Produção de etanol do centro-sul cresce mais que açúcar na 1ª quinzena, diz Unica

Por Gabriel Araujo e Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A produção de etanol do centro-sul do Brasil na primeira quinzena de outubro cresceu algo perto de 30% em relação ao mesmo do ano passado, um salto maior do que o verificado na fabricação de açúcar, com o "mix" de destinação de cana voltando a ficar mais "alcooleiro" enquanto o biocombustível vem apresentando mais competitividade que a gasolina, apontaram dados da associação do setor Unica nesta quarta-feira.

Já produção de açúcar do centro-sul do Brasil cresceu 22% na primeira quinzena de outubro em comparação com o mesmo período do ano anterior, totalizando 2,25 milhões de toneladas, mostraram dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).    A Unica informou em relatório que a moagem somou 32,77 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, um aumento de 17,6% ante igual período do ano anterior, enquanto no acumulado da safra o avanço é de 15%, para 526 milhões de toneladas, em meio a um forte aumento nas produtividades dos canaviais na safra 2023/24.

A produção total de etanol na região na última quinzena somou 1,77 bilhão de litros, informou a Unica, 27,8% acima dos níveis registrados no mesmo período de 2022, com o "mix" para etanol crescendo ante a quinzena anterior para 51,88%, enquanto o açúcar caiu para 48,12%.

Isso ocorreu após usinas destinarem o maior percentual da safra de cana para a produção do adoçante nas últimas duas quinzenas (51,1%), uma vez que usinas têm tirado proveito nesta safra da maior rentabilidade do açúcar.

As principais métricas quinzenais do setor superaram as expectativas do mercado. Analistas consultados pela S&P Global Commodity Insights previam que a produção de açúcar atingiria 2,21 milhões de toneladas, a moagem, 31,66 milhões de toneladas, e a produção de etanol, 1,66 bilhão de litros.

No entanto, os volumes ficaram abaixo dos números expressivos observados na segunda quinzena de setembro, quando o tempo seco permitiu um ritmo intenso de colheita e processamento.

Isso já era esperado devido ao clima desfavorável no principal cinturão de cana-de-açúcar do Brasil no início de outubro, disse a S&P Global Commodity Insights, observando que um trader estimou perda de cinco dias em média de moagem devido a fortes chuvas no período.

VENDAS

Segundo dados da Unica, na primeira quinzena de outubro, as vendas de etanol pelas unidades produtoras totalizaram 1,26 bilhão de litros, o que representa aumento de 4,63% em relação ao mesmo período da safra 22/23, o que mostra competitividade do álcool hidratado frente à gasolina, algo que pode ter sido reforçado após a Petrobras (BVMF:PETR4) ter reduzido o combustível fóssil na semana passada.

"Dados de preços de revenda publicados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para semana que se encerrou em 21/10 indicam que, nas cidades correspondentes a 75% do consumo nacional de combustíveis, o etanol hidratado tem apresentado paridades atrativas", destacou a Unica em relatório.

As vendas totais de etanol foram impulsionadas pela comercialização do combustível hidratado, com 825,72 milhões de litros, crescimento de 13,27%, enquanto o volume comercializado de anidro (misturado à gasolina) no período foi de 438,05 milhões de litros, queda de 8,52%.