DUBROVNIK, CROÁCIA (Reuters) - A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, evitou responder a uma pergunta sobre a turbulência nos mercados financeiros franceses nesta sexta-feira, dizendo apenas que o BCE cumpriria sua meta de inflação.
Os mercados franceses passaram por outra liquidação brutal de ativos nesta sexta-feira, quando os investidores reduziram suas posições antes de uma eleição antecipada que poderá garantir uma maioria à extrema direita no país.
Lagarde foi questionada se o BCE consideraria a utilização de um esquema emergencial de compra de títulos para apoiar a França, depois de o prêmio de risco dos títulos franceses ter aumentado ao máximo desde 2011.
“Não vou comentar situações políticas internas”, disse ela aos repórteres, à margem de uma conferência em Dubrovnik, na Croácia.
"Direi simplesmente que é dever do Banco Central Europeu cumprir seu mandato e manter a inflação sob controle e de volta à meta."
O Instrumento de Proteção da Transmissão, concebido em 2022 para conter uma queda acentuada nos preços das obrigações do governo italiano, permite ao BCE comprar quantidades ilimitadas de obrigações se um país se encontrar sob pressão do mercado, apesar de seguir uma política econômica sólida.
O ministro das Finanças francês, Bruno Le Maire, alertou que a segunda maior economia da zona euro corre o risco de uma crise financeira se a extrema direita vencer as eleições parlamentares nas próximas semanas.
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O eurocético Reunião Nacional (RN), de Marine Le Pen, lidera as pesquisas de opinião após a decisão surpreendente do presidente Emmanuel Macron, no domingo, de convocar eleições antecipadas.
O partido de Le Pen defende a redução da idade de aposentadoria, a diminuição nos preços de energia, o aumento dos gastos públicos e uma política econômica protecionista no estilo "França em primeiro lugar".
Os bancos franceses também foram duramente atingidos. Os três maiores -- BNP Paribas (EPA:BNPP) , Crédit Agricole e Société Générale (EPA:SOGN) -- perderam entre 12% e 16% em valor esta semana, os maiores percentuais desde a crise bancária de março de 2023.
(Reportagem de Francesco Canepa)