"Triste país em que, quando todos resolvem andar na mesma direção, invariavelmente é em marcha à ré." - Vera Magalhães (1972 - )
Há quase 27 anos, um evento significativo marcou a economia brasileira: a privatização da Vale (BVMF:VALE3). Desde então, essa gigante do setor de mineração viu seu lucro líquido saltar de cerca de R$ 700 milhões para R$ 21 bilhões.
Mais do que um fenômeno econômico, essa transformação reflete mudanças profundas tanto no âmbito financeiro quanto social, com a empresa expandindo seu quadro de funcionários de aproximadamente 10 mil em 1997 para 150 mil em 2021.
A eficiência da gestão privada em comparação com a pública no mundo empresarial é frequentemente debatida. No caso da Vale, essa mudança gerou resultados notáveis.
No entanto, a ideia de que políticos poderiam desejar reverter essa privatização ainda ressoa em alguns círculos.
Este artigo não visa discutir política ou criticar figuras específicas, mas sim levantar questões relevantes sobre o futuro da Vale.
Porém, a nomeação de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, para um possível cargo de liderança na Vale suscita dúvidas.
Mantega, conhecido por sua participação na criação da Nova Matriz Econômica – uma política econômica que enfrentou críticas por contribuir para a recessão de 2015 –, possui um currículo que levanta questionamentos sobre sua capacitação para um papel de liderança em uma empresa de mineração.
O que Mantega poderia trazer para a Vale, seja como CEO ou conselheiro?
Existe uma percepção de aliados do atual governo de que sua nomeação poderia ser uma forma de reparar o que alguns consideram uma "injustiça" de sua carreira política, tendo em vista o salário lucrativo que acompanha o cargo na Vale.
Por outro lado, as implicações políticas de tal nomeação não devem ser ignoradas.
O governo brasileiro detém poder significativo sobre a indústria de mineração, incluindo a concessão de licenças ambientais e de exploração.
Isso levanta a questão: a resistência a uma indicação como a de Mantega poderia resultar em retaliações políticas ou econômicas para a Vale?
O cenário é complexo e os riscos estão presentes.
Com o término do mandato do atual CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, em maio, a reunião do conselho no dia 31 de janeiro é crucial.
Os acionistas aguardam com paciência, enquanto nós, brasileiros, observamos com esperança e preocupação as decisões sobre o futuro de uma de nossas maiores empresas.
Aos acionistas, cabe a paciência, e, a nós brasileiros, a fé.