Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - A Suzano Papel e Celulose (SA:SUZB5) acredita que o preço da celulose de fibra longa ainda tem espaço para cair de 20 a 30 dólares a tonelada por conta da abundância da oferta, o que pode ser um elemento de pressão para a empresa na Ásia, onde compradores chineses buscam redução do preço da fibra curta produzida pela companhia, feita a partir do eucalipto.
Contudo, a Suzano espera que reduções de oferta do insumo por conta de paradas programadas e não programadas deem força à empresa em negociações com os chineses na semana que vem. "Não vai ser uma conversa fácil, mas entendemos que nossa posição ficou fortalecida", disse o diretor executivo da unidade de negócios de papel e celulose da empresa, Carlos Aníbal Jr., em reunião com analistas e investidores.
O executivo citou paradas de produção na Indonésia, na China e inclusive no Brasil, como a da Cenibra, em Minas Gerais, pelo desastre ambiental causado pela mineradora Samarco. Também contribuiu, segundo ele, a antecipação da manutenção da linha 1 da fábrica da Suzano em Mucuri (BA), diante da seca que reduziu a vazão do rio que abastece a unidade, mas cuja produção já foi retomada.
Na avaliação de Aníbal, esses eventos vão tirar do mercado de 150 mil a 200 mil toneladas de celulose no quarto trimestre. Ele disse acreditar que o mercado de celulose de eucalipto está balanceado, com estoques baixos, e suporta os preços que a empresa tem hoje.
Em seu aumento de preços, com validade a partir de setembro, a Suzano anunciou o valor de 720 dólares a tonelada do insumo de fibra curta para a Ásia.
A empresa não fechou negócios na China em outubro, tendo decidido não fazer concessões de preços. "Se os chineses perceberem que têm como compensar e passar mais um mês sem comprar nossa celulose, talvez tenhamos que tomar uma decisão, flexibilizar e achar um ponto de equilíbrio entre o que tínhamos e os que eles têm de alguns concorrentes", afirmou à Reuters.
A defasagem de preço entre os dois mercados também pode incitar uma utilização maior da fibra longa pela indústria na região, segundo ele. No terceiro trimestre, 47 por cento das vendas de celulose da Suzano foram direcionadas para a Ásia.
Em outubro, a rival de maior porte, Fibria (SA:FIBR3), havia dito que enfrentava resistência de alguns compradores chineses para implementar aumento de preço do insumo anunciado em agosto e com validade a partir de setembro e citou movimento "de alguns compradores" para derrubar o preço.