SÃO PAULO (Reuters) - A prévia da inflação brasileira mostrou alívio maior do que o esperado em junho com ajuda dos preços mais baixos de saúde, alimentos e transportes, mas ainda permanece em torno de 9 por cento no acumulado em 12 meses, sem deixar espaço para que o Banco Central reduza a taxa básica de juros tão cedo.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do país, registrou alta de 0,40 por cento em junho, depois de subir 0,86 por cento em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.
Trata-se da menor leitura do indicador para junho desde 2013, quando teve alta de 0,38 por cento, e veio abaixo do esperado por especialistas consultados pela Reuters, de avanço de 0,52 por cento neste mês.
Com esse resultado, no acumulado dos últimos 12 meses a alta do IPCA-15 caiu a 8,98 por cento, sobre 9,62 por cento no mês anterior, porém ainda bem acima do teto da meta do governo --de 4,5 por cento pelo IPCA, com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos. Em pesquisa Reuters, a projeção para 12 meses era de 9,10 por cento.
O IBGE explicou que as principais influências para o resultado de junho do IPCA-15 vieram de Saúde e Cuidados Pessoais, Alimentação e Bebidas e Transportes.
Depois do reajuste dos preços dos remédios em abril, Saúde e Cuidados Pessoais desacelerou a alta a 1,03 por cento em junho, contra 2,54 por cento no mês anterior. O grupo Alimentação e Bebidas, que tem importante peso sobre a renda das famílias, registrou avanço de 0,35 por cento neste mês, contra 1,03 por cento em maio.
Os preços mais baixos do etanol, por sua vez, ajudaram os preços do grupo Transportes a registrarem queda de 0,69 por cento nos preços em junho, após recuo de 0,30 por cento em maio.
Na ponta oposta, o grupo Habitação foi o que mais pesou sobre a inflação, com alta de 1,13 por cento no mês, respondendo por 0,17 ponto percentual do índice. Segundo o IBGE, isso ocorreu devido a taxa de água e esgoto, que subiu 4,50 por cento.
A inflação vinha ganhando ímpeto nos últimos meses, o que levou as projeções do IPCA na pesquisa Focus do BC --que ouve semanalmente uma centena de economistas-- subirem a 7,25 por cento para 2016.
O BC, agora sob o comando de Ilan Goldfajn, tem reforçado o compromisso de levar a inflação para o centro da meta oficial, mas sem especificar quando. De maneira geral, especialistas vêem redução na taxa de juros, mas com a força dos preços já há apostas de que um novo ciclo de afrouxamento monetário vai começar mais tarde.
Na véspera, o mercado de juros futuros passou a precificar chances levemente majoritárias de que o início do ciclo de cortes da Selic, atualmente a 14,25 por cento, acontecerá em outubro, e não mais em agosto.
Veja abaixo a variação dos grupos:
(Por Camila Moreira)