SÃO PAULO (Reuters) - A produção de ração animal do Brasil deverá crescer cerca de 2,3% neste ano, estimou nesta segunda-feira o Sindirações, sindicato que representa a indústria do setor, ao pontuar uma desaceleração após a alta de 5% ocorrida em 2020, quando a produção atingiu 81,5 milhões de toneladas.
"A expectativa para 2021... é bem mais cautelosa", afirmou em nota o sindicato, que vê a produção total em 83,4 milhões de toneladas. "O Sindirações não descarta a possibilidade de uma guinada na produção, assim como ocorreu em 2020, mas com projeção de crescimento mais conservadora (até o momento)", acrescentou.
Dentre os fatores que motivaram uma projeção mais modesta para a produção deste ano, a entidade citou o cenário macroeconômico, a desvalorização do real, o alto preço do milho e da soja e a disputa por matéria-prima -- visto que os grãos são utilizados na ração animal e alimentação humana, produção de etanol, biodiesel e exportações.
O sindicato ainda destacou que desemprego e redução da renda das famílias, combinados ao avanço da pandemia da Covid-19, "eliminam a convicção otimista da rápida recuperação econômica e devem reduzir o desempenho registrado no ano passado".
A indústria de rações está relacionada à produção de carnes e, embora as exportações de proteína animal estejam com demanda aquecida, cerca de 70% das carnes processadas no Brasil ficam no mercado interno.
"A firme demanda atual por alimentos, principalmente da China, e as hipotéticas adversidades climáticas --no Brasil, Argentina e Estados Unidos-- podem ser capazes de manter os preços nesses patamares elevados por um bom tempo", disse o sindicato sobre fundamentos de alta para as cotações dos grãos.
No segmento de frangos de corte, o Sindirações afirmou que o elevado patamar de preços do milho e farelo de soja demonstra resiliência e pode limitar em 1% o avanço da demanda por rações ao longo de 2021, para 34,6 milhões de toneladas.
Ao todo, a área de aves pode crescer 1,2%, para 41,8 milhões de toneladas. A fabricação de rações para suínos está estimada em alta de 3%, para 19,3 milhões, enquanto o alimento para bovinos avançará em 3,2%, para 12,3 milhões de toneladas.
(Por Nayara Figueiredo)