CriptoFácil - Em seu processo de recuperação de ativos sob custódia em outras plataformas, a FTX agora tem como alvo outra empresa em processo de falência. De acordo com judiciais arquivados na quarta-feira (3), o alvo da exchange é a plataforma de empréstimos Genesis.
Os documentos apontam que a FTX tenta recuperar empréstimos reembolsados, retirada de liquidez e garantias. No total, a busca pode render até US$ 3,8 bilhões, ou cerca de R$ 20 bilhões com base na cotação atual.
Acusação de má conduta pela FTX
Nos documentos arquivados pelos advogados da FTX, o grupo tenta colocar parte da culpa do colapso da exchange na Genesis. A plataforma, de acordo com os advogados, foi negligente ao permitir que o Grupo FTX escapasse impune em suas operações.
A equipe também afirma que, ao contrário de outros credores da FTX, a Genesis recebeu um amplo reembolso. Por isso, a exchange alega ter direito aos fundos que reclama em sua plataforma.
De fato, a Genesis foi um dos principais fundos que alimentavam o modelo de negócio da FTX. No ano de 2021, a Genesis Global Capital (GGC) tinha mais de US$ 8 bilhões em empréstimos pendentes com a Alameda Research, braço de investimento da FTX.
“As reivindicações de anulação dos devedores da FTX contra a Genesis relacionadas a alguns desses reembolsos representam ações de anulação significativas nos casos do capítulo 11 da FTX.”
Por conta disso, a exchange tenta recuperar US$ 188 milhões de empréstimos reembolsados à Genesis pelo FTX Group. Além disso, os advogados estimam que outros US$ 273 milhões fazem parte de um valor de garantia oferecido pela Alameda.
Ativos retirados em jogo também
No entanto, a parte mais relevante da tentativa de recuperação é o pedido de devolução de fundos que a Genesis já sacou. Essa parte, de acordo com o processo, representa quase 50% do valor total exigido pela plataforma.
Conforme declarado na solicitação da exchange, a Genesis retirou mais de US$ 1,8 bilhão em liquidez da FTX durante o colapso da exchange. Em outras palavras, os advogados da FTX exigem que a Genesis devolva todo o dinheiro, mesmo que ele legalmente pertença à plataforma de empréstimos.
Desse valor, US$ 1,6 bilhão em ativos pertencia à própria Genesis e outros US$ 213 milhões pertenciam à GGC International. Esta empresa é afiliada à Genesis, mas sequer faz parte do caso, o que torna a alegação da FTX ainda mais estranha.
No caso da GGC, caso o juiz conceda ganho de causa para a FTX, isso cria um precedente legal para que outras plataformas exijam esse tipo de devolução. Mesmo que o tribunal negue o pedido, outras plataformas de criptomoedas em situações semelhantes podem se sentir encorajadas a fazer esse tipo de pedido.