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Petróleo cai quase 10% em 4 semanas; avanço da Covid pode aprofundar perdas?

Publicado 21.11.2021, 09:00
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Por Barani Krishnan

Investing.com - Após desaparecer por cerca de seis meses, novas ameaças de picos globais de Covid-19 estão de volta às manchetes. A questão é: qual será seu impacto sobre os preços do petróleo dessa vez? Ou melhor, o que a OPEP+ fará em resposta?

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Para a maior parte dos touros do petróleo, até discutir o impacto da Covid sobre a demanda pela commodity é em vão. Para eles, a pandemia é somente uma desculpa dos vendidos em short para matar o rali do petróleo, no qual, insistem, estar num mercado bullish estrutural plurianual, resultante do subinvestimento e da demanda crescente, que não podem ser corrigidos com facilidade.

Colocando em perspectiva, o número de pessoas no circuito dos longs do petróleo que acreditam no que é divulgado pelos meios de comunicação sobre o vírus é provavelmente igual ao número entre os rivais do presidente Joe Biden que acreditam que ele venceu as eleições de forma justa.

Cada ponto de dados sobre a propagação da infecção, impacto e mitigação é recebido com graus variados de descrença, desprezo e refutamento por este grupo, que está particularmente irritado com a forma como a cobertura da mídia sobre o vírus acelerou a perda de 6% do petróleo desta semana.

Mas a resposta da OPEP+ à questão será completamente diferente.

Não obstante a queda de 11% em relação às máximas do ano, a aliança dos produtores mundiais de petróleo vai se sentir um pouco vingada pela nova disparada de casos da Covid, porque é exatamente isso que ela tem advertido há meses - ou melhor, a "desculpa" que tem usado para não fazer adições significas de barris no mercado.

Apesar de ter sido pressionada desde junho pelos Estados Unidos e outros países consumidores para liberar mais dos 5 milhões de barris diários de fornecimento que ainda retém do mercado como parte dos cortes da era da pandemia, a Opep+ recusava a ceder.

Ela argumentou que o mercado tinha um fornecimento adequado - entre medos do oposto que levaram os preços da commodity para os níveis mais altos em sete anos e jogaram a inflação a níveis extremamente altos nos quatro maiores países consumidores - EUA, China, India e Japão.

Esses mesmos quatro países tinham preparado um plano nas últimas semanas, liderados pelos EUA, para liberar parte das suas próprias reservas brutas a fim de forçar uma baixa do mercado, em desafio ao grupo de 23 nações na OPEP, que inclui o bloco original de 13 membros do cartel, liderados pela Arábia Saudita, além de 10 outros países produtores de petróleo, capitaneados pela Rússia.

O plano de liberação de reservas foi anunciado no início desta semana, quebrando o suporte de US$ 80 do petróleo bruto. Mas antes da poeira abaixar nessa questão, as manchetes da Europa anunciavam que a Áustria havia entrado num lockdown preventivo para conter o crescimento da Covid e que a Alemanha estava considerando fazer algo semelhante. Houve relatos de mais países europeus considerando restrições sociais mais rigorosas, em meio a uma parada contínua da Austrália e aumento de casos também nos EUA. Os ursos de petróleo se agarraram às notícias, forçando a commodity aos níveis de US$ 75.

O mundo agora aguarda a reação da OPEP+. A aliança se reúne em menos de duas semanas, no dia 2 de dezembro. Já há grande expectativa que o cartel irá anunciar uma série de contra-ataques a fim de impedir que os preços desmoronem ainda mais.

Na verdade, mesmo antes da guinada de baixa desta semana, o cartel havia alertado em seu relatório mensal para o fato de que esperava uma demanda mais baixa por petróleo bruto no quarto trimestre. A Agência Internacional de Energia, sediada em Paris, que protege os consumidores de petróleo, havia concordado com essa perspectiva, acrescentando que a produção de petróleo dos EUA provavelmente seria maior, assim como nos próximos trimestres. Profética ou não, aqueles primeiros alertas lançaram as bases para o que a OPEP+ provavelmente anunciará nas próximas semanas.

A primeira ação esperada do cartel é congelar o aumento de 400.000 barris por dia que tinha prometido desde o início do segundo semestre - uma oferta que, de qualquer forma, mal tinha cumprido. Em seguida, a OPEP poderá aprofundar os cortes na produção, dependendo da gravidade da próxima onda da pandemia. Estas iniciativas poderiam restaurar uma parte significativa dos cerca de US$ 10 que o petróleo perdeu em relação a suas máximas de meados de outubro.

Mas os preços também podem cair ainda mais antes de subirem, como observou Jeffrey Halley, chefe de pesquisa da Ásia-Pacífico da corretora OANDA, que nos lembrou recentemente da pérola de sabedoria muitas vezes esquecida de que os mercados podem ficar irracionais por mais tempo que os investidores conseguem ficar solventes. Já que o petróleo abriu uma tendência descendente nas últimas quatro semanas, ela poderia continuar.

Os ministros do petróleo da OPEP+ também sabem isso, com a expectativa de que vozes importantes, como Abdulaziz bin Salman, da Arábia Saudita, e Suhail al-Mazrouei, dos Emirados Árabes Unidos, façam anúncios sombrios antes da reunião de 2 de dezembro para tentarem posicionar o mercado a seu favor.

Ainda assim, não há nada como a combinação de demanda crescente e produção restrita para aumentar os preços do petróleo. E essa demanda parece questionável a curto prazo se mais países entrarem em lockdown, pois tal situação poderia desacelerar o retorno ao trabalho e a recuperação da aviação, que, juntas, são responsáveis pela demanda por gasolina, diesel e combustível para motores a jato.

Além disso, a ameaça do chamado "cartel dos consumidores" do petróleo, de utilizarem suas reservas para combater a OPEP+, provavelmente continuará, impondo um limite a qualquer rali. Poucos levam a ameaça a sério. Ainda menos acreditam que a ideia terá um impactos significativo nos preços, e muito menos que será materializada. De maneira estranha, apesar do pessimismo e desprezo jogados sobre o plano, os preços brutos recuaram 4% em função apenas disso esta semana, sendo que a ameaça existencial provavelmente terá importância de alguma forma daqui em diante.

Por enquanto, os longs do petróleo ainda podem contar com o forte consumo semanal de estoques de petróleo, reservas de gasolina e inventários de destilados dos EUA. Estes ajudaram a manter o impulso ascendente do petróleo durante meses.

Mas o tempo frio do ciclo de inverno dos EUA também precisa começar logo se o mercado vai se beneficiar da calefação relacionada a energia para suplementar a potencial queda nos combustíveis do transporte caso os surtos de Covid se tornem severos.

"Parece que a música parou por enquanto para os touros do petróleo", afirmou John Kilduff, sócio fundador do fundo de cobertura Again Capital. "Se o clima decepcionar por qualquer motivo, espere um pico de US$ 70, ou a parte inferior dos US$ 60 sendo provável se os casos de Covid piorarem".

Resumo dos preços do petróleo

O contrato de um mês do petróleo WTI, referência norte-americana da commodity, para janeiro fechou em queda de US$ 2,91, ou 3,2%, a US$ 75,94 por barril.

Durante a semana, o WTI caiu 5,8%, trazendo suas perdas combinadas ao longo das últimas quatro semanas para 9,3%, após um rali de 18% em nove semanas consecutivas. Em meados de outubro, o benchmark bruto norte-americano era negociado a uma máxima de sete anos de US$ 85,41. Apesar da queda da semana passada, o WTI continua apresentando alta de 57% no ano.

No caso do petróleo Brent, negociado em Londres, seu contrato de janeiro fechou em queda de US$ 2,35, ou 2,9%, a US$ 78,89 por barril.

Durante a semana, a referência global de preços da commodity caiu 4%, trazendo suas perdas combinadas ao longo das últimas quatro semanas para 8%, após um rali de 18% em sete semanas consecutivas. Em meados de outubro, o Brent era negociado a uma máxima de sete anos de US$ 86,70. Apesar da queda da última semana, ele se mantém em alta de 57% no ano.

Resumo do mercado e dos preços do ouro

O ouro registou a sua primeira perda semanal em três semanas, mas os defensores do metal se mantiveram de forma desafiadora no nível dos US$ 1.850 enquanto o pregão de sexta-feira se aproximava do fim - apesar de uma ruptura abaixo do nível psicológico crítico mais cedo.

O ouro só fechou em alta um dia desta semana, com os outros quatro dias no vermelho sendo um sinal de que o rali iniciado na penúltima semana de outubro tinha atingido o ponto de exaustão.

No entanto, com a luta do grupo dos longs para manter o preço à vista do metal, além dos futuros de um mês da COMEX, negociados em Nova Iorque, perto do nível de US$ 1.850, parecia haver alguma chance de que o metal dourado se recupere na semana que vem.

"O ouro está preso numa formação alargada e isso deve continuar em função da semana curta de negociações à frente", afirmou Ed Moya, analista da plataforma de negociação online OANDA.

"A inflação e as falas do Fed são o principal catalisador para o ouro e, neste momento, os investidores precisarão ver o que acontece nas próximas duas semanas antes de terem uma forte convicção sobre a avaliação do que o Fed fará quanto às taxas de juros", acrescentou Moya.

O contrato mais ativo dos futuros de ouro dos EUA para dezembro fechou o pregão de sexta-feira em baixa de US$ 9,80, ou 0,5%, a US$ 1.851,60 por onça. Mais cedo, ele atingiu uma mínima no pregão de US$ 1.843,60, e apresentava queda de quase 1% na semana.

Apesar das oscilações abaixo dos US$ 1.850 essa semana, o ouro de dezembro também atingiu uma máxima em 5 semanas de quase US$ 1.880, consolidando a confiança dos touros do mercado que o metal ainda poderia chegar a US$ 1.900 nos próximos dias e semanas como consequência da inflação dos EUA.

O ouro sempre foi considerado uma proteção contra a inflação. Mas ele não fez jus a essa fama no início desse ano, já que a intensa especulação quanto ao Federal Reserve ser forçado a elevar as taxas de juros antes do esperado causou um rali nos rendimentos do Tesouro e no dólar, às custas do ouro.

Essa tendência desabou em parte depois de o presidente do Fed, Jerome Powell, ter assegurado no início desse mês que o banco central será paciente com a subida das taxas, que só deverão ocorrer no segundo semestre do ano que vem.

O Departamento do Trabalho anunciou semana passada que o Índice de Preço ao Consumidor dos EUA, que representa uma cesta dos produtos desde gasolina e saúde a alimentos e aluguel, subiu 6,2% no período de 12 meses até outubro. Foi o maior crescimento do IPC desde novembro de 1990, uma aceleração motivada principalmente pelos preços dos combustíveis nas bombas, que estão no patamar mais alto em sete anos.

Desde então, a nota de 10 anos do Tesouro dos EUA, um indicador chave das taxas de juros reais, atingiu valores máximas de três semanas acima de 1,6% e o índice do dólar atingiu um pico de 16 meses, acima de 96. Normalmente, essa combinação teria sido fatal para ouro. Mas desta vez, o metal tem sobrevivido no geral a essas ameaças.

Isenção de responsabilidade: Barani Krishnan não possui posição nas commodities e valores mobiliários sobre as quais escreve.

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