segundo analisa o economista-chefe de Home Broker Modalmais, Alvaro Bandeira, referindo-se ao mundo e ao Brasil. No exterior, destaca, “continuam perspectivas de guerra comercial, protecionismo, xenofobia, nacionalismo, o que não convém a nenhuma economia”. No entanto, ele segue otimista de que tais expectativas não se confirmem, lembrando que China e EUA devem discutir formas de convivência mais harmônica.

No entanto, como não podem ser descartados riscos de novos atritos que venham a interferir no crescimento global e nas altas de preços em matérias-primas e produtos intermediários, alterando previsões de inflação baixa e contida, Bandeira ressalta que não é possível contar com respostas rápidas para essas questões.

Para economista, cenário eleitoral e efeito Lula seguirão ‘provocando ruído’

No ambiente interno, o economista prevê a continuidade de “muitos ruídos”, sobretudo diante dos desdobramentos da decisão da Justiça de prender o ex-presidente Lula e até que o quadro eleitoral esteja melhor definido. Levando em conta a análise técnica, Bandeira ressalta que o Índice Bovespa segue travado entre 83.900 pontos e 85.500 pontos. “Somente um movimento vazando esses limites com consistência poderá trazer relevância em direção da alta acima de 86.100 pontos, ou queda possível para 82.900 pontos e 82.000 pontos”.

Bandeira segue recomendando prudência quanto a assumir riscos de curto prazo e usando proteções com derivativos. “Identificamos, contudo, boas oportunidades de estruturar posições de mais longo prazo para retorno em empresas com bom conteúdo fundamentalista”, completa.

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