Por meio da Fidelity Investment, milhões de cidadãos dos Estados Unidos poderão ter acesso a investimentos em Bitcoin (BTC) nas suas aposentadorias. Contudo, a ideia mal foi lançada e já enfrenta forte resistência de órgãos do governo estadunidense.
Após anunciar que irá permitir a inclusão de BTC em suas contas de aposentadoria – 401(k) – a gestora recebeu críticas do Departamento do Trabalho dos EUA. O órgão equivale ao Ministério do Trabalho e é responsável por regulamentar os planos de aposentadoria administrados pela gestora.
De acordo com o The Wall Street Journal, a medida enfrenta forte oposição dentro do departamento. Ali Khawar, secretário assistente interino de aposentadorias, alertou sobre a “natureza especulativa das criptomoedas.
E lembrou que a Fidelity, que administra contas de aposentadoria para 23.000 empresas, tem uma enorme responsabilidade. “Temos sérias preocupações com o que a Fidelity fez”, disse o executivo.
Especulação e medo de perdas
Khawar destacou a natureza especulativa da criptomoeda e o hype em torno do medo de perder como razões para seu departamento estar preocupado com a mudança. Há o temor de que essas características impactem os rendimentos e até o futuro das aposentadorias.
A Fidelity limita as participações em BTC em 20% do valor da conta. Mas nem isso foi suficiente para acalmar as apreensões do Departamento do Trabalho. Khawar alerta que muitos aposentados colocam a poupança de uma vida nos planos 401 (k) e não possuem recursos extras.
“Para o americano médio, a necessidade de poupança para a aposentadoria na velhice é significativa. Não estamos falando de milionários e bilionários que têm muitos outros ativos para sacar”, disse.
Nesse sentido, se o BTC cair de preço ou eventualmente fracassar, o Departamento teme que milhares de pessoas sofram prejuízos. O executivo recomendou cautela e classificou a ação da Fidelity como “precipitada”.
O dilema dos planos de aposentadoria
A rentabilidade dos planos de aposentadoria tem vivido um grande dilema, sobretudo nos países desenvolvidos. Como são produtos de longo prazo e com foco na aposentadoria, os gestores tendem a investir em produtos considerados mais seguros.
Por exemplo, grande parte desses fundos investe a maior parte de seu capital em títulos de dívida de governos. Outra grande parte vai para ativos de renda fixa. Somente um percentual menor é destinado a ativos de renda variável, considerados mais arriscados.
Todavia, as políticas de juros baixos ou até negativos impostas por bancos centrais pressionaram o rendimento dos títulos. Com juros menores, muitos fundos encontram dificuldade em fechar o ano com rendimento positivo.
Dessa forma, investir parte dos fundos em BTC é uma alternativa para enfrentar a pressão dos juros artificialmente baixos. A Fidelity disse que sua oferta de BTC representa um “compromisso contínuo em evoluir e ampliar suas ofertas de ativos digitais em meio à crescente demanda por ativos digitais em todos os segmentos de investidores”.