Na semana após o resultado da eleição que aconteceu neste último domingo, o índice da bolsa de valores brasileira reagiu positivamente, com o Ibovespa passando os 116 mil pontos, ante o fechamento em 110 mil pontos na sexta-feira, performando 0,5% no mês de setembro, enquanto o S&P e a Nasdaq recuaram significativamente no período influenciado pelo cenário de aumento dos juros na economia americana.
É neste cenário que a economia doméstica acompanhará nas próximas semanas a corrida presidencial dos dois candidatos que, diante das suas propostas, o mercado poderá reagir negativamente. Contudo, para a tranquilidade da nação de investidores, a minha análise se faz a partir do que observamos até agora, uma eleição polarizada com um mercado resiliente, ou seja, meu cenário é que o período deste segundo turno das eleições terá um peso menor nos ativos de risco diante o que temos no cenário macroeconômico internacional.
Ou seja, é no cenário internacional que o investidor deverá prestar atenção, no qual economias avançadas recuam enquanto os juros aumentam. Hoje, os dados do PMI industrial divulgado pela Markit para a Zona do Euro recuou de 49,6 em agosto para 48,4 em setembro, enaltecendo os impactos da crise energética entre os países e trazendo as perspectivas de mais contração da atividade para os próximos meses.
No mesmo sentido, o ISM industrial dos EUA apresentou arrefecimento em relação à leitura de agosto, passando de 52,9 para 50,9, com um resultado misto quanto a sua leitura: deterioração dos Novos Pedidos e Emprego, mas melhora na Produção, na Entrega de Insumos, em Preços e em Estoques. Em outras palavras, o ISM de manufatura como um indicador antecedente de ciclo indica que a atividade da economia americana está arrefecendo, com possíveis impactos nos dados do mercado de trabalho que serão divulgados na sexta-feira.
Neste cenário, a expectativa do mercado é que no mês de setembro tenham sido criados 215 mil vagas de emprego nos EUA a partir do resultado do Payroll, dado abaixo do verificado em agosto, 315 mil, com a taxa de desemprego mantida em 3,7%. Do resultado, espera-se que o mercado de trabalho americano siga perdendo força diante o cenário de aperto monetário que deverá seguir seu curso até o fim do ano.
Ou seja, os impactos de um valor abaixo do esperado para o Payroll tendem a ser observados tanto no enfraquecimento do dólar frente aos seus pares assim como no arrefecimento dos juros futuros, que serão impactados por uma expectativa menos dura do Federal Reserve na decisão do próximo patamar das Fed Funds, hoje entre 3,00-3,25%.
Porém, o interessante em observar esse resultado é que atualmente o Monitor da Taxa de Juros do Federal Reserve da Investing aponta 61,5% de probabilidade para mais uma alta de 75 pontos-base, após o discurso hawkish do Fed na última decisão. Porém, com o resultado abaixo do esperado para o Payroll, as apostas para a alta de 50 pontos-base podem crescer.
Macro e os investimentos
O mês norteia um cenário de aumento dos juros das grandes economias e do fim do ciclo de aperto monetário na economia doméstica, o qual tende contribuir para um cenário mais positivo para os ativos de risco.
Contudo, no curto prazo o cenário macro internacional deverá trazer volatilidade para o mercado de ativos de risco conforme os impactos da política monetária restritiva seja refletida nos balanços das empresas. Ou seja, ainda que o terceiro trimestre possa mostrar resiliência no resultado das empresas, as expectativas de uma desaceleração da atividade vão se tornando cada dia mais evidentes, levando o investidor a procurar empresas que demonstrem balanços fortes, crescimento estável dos lucros, altos dividendos e baixa volatilidade.
Assim, no cenário mais adverso da economia internacional em detrimento da nacional exige que a cautela e a diversificação do portfólio do investidor neste curto prazo deverá seguir como quesito básico na busca da minimização do risco.