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Recuperado, Bolsonaro defende voto impresso, Pazuello e mais um remédio contra Covid-19

Publicado 18.07.2021, 13:00
© Reuters. 18/07/2021
REUTERS/Amanda Perobelli

Por Alexandre Caverni

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender neste domingo o que chama de voto impresso auditável, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e pediu estudos sobre mais um medicamento para combater a Covid-19.

Ao deixar o hospital em que estava internado desde quarta-feira em São Paulo devido a uma obstrução intestinal, Bolsonaro deu uma entrevista coletiva e disparou várias críticas e defesas.

"Vou pegar o Queiroga amanhã, vou conversar com ele, a questão da Covid-19", disse Bolsonaro, referindo-se ao atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

O presidente, um entusiasta defensor da cloroquina para combater a Covid-19, apesar de não haver comprovação científica da eficácia do medicamento contra a doença, disse agora que vai pedir que seja feito um estudo com a proxalutamida, usado em tratamentos contra câncer de próstata, com o mesmo objetivo.

Questionado sobre as últimas denúncias envolvendo Pazuello, Bolsonaro disse que Brasília é "o paraíso dos lobistas" e elogiou o trabalho do ex-ministro, assim como do seu então secretário-executivo, Elcio Franco.

Reportagem da Folha de S.Paulo na sexta-feira relata uma suposta negociação de Pazuello com intermediários para a compra de doses da vacina contra Covid-19 CoronaVac por três vezes o preço que o Instituto Butantan cobrava do ministério para o mesmo imunizante. O ex-ministro negou qualquer negociação, afirmando que apenas cumprimentou empresários no ministério, mas que a compra não avançou.

"Se eu estivesse na Saúde eu teria apertado a mão daqueles caras todos", disse Bolsonaro, argumentando que Pazuello estava sem paletó e não estava à mesa em um vídeo divulgado, o que mostraria que não houve negociação alguma com a participação do então ministro.

"Não tem como você fraudar no nosso governo", garantiu.

"Lá em Brasília não falta gente para vender lote na Lua, acredita quem quiser, e lamentavelmente a imprensa, grande parte da imprensa, adota o caminho de simplesmente denunciar, denunciar não, divulgar aquilo que nós não fizemos", disse o presidente.

"Eu sempre determinei para o Ministério da Saúde, comprar vacina, duas condições: passar pela Anvisa e só pagar depois que chegar", afirmou Bolsonaro.

Apesar de ter dito, de fato, que só compraria vacinas depois do registro na Anvisa, essa é a primeira vez que Bolsonaro cita a suposta necessidade de “pagar depois que chegar”.

“Nosso governo não gastou um centavo com picareta, nenhum. Parabéns Pazuello, parabéns coronel Elcio."

No caso da vacina indiana Covaxin, o governo acertou a compra mesmo sem aprovação da Anvisa --que só concedeu autorização de uso emergencial meses depois e mesmo assim restrita. Além disso, documentos mostram que a primeira versão do contrato com a intermediária Precisa previa o pagamento antecipado de parte das doses.

FAKENEWS

Bolsonaro voltou a defender o que chama de voto impresso auditável, repetindo críticas ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, dizendo ainda que a apuração da votação tem que ser pública.

Argumentando em favor da liberdade de expressão, o presidente criticou investigações sobre atos antidemocráticos e fakenews.

"Não dá pra gente conviver num país democrático com pessoas sendo presas e processadas por fakenews e atos antidemocráticos", disse.

"Eu respeito integralmente a Constituição... tem gente sendo processada porque levantou faixinha com o artigo 142... eu respeito o artigo 1º da Constituição, o artigo 2º, o 10º, o 100º e o 142 também, isso é crime?"

"Eu jurei respeitar a Constituição... algumas outras autoridades do Brasil não respeitam, a Constituição é ele, vale o que ele interpreta", reclamou Bolsonaro. Uma das atribuições mais importantes dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) é justamente interpretar e dar um entendimento à Constituição, quando há disputas sobre pontos dela.

O artigo 142 da Constituição diz que as Forças Armadas "são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem".

De maneira recorrente, algumas pessoas defendem a interpretação, errada, de que, com base neste artigo, as Forças Armadas funcionariam como um Poder Moderador.

Questionado se a reunião que ocorreria na quarta-feira passada com os presidentes do STF, Luiz Fux, do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), seria retomada, Bolsonaro disse acreditar que sim, mas ressalvou que, como ele escolhe seus próprios ministros, é o único dos chefes dos Poderes que não têm problemas.

© Reuters. 18/07/2021
REUTERS/Amanda Perobelli

"Com toda certeza... não tem nada de anormal essas reuniões nossas, é acertar alguma coisa, trocar uma ideia", disse.

"O único chefe que não tem problema sou eu, porque eu tenho ministros que eu nomeio. O ministro Fux tem o Supremo ali que alguns pensam diferente dele, o Lira e o Pacheco também, mas nós vamos cada vez mais nos acertando."

A reunião de quarta, desmarcada devido ao problema de saúde de Bolsonaro, foi marcada depois que o presidente chegou a colocar em dúvida a realização das eleições marcadas para 2022.

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