IPCA desacelera alta a 0,56% em março mas alimentos disparam mais de 1%

Publicado 11.04.2025, 09:06
Atualizado 11.04.2025, 10:16
© Reuters. Feira no Rio de Janeiron19/03/2020. REUTERS/Ricardo Moraes

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A inflação no Brasil perdeu força em março, mas os preços de alimentos continuaram a pesar no bolso dos consumidores, levando a inflação acumulada em 12 meses a quase 5,5% mesmo diante do aperto monetário realizado pelo Banco Central.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em março, depois de uma alta de 1,31% em fevereiro, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

Apesar da desaceleração, a alta em 12 meses do IPCA até março chegou a 5,48%, de 5,06% no mês anterior. A meta oficial é de 3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os resultados ficaram em linha com as expectativas em pesquisa da Reuters..

A desaceleração se deu por conta do esgotamento da pressão da energia elétrica devido ao fim da incorporação do bônus de Itaipu, que havia influenciado a alta de fevereiro.

Mas o grupo Alimentação e Bebidas segue preocupando, tendo respondido por 45% do índice do mês após acelerar a alta a 1,17% em março, de 0,70% no mês anterior.

As principais altas foram no tomate (22,55%), café moído (8,14%) e ovo de galinha (13,13%), que juntos responderam por um quarto da inflação de março.

“Para o tomate, com o calor dos meses de verão houve uma aceleração na maturação, levando à antecipação da colheita em algumas praças. Sem essas áreas de colheita em março, houve uma redução na oferta, trazendo pressão de alta sobre os preços", disse Fernando Gonçalves, gerente da pesquisa.

Em relação aos ovos, ele afirmou que o aumento reflete o maior custo do milho, base da ração das aves, citando ainda o período de quaresma que eleva a demanda pela proteína.

Segundo o IBGE, o café moído já acumula alta de 77,78% nos últimos 12 meses, “impulsionada pelo aumento do preço no mercado internacional dada a redução de oferta do grão em escala mundial, com a quebra de safra no Vietnã devido a adversidades climáticas, as quais também prejudicaram a produção interna”, disse Gonçalves.

O governo já levantou preocupações com os preços dos alimentos, destacadamente com o do ovo. Tanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já falaram sobre a questão.

De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras de ovos, incluindo produtos frescos e processados, aumentaram 57,5% em fevereiro diante da maior demanda dos Estados Unidos por conta de um surto de gripe aviária que matou quase 170 milhões de galinhas, perus e outras aves desde 2022.

DESACELERAÇÕES

O segundo maior impacto no IPCA de março veio da alta de 0,46% de Transportes, a despeito da desaceleração ante 0,61% em fevereiro.

Já a alta dos custos de Habitação caiu para 0,24% em março, de 4,44% em fevereiro – quando havia sofrido impacto do fim dos descontos nas contas de luz relativos ao bônus de Itaipu. Em março, a energia elétrica residencial passou a subir 0,12%, de 16,80% em fevereiro

A inflação de serviços, por sua vez, passou para 0,62% em março, de 0,82% em fevereiro, acumulando em 12 meses alta de 5,88%. O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, permaneceu em 61% em março.

"Por um lado, continua-se a observar fortes pressões vindas da inflação de alimentos, enquanto a inflação do núcleo e de serviços mantém-se relativamente pressionadas, mas sem indicar fortes tendências de piora. Portanto, não vemos o resultado alterando a condução da política monetária", avaliou André Valério, economista sênior do Inter.

O Banco Central elevou a Selic em 1 ponto percentual no mês passado, a 14,25%, e indicou um ajuste de menor magnitude na reunião de maio.

Os preços podem sofrer ainda o peso das incertezas do cenário externo diante das medidas tarifárias adotadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que vêm abalando a ordem do comércio global e os mercados financeiros.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta semana que irá negociar com os EUA as tarifas impostas ao país até onde for possível e só irá adotar medidas de retaliação se não houver solução.

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