Por Barani Krishnan
Investing.com - Mais uma semana, e mais uma tentativa fracassada de avançar para além dos US$ 1.800.
O destino do ouro de se manter preso – pelo menos por agora – na marca dos US$ 1.700 parece real, enquanto o Federal Reserve parte para sua reunião mensal na terça e quarta-feira, na qual o barulho em torno da redução do estímulo financeiro dos EUA provavelmente vai ficar mais alto.
Como se isso não fosse o suficiente, o relatório de emprego nos EUA para setembro deverá ser apresentado na próxima sexta-feira, e qualquer crescimento nos números pode ser suficiente para o presidente do Fed, Jerome Powell, e seu círculo de dirigentes que buscam cortar US$ 15 bilhões por mês da compra mensal de títulos feita pelo banco central americano, no valor de US$ 120 bilhões.
O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA, para dezembro, tinha queda de US$ 19,25, ou 1,07%, a US$ 1.783,35 por onça às 15h43.
Na semana, ele tinha queda de quase 1%, sua maior perda em seis semanas.
"O ouro não está recebendo carinho dos fundos soberanos europeus, nem de nenhuma das principais instituições", afirmou Phillip Streible, estrategista de metais preciosos da Blue Line Futures, de Chicago. "É como se no momento em que ele atinge os US$ 1.800, as pessoas apertassem o botão de venda. Foi isso que aconteceu hoje e a torrente de stop orders de venda apenas atuou como se fossem alfinetes caindo".
"Este é só o fim de uma semana ruim para o ouro que não vai melhorar na semana que vem, com a reunião do Fed e os números do emprego no horizonte. Eu estou vendo um novo teste do nível de US$ 1.750 e, possivelmente, muito mais baixo".
A disparada do dólar para o maior nível em duas semanas também teve um impacto imenso sobre o ouro na negociação de sexta-feira, pois o metal dourado sofreu com o avanço do seu maior rival.
O dólar subiu após os dados de sexta-feira mostrarem o indicador de inflação anual do Fed atingir o valor mais alto em 30 anos em setembro, mantendo a pressão sobre os responsáveis pela política monetária do banco central, assim como sobre o governo Biden, para frearem a escalada dos custos.
O sentimento do consumidor dos EUA também continua em risco com a inflação elevada, embora os americanos pareçam ter se resignado com custos mais altos em função das turbulências econômicas causadas pela pandemia do coronavírus, disse a Universidade de Michigan na sexta-feira na mais recente edição da sua pesquisa de consumidores, acompanhada de perto.
Embora o ouro teoricamente seja uma proteção contra a inflação, ele mal fez jus a esse título este ano, já que a expectativa de que o Fed terá que elevar as taxas de juros em algum momento afetou o metal.