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SPE reconhece riscos de crise hídrica e pandemia mas ainda vê expansão acima de 2% em 2022

Publicado 22.09.2021, 10:39
© Reuters. Sede do Ministério da Economia em Brasília
03/01/2019. 
REUTERS/Adriano Machado

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) - A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia reconheceu nesta quarta-feira que a crise hídrica e a pandemia de Covid-19 representam riscos para a atividade brasileira, mas disse que a ausência de piora desses fatores justifica projeção de crescimento acima de 2% em 2022.

O resultado também está vinculado, segundo nota informativa da SPE, à continuidade do processo de consolidação fiscal e reformas pró-mercado.

Várias instituições financeiras importantes têm revisado para baixo suas expectativas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no ano que vem, com algumas prevendo expansão inferior a 1% em meio aos riscos representados pela escassez nos reservatórios de água, pressão inflacionária e juros mais altos.

Segundo a SPE, essas estimativas mais pessimistas esperam queda significativa do PIB em algum trimestre em 2022 ou uma nova recessão no próximo ano, "fatos esses difíceis de justificar com base no cenário fiscal atual e na ausência de uma crise hídrica ou de uma piora na pandemia".

"Riscos existem, notadamente o risco hidrológico e a pandemia, mas na ausência de piora destes fatores e continuando com o processo de consolidação fiscal e reformas pró-mercado os indicadores atuais nos levam a concluir, com o conjunto de informações atualmente disponível, por um crescimento do PIB acima de 2% em 2022", afirmou a nota.

Na semana passada, a SPE manteve projeção que havia traçado em julho de crescimento do PIB de 5,3% em 2021 e de 2,5% em 2022.

De acordo com a nota, "o processo de consolidação das finanças públicas teve seu curso mantido, e permanece o aspecto central da política econômica atual, que é a reestruturação da economia por reformas gerais ou medidas mais focalizadas pró-mercado".

A saúde das contas públicas domésticas tem sido fator persistente de preocupação para os mercados financeiros, com a salgada conta de precatórios para 2022 e o esforço do governo para financiar um novo auxílio à população levantando dúvidas sobre a capacidade da União de respeitar seu teto de gastos, à medida que o Congresso e o Ministério da Economia buscam uma solução.

Nesse ínterim, o texto da reforma administrativa segue enfrentando resistências na Câmara dos Deputados, enquanto a taxação sobre lucros e dividendos prevista na reforma do Imposto de Renda aprovada pela Casa no início do mês desagradou boa parte dos mercados financeiros.

Em relação ao mercado de trabalho, a SPE disse que a taxa de participação na força de trabalho e o nível de ocupação devem aumentar como consequência da reabertura econômica, impulsionada pela vacinação da população.

© Reuters. Sede do Ministério da Economia em Brasília
03/01/2019. 
REUTERS/Adriano Machado

"Historicamente, a taxa de participação da força de trabalho é de 61,4%. Com a pandemia e a redução da força de trabalho, essa razão chegou abaixo de 55%. Atualmente, com o aumento do número de pessoas no mercado de trabalho, a razão é de 57,7%", afirmou a nota.

A SPE também destacou que houve aumento de 2,8 pontos percentuais no nível de ocupação ante as mínimas de agosto de 2020, de 48,5%.

Segundo a secretaria, além de beneficiar o mercado de trabalho, a vacinação em massa também deve dinamizar o setor de serviços, enquanto o investimento privado continua crescendo a uma taxa elevada, com o acumulado em quatro trimestres mostrando elevação de quase 11%.

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