Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana-de-açúcar e a produção de açúcar na próxima temporada 2024/25 do centro-sul do Brasil tendem a atingir novos recordes, com um aumento de 6% na área colhida e uma maior destinação da matéria-prima para a produção do adoçante, estimou a consultoria StoneX, em sua primeira projeção para o ciclo que começa em abril do ano que vem.
A moagem no centro-sul foi estimada em 629,3 milhões de toneladas, podendo representar aumento anual de 0,9%, renovando os recordes do setor que devem ser superados já na safra corrente, cujo volume foi revisado para cima a 623,6 milhões de toneladas.
Os volumes são projetados apesar de uma esperada redução na produtividade média dos canaviais, após patamares históricos de 92,8 toneladas/hectare no acumulado do ciclo 2023/24 até agosto.
"Caso a tendência de chuvas se concretize, é provável que a produtividade dos canaviais se mantenha em patamares elevados, porém registrando uma leve redução sobre o valor estimado para o ciclo corrente", disse a StoneX em relatório divulgado nesta sexta-feira, lembrando que em 2023 a região centro-sul colhe um canavial mais jovem e mais produtivo.
Por outro lado, a área canavieira deve observar recuperação em 2024/25.
"Com os atrasos de 2022/23 e a alta produtividade dos canaviais na safra atual, as usinas terão de colher parte das lavouras na próxima temporada. Além disso, a conjuntura para o setor sucroenergético se mostra favorável para a ampliação dos investimentos na produção", disse a consultoria, estimando crescimento anual de 6,0% na área de colheita, para 7,78 milhões de hectares.
De outro lado, em meio à expectativa de um quadro climático mais próximo da normalidade, os canaviais devem passar, em 2024, por um inverno e um outono mais típicos da região, com menores volumes de chuvas e temperaturas mais baixas em relação a 2023, o que deve aumentar a concentração de açúcares na cana, que cresceria 0,6%, para totalizando 138,5 kg/tonelada.
O mix produtivo, assim como no ciclo atual, deve continuar favorecendo a produção de açúcar, uma vez que o mercado global do adoçante segue registrando quebra na produção de importantes países, fornecendo assim um suporte altista para os preços da commodity.
Assim, a StoneX estima que 49,5% da biomassa processada deverá ser destinada à produção de açúcar, contra 48,8% na safra atual.
Isso permitirá que a produção de açúcar do centro-sul em 2024/25 some 41,1 milhões de toneladas, alta anual de 3%.
Com impulso principalmente da produção de etanol de milho, a fabricação total desse combustível em 2024/25 (de cana e milho) foi estimada em 32,3 bilhões de litros, ligeira alta ante os 31,8 bilhões de 2022/23.
Considerando apenas a produção de etanol de milho, o crescimento anual esperado é de 8,3%, totalizando 6,5 bilhões de litros.
Balanço global
O mercado global de açúcar em 2023/24 (outubro/setembro) deverá ter um ligeiro déficit de 200 mil toneladas, versus superávit de 300 mil toneladas previsto em julho, segundo dados da StoneX, que apontam que o centro-sul do Brasil não será capaz de compensar quedas de produção em países como a Índia e Tailândia.
"A potencial ausência da Índia das exportações em 2023/24 (out-set), país cujas estimativas produtivas são cada vez mais pessimistas, somada a menor oferta na Tailândia, são fatores que já são precificados no curto prazo pelo mercado, que já começa a trabalhar com um balanço praticamente equilibrado entre oferta e demanda no próximo ciclo", disse a StoneX.
O déficit para 2023/24 é previsto após um superávit global de 1,3 milhão de toneladas em 2022/23, "quase inteiramente trazido pela abundante produção no Brasil".
(Por Roberto Samora)