Diversas moedas importantes se desvalorizaram ontem, à medida que as ações registravam uma forte recuperação na abertura de Nova York. O índice Dow Jones saltou mais de 1.000 pontos, ou 6,5%. Em um mercado normal, esse movimento seria considerado extremamente altista, mas, em uma situação de baixa, é comum acontecer ralis tão intensos. O repique de ontem foi impulsionado pela perspectiva de um acordo em relação a uma lei de estímulo para combater o coronavírus pela Casa Branca. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, declarou à CNBC na manhã de ontem que havia “um claro otimismo com um acordo nas próximas horas”.
Os investidores também ficaram felizes em ouvir a promessa do G7 de fazer o que fosse necessário para “restaurar a confiança e o crescimento econômico, bem como proteger empregos, empresas e a resiliência do sistema financeiro”. Isso inclui promessas de:
- Fornecer o financiamento necessário para responder à Covid-19;
- Prestar assistência bilateral e multilateral para reforçar os esforços de prevenção dos governos estrangeiros;
- Comprometer-se a realizar o esforço fiscal para a recuperação das economias através de aportes de liquidezes e expansão fiscal;
- Manter políticas expansionistas;
- Liberar capital disponível e fornecer “colchões” de liquidez;
- Solicitar que os países produtores de petróleo apoiem os esforços internacionais para promover a estabilidade econômica;
- Apoiar os esforços do FMI e do Banco Mundial.
- Disponibilizar recursos para ajudar países vulneráveis.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também prometeu fornecer respiradores a Nova York. Além disso, a 3M (NYSE:MMM) e outros fabricantes estão produzindo mais máscaras, enquanto os laboratórios elevam os números de testes. Os dados industriais nos EUA, na Zona do Euro e no Reino Unido não foram nem de perto tão fracos quanto os investidores esperavam, abrindo caminho para recuperações no euro, na libra esterlina e em outras moedas. O USD/JPY registrou um repique de 110,10 até a máxima acima de 111,00, ao passo que pares como USD/CAD dispararam de 1,4380 para 1,4520 antes da abertura das ações. O dólar estadunidense está forte por causa da falta de financiamentos e da busca constante por segurança. Do ponto de vista técnico, há sinais de que o euro, a libra esterlina e o dólar australiano atingiram o fundo, mas o fato de o índice PMI composto na Alemanha ter despencado de 50,7 para 37,2, assim como os índices compostos na Zona do Euro e no Reino Unido, que caíram de 51,6 para 31,4 e de 53 para 37,1 respectivamente, mostra que o caminho de menor resistência para essas moedas ainda é para baixo. O índice PMI Markit nos EUA caiu de 42 para 39,1, um declínio bastante modesto.
No entanto, os investidores ainda precisam manter a cautela, após a Casa Branca alertar que o coronavírus tem uma taxa de ataque de 1 em 1.000 em Nova York. Outras métricas, incluindo vendas de novas casas e PMIs compostos e de serviços, caíram fortemente no exterior, o que significa que ainda não é hora de demonstrar muito otimismo. Dados ao redor do mundo vão piorar, o que eleva o temor em relação às consequências à economia mundial.
O relatório de pedidos de seguro-desemprego nos EUA nesta quinta-feira será bastante revelador, já que o balanço de desocupados deve ultrapassar 1,5 milhão. Se os pedidos de seguro-desemprego atingirem 2 milhões, podemos ver novas mínimas nas ações e moedas. A promessa do presidente Donald Trump de reabrir a economia mais cedo do que o previsto é extremamente perigosa, a menos que esteja acompanhada de uma profunda redução nos casos de vírus, de uma alta disponibilidade de testes e, idealmente, de uma vacina. Tudo isso é possível, o desafio é grande, mas o governo precisa facilitar, e não obstruir o progresso.
Os dados de comércio na Nova Zelândia, inflação no Reino Unido e bens duráveis nos EUA devem ser divulgados nesta quarta-feira (25). Os dados de comércio de fevereiro na Nova Zelândia podem não mostrar todo o impacto da Covid-19, pois o índice PMI industrial aumentou no país. Os preços no Reino Unido podem acabar subindo, na medida em que a restrição de oferta provoca elevações de preços, de acordo com indústrias e prestadores de serviços. Os bens duráveis nos EUA, por outro lado, podem cair forte.
Os investidores devem esperar mais ação dos governos ao redor do mundo. Todos os olhos estão voltados ao possível pacote de estímulo de Washington. Também estão sendo considerados planos de resgate para diversos setores nos EUA. O Banco Central Europeu já fala em comprar fundos cotados em bolsa, e a Alemanha está aberta para discutir uma emissão conjunta de títulos. O impacto da maioria desses anúncios pode ter vida curta.