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Petróleo abaixo de US$ 111 após medo de recessão nos EUA parar rali de energia

Publicado 17.06.2022, 14:44
© Reuters.
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Por Barani Krishnan

Investing.com -- É este o selloff que as mentes mais calmas do mercado de petróleo vinham falando?

Os preços do petróleo tombaram cerca de 7% só na sexta-feira, com uma perda semanal ainda maior, na marca de 9%. A queda ocorreu em meio ao temor generalizado de que os Estados Unidos estão avançando rumo a uma recessão, em função do golpe triplo de dados macroeconômicos fracos, inflação irredutível aos níveis mais altos em 40 anos, além de um Fed determinado em dobrá-la com aumentos de juros igualmente arriscadas.

"As recessões são cada vez mais prováveis, na medida em que os bancos centrais correm para aumentar os juros drasticamente antes que a inflação escape do controle", disse Craig Erlam, analista da plataforma de negociação online OANDA, enquanto o Banco Central Europeu também indicava três grandes aumentos de juros para 2022. "Mas isso é melhor do que a alternativa: a estagflação". 

Embora o mundo, especialmente os Estados Unidos, ainda não estejam num contexto de estagflação, no qual os preços continuam a subir enquanto a economia continua a encolher, o termo "já foi muito lançado nos últimos meses, o que talvez enfatize a apreensão a seu respeito", afirmou Erlam.

"Seu risco está aumentando, e é por isso que os bancos centrais vêm aceitando cada vez mais que suas ações levem a economia para uma recessão", acrescentou.

A gota d’água na sexta-feira para os investidores de um mercado de petróleo com excesso de compra parece ter sido a quinta queda mensal na produção industrial dos EUA, já que as empresas enfrentavam dificuldades com gargalos na cadeia de fornecimento e altos custos apesar do avanço da produção industrial em si.

O chefe da divisão do Fed para Mineápolis, Neel Kashkari, entretanto, alertou talvez o banco central precise ser mais agressivo com as taxas de juros se a inflação dos EUA não recuar da sua máxima de quatro décadas. 

Isso foi um sinal de que o aumento de 0,75 ponto percentual de junho – o maior em 28 anos – poderia ser acompanhado de outras elevações significativas, apesar das garantias do presidente do Fed, Jerome Powell, no início desta semana, de que não haverá mais incrementos de grande porte este ano e que os cortes dos juros poderiam começar já em 2024.

A economia norte-americana já apresentou retração de 1,4% no primeiro trimestre. Se não voltar para o terreno positivo no segundo trimestre, os Estados Unidos estarão, tecnicamente, em recessão, já que bastam apenas dois trimestres consecutivos de crescimento negativo para atender a definição. 

Em resposta a este temor, o petróleo WTI, negociado em Nova York e referência de preço nos EUA, recuava 6,29%, a  US$ 110,19 por volta das 16h19. Na semana, o WTI teve recuo de quase 9%, sua primeira perda semanal desde abril.

O petróleo Brent, negociado em Londres e referência global de preços, recuava  5,16%, para US$ 113,63. Na semana, o Brent tropeçou mais de 7%, também na sua primeira queda semanal em dois meses.

O WTI disparou no início desta semana até o maior valor em três meses, a US$ 123,18, seu patamar mais alto desde a corrida até a fronteira dos US$ 130 em março, logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia. O Brent atingiu US$ 125,16 após o pico de março, que foi em si o valor mais elevado em 14 anos.

Embora a invasão da Ucrânia e as subsequentes sanções do Ocidente contra a Rússia, grande exportadora de energia, definitivamente tenham agravado as limitações do fornecimento global de petróleo, o rali deste ano da commodity estava além da capacidade de custeio de muitos países consumidores pobres, segundo os analistas.

Nos Estados Unidos, a melhor medida do ônus do rali sobre o público está na bomba de gasolina, que ultrapassou US$ 5 por galão pela primeira vez desde a semana passada. Muitas bombas nos EUA, especialmente as dos estados da Costa Oeste, como a Califórnia, vendiam o combustível perto de US$ 6 por galão, disse a American Automobile Association. O diesel estava ainda mais alto na Califórnia, superando os US$ 7 por galão.

"É loucura, o que os touros estão fazendo", disse John Kilduff, sócio do fundo de hedge de energia Again Capital, de Nova York. 

"Sei que temos um déficit global no petróleo, mas sejamos francos, quanto mais querem que os consumidores paguem?" Kilduff disse. "Há um limite para a empolgação com o aperto no abastecimento. Tenho certeza de que vamos ouvir gritos de "sobrevendido" vindo do outro lado depois disso e podemos ter um salto de alguns dólares ou mais depois do fim de semana. Mas este é um excelente lembrete de que ainda existem mentes sãs no mercado, examinando todos os dados macroeconômicos que estão saindo e reagindo de forma apropriada".

Nesse "outro lado" está o analista chefe de commodities do Goldman Sachs, Jeff Currie, que se destacou como o principal entusiasta do petróleo em Wall Street, defendendo preços brutos ainda mais altos antes que qualquer destruição da demanda de verdade pudesse acontecer.

Outros touros do petróleo também se mostravam imperturbáveis pelo selloff de sexta-feira. 

"A menos que a economia derreta totalmente, essas quedas nos preços devem ser oportunidades para se colocar posições bullish de longo prazo", afirmou Phil Flynn, analista do Price Futures Group, de Chicago, que apontou que a procura por petróleo durante a maioria das recessões não diminuiu mais que 2%. 

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