- Os mercados se recuperam com apostas em suporte técnico, alívio tarifário e estímulos na Alemanha.
- No entanto, com os dados do ISM e payroll no radar, as expectativas de cortes de juros pelo Fed podem mudar, aumentando a volatilidade.
- O S&P 500 enfrenta um teste crucial—manterá o suporte ou indicará mais quedas?
Os índices futuros dos EUA abriram a sessão de hoje em alta, acompanhando o tom positivo dos mercados europeus, onde o DAX alemão se aproximava de suas máximas históricas. O sentimento foi estimulado, em parte, por planos do futuro chanceler alemão, Friedrich Merz, de modificar a constituição do país para excluir gastos com defesa e segurança dos limites fiscais.
Essa mudança abriria caminho para um fundo de infraestrutura de €500 bilhões, a ser investido em transporte, redes de energia e habitação ao longo de 10 anos. Além disso, especulações sobre uma possível redução das tarifas comerciais dos EUA, após a recente queda do mercado de ações, também ajudaram a sustentar o otimismo. O Secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, sugeriu na terça-feira um possível compromisso em relação às tarifas, enquanto Trump admitiu que pode haver um “período de ajuste”. A questão agora é: essa recuperação vai se sustentar?
Guerra comercial eliminou os ganhos do S&P 500 após a eleição
A recuperação ocorre após um forte movimento de aversão ao risco no dia anterior. O temor sobre os impactos econômicos de uma escalada na guerra comercial fez investidores migrarem para títulos de curto prazo, ouro e moedas de proteção, como o iene. Já os mercados acionários, petróleo, moedas sensíveis ao risco (como o dólar australiano) e criptomoedas sofreram forte queda.
O S&P 500 perdeu todos os ganhos acumulados desde a eleição, resultando em uma liquidação de trilhões de dólares. No entanto, houve tentativas de recuperação no final do pregão, embora a primeira tenha sido breve. Um segundo movimento garantiu que os principais índices fechassem longe das mínimas do dia.
O que motivou a queda dos mercados?
As tarifas certamente tiveram um papel central, mas fatores como avaliações elevadas e realização de lucros também contribuíram para o movimento de baixa. A pressão vendedora se intensificou após o governo dos EUA impor o maior pacote tarifário em anos, afetando uma ampla gama de importações da China, Canadá e México, o que gerou retaliações imediatas.
A grande dúvida agora é: a correção já chegou ao fim?
Indicadores econômicos dos EUA no radar: ISM e payroll
Os dados econômicos fracos e as tensões comerciais aumentaram os receios sobre o crescimento global. Isso fez com que o mercado passasse a precificar três cortes de 0,25 p.p. nos juros pelo Fed ainda este ano. Os dados que serão divulgados esta semana podem levar a novas revisões nessas apostas.
Recentemente, os indicadores dos EUA mostraram sinais de fraqueza. A confiança do consumidor ficou abaixo das expectativas, e o setor imobiliário também demonstrou dificuldades. O PMI de serviços da S&P Global, um indicador antecedente do ISM PMI, entrou em território de contração na semana passada.
Hoje, o ISM PMI será acompanhado de perto, já que um número mais fraco do que o esperado pode reforçar especulações sobre cortes nos juros. Economistas projetam um leve recuo, de 52,8 para 52,5.
Na sexta-feira, o foco se volta para o payroll. O relatório de janeiro surpreendeu com um crescimento robusto dos salários, com o ganho médio por hora subindo 0,5% no mês. Isso reduziu apostas de cortes de juros, mesmo com a criação de empregos ficando abaixo do esperado – um dado compensado por revisões positivas nos meses anteriores.
Os números recentes apontam um desaquecimento da economia, mas o Fed continua atento aos riscos inflacionários. A guerra comercial tem pressionado as expectativas de inflação de longo prazo, aumentando receios de estagflação. Se os dados continuarem fracos, a expectativa por cortes nos juros pode crescer ainda mais, ajudando a amenizar o impacto da tensão comercial sobre os mercados.
Mercado reage a níveis técnicos chave
O rebote observado ontem começou quando o Nasdaq 100 e o S&P 500 testaram suas médias móveis de 200 dias, um suporte técnico importante. Ações individuais também respeitaram níveis relevantes, com a MicroStrategy (NASDAQ:MSTR) e a Oracle (NYSE:ORCL) recuperando-se em suas médias móveis de 200 dias.
Outras empresas encontraram suporte técnico em níveis-chave:
- Nvidia (NASDAQ:NVDA) defendeu a região de US$ 110
- Tesla (NASDAQ:TSLA) segurou US$ 265
- Alphabet (NASDAQ:GOOGL) reagiu na linha de tendência em US$ 170
Esses movimentos indicam que o rali pode ter sido impulsionado por compras técnicas. Agora, o mercado aguarda sinais de continuidade da recuperação. Se isso acontecer, seria um indicador positivo para o restante da semana. Caso contrário, volatilidade adicional pode estar a caminho.
Principais níveis técnicos do S&P 500
O S&P 500 testou e respeitou uma região de suporte importante, entre 5721 e 5776, que foi o ponto de partida do rali pós-eleição de Trump. Além disso, essa zona coincide com a média móvel de 200 dias, tornando-se ainda mais relevante.
O comportamento do índice nesse nível terá forte impacto para os próximos dias. Com o IFR diário próximo de 30, o S&P 500 começa a entrar em território de sobrevenda, o que pode atrair investidores que buscam oportunidades de compra em quedas.
Pontos de resistência e suporte
- Resistência imediata: a recuperação de ontem parou na primeira resistência importante, perto de 5850.
- Próximo nível crítico: a antiga linha de tendência, quebrada em outubro de 2023, agora serve como resistência na faixa 5885.
- Sinal de reversão: caso o índice supere 5850-5885 e se mantenha acima, isso confirmaria um movimento de recuperação mais consistente.
Por outro lado, se o venda se intensificar e o índice perder a região de suporte entre 5721 e 5776, a correção pode se aprofundar, configurando uma queda mais significativa, algo que não ocorre há anos.
***AVISO: Este artigo é meramente informativo e não constitui qualquer oferta ou recomendação de investimento.