Por Yasin Ebrahim
Investing.com – O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) pode cortar os juros em sua próxima reunião na semana que vem, suspendendo o programa de aperto quantitativo, diante da forte queda dos mercados, que sugere que o banco central dos EUA ainda precisa fazer mais para reconquistar a confiança no sistema financeiro, de acordo com a Nomura.
“Em reação aos riscos iminentes à estabilidade financeira, nossa expectativa agora é que o Fed corte juros”, declarou a Nomura em nota aos clientes, de acordo com uma matéria publicada pela Bloomberg.
Também se espera que o Fed “suspenda o aperto quantitativo”, acrescentou a Nomura, apontando que a liquidação do S&P 500 era um sinal de que o banco central americano precisa fazer mais para recuperar a confiança no sistema bancário local.
Após a quebra do Silicon Valley Bank (NASDAQ:SIVB) e do Signature Bank (NASDAQ:SBNY), o governo dos EUA e o Federal Reserve tomaram medidas para resgatar essas instituições problemáticas, concordando em proteger todos os depositantes.
O Fed também lançou um novo programa de financiamento, oferecendo empréstimos com vencimentos de até um ano. As ações americanas fecharam o dia em queda, devido à desvalorização de mais de 3% do setor financeiro, provocada por bancos, como o First Republic (NYSE:FRC).
A previsão de corte de juros do Nomura é bastante ousada, na medida em que 69,4% dos operadores ainda esperam que o Fed eleve os juros em março, com a maioria dos participantes apontando para a inflação aderente.
“Continuamos apostando em mais um aumento de 25 pontos-base (pb) na próxima semana", declarou o banco japonês MUFG, em nota aos clientes, ressaltando que o mais recente relatório de empregos mostra que a inflação permanece forte.
“Há poucas evidências no sentido de que os juros maiores desencadearam uma desaceleração suficiente no crescimento dos empregos, a ponto de deixar o Fed satisfeito com o que já foi feito até agora”, declarou o MUFG.
Outros analistas, enquanto isso, preferem optar por uma postura intermediária, defendendo uma pausa nas elevações das taxas. O Barclays (LON:BARC) e o Goldman Sachs (NYSE:GS) defenderam uma interrupção do aperto, com o último citando o estresse no sistema bancário.
“À luz do estresse no sistema bancário, não esperamos mais que o Fomc [comitê de política monetária dos EUA] aumentará os juros em sua próxima reunião de 22 de março”, afirmou o Goldman em uma nota enviada aos clientes no domingo.
Para alguns, entretanto, a turbulência vivida pelos bancos pode ser temporária, e o principal foco do Fed rapidamente voltará para a inflação.
“Como o Fed está cada vez mais preocupado com a força direcional da inflação, qualquer surpresa de alta provavelmente solidificará a necessidade de o banco continuar elevando as taxas de juros”, declarou o Stifel, antes do relatório de inflação previsto para terça-feira.