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Soja: Estoque Reduzido Pode Manter Valores Firmes em 2021

Publicado 04.01.2021, 12:29
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Mesmo com o baixo índice pluviométrico no início da semeadura da safra 2020/21, as ocorrências de chuvas em volumes mais satisfatórios desde a última dezena de outubro/20 geram expectativas de produção recorde no Brasil, estimada em 134,5 milhões de toneladas pela Conab (+7,7%) e em 133 milhões de toneladas pelo USDA (+5,6%). Ainda assim, a relação estoque/consumo final pode ser a menor das últimas nove temporadas, podendo dar sustentação aos preços domésticos de soja e derivados no decorrer de 2021. Isso porque, em 2020, sojicultores aproveitaram os altos patamares de preços e negociaram mais da metade da safra 20/21, segundo pesquisas realizadas pelo Cepea. Também há expectativas de aumento na demanda doméstica, especialmente por parte do setor pecuário, no caso do farelo de soja. Além disso, a procura por óleo de soja para a produção de biodiesel deve seguir elevada, desafiando indústrias do setor alimentício quanto ao abastecimento do coproduto. Vale destacar que, pela primeira vez, o consumo industrial brasileiro de óleo de soja (3,9 milhões de toneladas) deve superar o uso alimentício (3,8 milhões de toneladas). Apesar das perspectivas positivas, é importante ressaltar que o maior custo operacional das aquisições de insumos – especialmente de fertilizantes – pode limitar as margens do produtor em 2021. Além disso, as exportações podem se desacelerar, visto que a China deve adquirir maior parcela de soja dos Estados Unidos, motivada pelo acordo comercial entre ambos os países.

MILHO: PROCURA ELEVADA DEVE SUSTENTAR COTAÇÕES NESTE ANO

Os baixos estoques, a demanda firme e as incertezas quanto ao tamanho da oferta da temporada 2020/21 devem manter os preços internos do milho em patamares acima da média em 2021. Segundo colaboradores do Cepea, as lavouras brasileiras da primeira safra foram prejudicadas pelo clima seco, principalmente no Sul do País. Para a segunda safra, o cultivo mais lento e tardio da soja, comparativamente a anos anteriores, traz temores sobre como será a semeadura de milho e se haverá impactos na produtividade. Com isso, a temporada 2020/21 deve se iniciar com incertezas em torno da oferta do cereal – por enquanto, as estimativas oficiais indicam produção recorde no Brasil e no mundo. A demanda, por sua vez, deve continuar aquecida nos mercados doméstico e internacional. No Brasil, o consumo segue crescente, refletindo o maior interesse do setor pecuário e também de novas usinas de etanol de milho no Centro-Oeste. As exportações devem ser favorecidas pelo dólar valorizado e pela alta nas cotações internacionais. A comercialização antecipada, especialmente para exportação, tende a restringir a oferta no spot nos próximos meses, podendo acirrar a disputa pelo produto.

MANDIOCA: COM MENOR OFERTA, DISPUTA PELA RAIZ DEVE AUMENTAR EM 2021

Nos últimos anos, a área ocupada com mandioca no Brasil diminuiu, enquanto a produtividade não aumentou. Como resultado desse cenário, a oferta tem sido menor, e, pelo menos por enquanto, é o que também se espera para 2021. Nas áreas de mandioca destinada à indústria, produtores avançaram com a colheita e a comercialização de raízes de 1º ciclo ainda em 2020, reduzindo a disponibilidade do produto em 2021. Segundo colaboradores do Cepea, os reflexos da pandemia de covid-19 na cadeia produtiva da mandioca em 2020 foram transitórios, mas, ainda assim, o ano foi marcado pela menor demanda por derivados. Para 2021, há expectativa de retomada da economia, o que pode elevar a procura pelos derivados de mandioca e a necessidade de processamento de raízes. Com oferta restrita, deve haver maior disputa pela matéria-prima em 2021. As consideráveis altas nos preços de diversos produtos agropecuários devem continuar influenciando a disputa por área. Com exceção dos locais onde a mandiocultura está mais consolidada, outras atividades, especialmente grãos e pecuária, devem tomar parte das áreas com as raízes. Essa decisão também deve estar atrelada ao comportamento dos preços ao longo do ano.

CITROS: ESTIAGEM DIMINUI PRODUÇÃO, E QUEBRA DE SAFRA EM 20/21 É A MAIOR DA HISTÓRIA

De maneira geral, a citricultura paulista registrou preços elevados em 2020. Com a menor produção de laranjas no cinturão citrícola (São Paulo e Triângulo Mineiro) na safra 2020/21 devido ao clima adverso, a necessidade de matéria-prima por parte da indústria continuou alta ao longo do ano, fator que sustentou os valores da fruta. Segundo o relatório de 10 de dezembro do Fundecitrus, o cinturão deve ter a maior quebra de safra (em termos percentuais) desde 1988/89, quando se iniciou a série histórica. No total, a produção de laranja deve cair 30% na temporada 2020/21, somando 269,36 milhões de caixas de 40,8 kg. Conforme colaboradores do Cepea, a maior demanda industrial em 2020 diminuiu a disponibilidade no mercado de mesa, visto que houve casos de produtores tipicamente do segmento que preferiram direcionar suas frutas à indústria, diante das incertezas da pandemia e dos preços atrativos no processamento. Esse cenário somado às adversidades climáticas (que acentuaram a baixa disponibilidade de frutas com padrão para a mesa) e à demanda aquecida impulsionaram as cotações das laranjas de mesa em praticamente todos os meses de 2020. No mercado de lima ácida tahiti, a oferta esteve bastante elevada entre janeiro e abril, período de pico de safra. Ainda que as exportações tenham sido aquecidas nesse intervalo, os valores foram pressionados pela alta disponibilidade. A elevada carga das plantas naquele momento, por sua vez, resultou em queda nas produções seguintes, elevando os preços, especialmente a partir de julho, quando passaram a operar em patamares recordes nominais da série histórica do Cepea (iniciada em 1996). A baixa produção no segundo semestre foi agravada pela estiagem em alguns períodos. Quanto às exportações da fruta, atingiram recorde em 2020.

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