Importações de diesel pelo Brasil cresceram 38% em julho com maior demanda

Publicado 07.08.2025, 14:41
Atualizado 07.08.2025, 14:45
© Reuters. Pistola de gasolina em posto de combustíveis, em Brasílian07/03/2022nREUTERS/Adriano Machado

RIO DE JANEIRO (Reuters) - As importações de diesel pelo Brasil cresceram 38% em julho ante o mesmo mês do ano passado, para seu maior volume desde dezembro de 2023, diante de uma maior demanda interna, afirmaram especialistas nesta quinta-feira.

No total, o país importou 1,7 bilhão de litros, sendo quase 60% da Rússia, 34% dos Estados Unidos e 9,5% da Índia, mostraram dados do governo, compilados pela consultoria StoneX.

"Esse cenário de internalizações aquecidas do derivado fóssil pode refletir um balanço doméstico mais apertado", disse em nota o analista de Inteligência de Mercado da StoneX Bruno Cordeiro.

Ele citou ainda uma menor produção nas refinarias brasileiras.

"É importante lembrar, também, que esse alto volume de compras ocorreu mesmo em um período prévio à chegada do B15, que teve início agora em agosto, fator que surpreendeu o mercado."

Em 1º de agosto, a mistura de biodiesel no diesel vendido nos postos passou de 14% para 15%.

Especialistas também ressaltaram que as compras externas cresceram em julho apesar de ter sido um mês sem um cenário favorável para as compras externas, considerando preços internos e praticados pela Petrobras (BVMF:PETR4), principal produtora de combustíveis do país, e preços externos.

"Nós vimos o aumento da importação muito atrelado à expectativa de consumo por conta dessa temporada de maior demanda por conta do agronegócio, por causa do plantio", disse o sócio-diretor da Raion Consultoria Eduardo Oliveira de Melo.

"O crescimento se deu bem por conta da demanda, pois a janela de importação não estava tão favorável no mês de julho, por exemplo".

Cordeiro, da StoneX, disse ainda que uma das respostas para esse volume mais aquecido também pode estar no perfil das importações brasileiras. Isso porque houve um aumento das compras do diesel norte-americano e indiano de 145% quando comparado ao mesmo período de 2024.

"O crescimento das aquisições do produto norte-americano, especificamente, pode ter sido um reflexo da antecipação das compras dessa origem por conta dos receios sobre a possibilidade do Brasil promover tarifas recíprocas contra os EUA, como contrapartida às ameaças do governo norte-americano de ampliar as taxações sobre produtos brasileiros", afirmou.

No acumulado de janeiro a julho, as importações de diesel somaram 9,68 bilhões de litros, alta de 17% na comparação com o mesmo período do ano passado.

GASOLINA

Já as importações de gasolina se recuperaram em julho para 239 milhões de litros, com alta de 23% frente o mês anterior, mas ainda uma queda de 10,9% quando comparado com os níveis do mesmo mês do ano passado, apontaram dados do governo citados pela StoneX.

"O aumento das importações em julho pode refletir um balanço doméstico mais estressado do combustível, uma vez que se registra alto volume de vendas de gasolina C (com etanol anidro), movimento que pode ter se aprofundado em julho devido a demanda sazonalmente maior por combustíveis leves no período", disse em nota a analista de Inteligência de Mercado da StoneX Isabela Garcia.

Quando se considera o acumulado do ano entre janeiro e julho, o volume importado soma 1,4 bilhão de litros, queda de 11,8% frente o mesmo período no ano anterior.

Garcia afirmou que, para os próximos meses, é provável que as importações sigam em patamares menores que no ano passado, refletindo as mudanças do percentual de mistura do etanol anidro na gasolina, que passou de 27% para 30% em 1º de agosto.

"Apesar da medida ter um impacto positivo sobre o consumo de gasolina C ao melhorar a competitividade frente o etanol hidratado, os novos níveis de mistura contribuem para uma menor exposição ao mercado internacional de gasolina A", afirmou Garcia.

"Assim, caso se registre uma manutenção da taxa de crescimento da produção doméstica de gasolina como no primeiro semestre (+4% a.a), o balanço do combustível estaria menos apertado, haveria uma menor necessidade de importações nos próximos meses", adicionou.

(Por Marta Nogueira)

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