Conforme o relatório mais recente da Cecafé, no mês passado foram exportadas 3,626 milhões de sacas, gerando uma receita de US$ 757,3 milhões.
Nas cidades mineiras de Varginha e Patrocínio, o mercado balcão de café tem apresentado um ritmo intenso de negociações, com produtores e corretores buscando as melhores condições a todo momento. Raramente são discutidos temas como tamanho da safra e clima, que são frequentes em fóruns e artigos na internet.
Para algumas empresas, o volume de trabalho neste trimestre foi semelhante ao período de colheita de julho a agosto do ano passado. O mês de março está chegando ao fim e é provável que vejamos mais um número "surpreendente" no volume de exportações.
Diante desse contexto, gostaria de apresentar um diagrama com o histórico de preços de quatro cooperativas atuantes na exportação de café.
Analisando o gráfico, podemos destacar alguns pontos:
· O maior preço negociado foi registrado em maio de 2023 pela Cocapec, R$ 1.170,00.
· Negociamos o café arábica abaixo de R$ 1.000,00 por pelo menos seis meses no último ano.
· O menor preço negociado foi registrado no início de setembro de 2023 pela Expocaccer, R$ 760,00.
· Durante a safra, os preços sofreram uma retração de 28% em relação ao início do ano.
· A volatilidade de março de 2023 foi maior do que a deste ano.
Olhando para o gráfico de café fino das cooperativas, o que você identificou?
Hoje, dia 20/03, teremos o direcionamento da política monetária americana, com expectativas de que o presidente do FED, Jerome Powell, confirme o início da queda da taxa de juros a partir do segundo semestre.
Em decorrência dessas expectativas, nos últimos dias observamos o fortalecimento do dólar em relação ao real, levando a moeda americana a ser negociada acima dos R$ 5,00, embora ainda esteja distante dos R$ 5,23 registrados em 20/03/2023.Essa pequena diferença nos centavos de dólar representa aproximadamente R$ 45,00 por saca.
Tenho outro gráfico que apresenta a correlação do dólar/real com o contrato de café de NY:
Podemos observar que desde o final de outubro de 2023 até a semana passada, o dólar se manteve estável (entre R$ 4,80 e R$ 4,95). De forma independente, percebemos que, durante o mesmo período, o setor agrícola se adaptou à nova realidade cambial e continuou a se desenvolver e a trabalhar.
Ao retornarmos ao mercado de balcão de café fino das cooperativas (primeiro gráfico), notamos que o preço expandiu cerca de 25% durante esse período de cinco meses.
Qual é a conexão entre a política monetária americana e o café?
Anteriormente, o FED buscava conter a inflação, aumentando a taxa de juros. No entanto, atualmente, alguns analistas consideram a inflação controlada, aguardando ansiosamente a diminuição da taxa de juros para aumentar a oferta de crédito.
Ao deliberar sobre a taxa de juros, o banco central americano incentiva ou inibe a admissão de risco financeiro. Em momentos de risco financeiro mais elevado, observamos nos últimos anos um aumento nos estoques reguladores. Por outro lado, em períodos em que a oferta de mercadorias supera os riscos financeiros, grandes estoques não são necessários. Essa é uma das maneiras pelas quais o banco central americano influencia o preço do café.
Se os indicadores macroeconômicos continuarem alinhados com as expectativas do mercado, é possível que tenhamos uma expansão nos preços do contrato de café arábica na primeira quinzena de abril de 2024. É importante estar atento aos volumes negociados do contrato de julho (KCN24), que em breve substituirá o contrato corrente (KCK24).
Desejo que os leitores possam avaliar o melhor e mais rentável período para realizar seus negócios. Existem inúmeras estratégias que podem ser implementadas no contexto financeiro da cafeicultura; não se trata de conhecê-las todas, mas sim de executar e dominar uma delas.
Críticas e comentários são sempre bem-vindos e contribuem para a evolução do nosso trabalho.
Tenham todos um ótimo dia e bons negócios!