Por Peter Nurse
Investing.com – Os preços do petróleo registravam firme queda nesta sexta-feira, atingindo seu menor patamar desde o início do ano, devido à alta do dólar e ao aumento dos temores de uma recessão, o que poderia prejudicar a demanda global.
Às 11h10 (horário de Brasília), o petróleo norte-americano cedia 5,37%, a US$ 79,05 por barril, enquanto o petróleo Brent se desvalorizava 4,76%, a US$ 86,19 por barril, no mercado futuro.
As duas referências do petróleo acumulam perdas de 5,1% e 3,7% respectivamente na semana, podendo registrar a quarta desvalorização semanal seguida.
O mercado foi duramente impactado pelo agressivo aperto monetário de vários bancos centrais, com destaque para o Federal Reserve dos EUA, na tentativa de controlar a inflação em níveis históricos.
As autoridades do Fed deixaram claro que estavam preparadas para tolerar uma recessão nos EUA, a fim de conter a disparada dos preços, e essa visão também parece ser compartilhada pelo Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra.
O que estava aumentando as dificuldades do mercado petrolífero era a valorização da moeda americana, com o índice dólar alcançando seu maior patamar em duas décadas, o que torna a commodity mais cara para detentores de outras divisas.
“Diante da expectativa de um aperto maior da política monetária nos próximos meses, os mercados de commodities devem enfrentar ventos contrários mais intensos”, disseram em nota analistas do ING. “A dominância do dólar neste momento só aumenta os obstáculos”.
Esses fatores ofuscaram as preocupações com a escalada da guerra na Ucrânia pela Rússia, que anunciou a maior mobilização de forças desde a Segunda Guerra mundial, o que poderia limitar ainda mais a oferta de um grande país exportador de petróleo.
A expectativa é que os estados membros da UE se reúnam no fim de semana para discutir o tabelamento do petróleo da Rússia, na tentativa de chegar a um acordo preliminar no início de outubro, antes da reunião dos líderes da UE.
“Fazer com que todos os membros entrem em um acordo em torno do teto de preços pode ser difícil, assim como ocorreu na proibição ao petróleo russo pela UE, a qual incluiu apenas o comércio marítimo”, acrescentou o ING. “Os membros da UE devem chegar a uma decisão final até 5 de dezembro, que é quando a proibição ao petróleo da Rússia por vias marítimas entra em vigor na região”.
Além disso, a ameaça de que a Opep e seus aliados podem cortar a produção quando se reunirem no início de outubro, após realizarem um corte simbólico em sua meta de produção petrolífera de 100.000 barris por dia na reunião anterior, está tendo pouco impacto.
O bloco já está produzindo mais de 3,5 milhões de barris por dia abaixo das suas cotas oficiais.
O número de sondas da Baker Hughes e os dados de posicionamento da CFTC encerram a semana.