Investing.com - O Ibovespa voltou ao território negativo na sessão desta segunda-feira com a pressão do sell-off em Wall Street e as perdas no petróleo deixando o clima local pesado.
O índice conseguiu evitar perdas maiores ao recuar 0,82% para 85.666 pontos, resultado ameno comparado às perdas de 1,9% no Dow 30, 2,2% no S&P 500 e de 2,7% no Nasdaq.
Entre os destaques negativos do dia estão a Petrobras (SA:PETR4), com perdas de 2,4% acompanhando a queda do petróleo, Braskem (SA:BRKM5) com -2,9% em movimento de correção e a Ecorodovias (SA:ECOR3), que afundou 5,1% com novos indícios de pagamento de propina.
A Vale (SA:VALE3) a as siderúrgicas seguiram na ponta positiva com a alta das commodities na China e o plano de pagamento de dividendos da mineradora.
Wall Street caminha para correção
Os investidores na bolsa de Nova York confirmaram mais um dia de vendas com a escalada da tensão comercial entre os EUA e a China, após o país asiático impor tarifas de até 25% na importação de produtos norte-americanos. A decisão anunciada no final de semana foi uma retaliação à decisão de Trump de taxar até US$ 50 bilhões em compras da China e a Casa Branca prometeu anunciar novas medidas.
A expectativa do mercado é que a as duas maiores economias do mundo deverão seguir uma guerra particular, o que poderá deprimir o comércio global e o crescimento da maioria dos países, entre eles, o Brasil, exportador de commodities.
A retórica agressiva de Donald Trump também se renovou em relação às empresas de tecnologia, com novo ataque à Amazon.
A empresa (NASDAQ:AMZN) recuou mais de 5% hoje e já registra perdas de 15% frente ao pico histórico no mês passado. O receio é que a Casa Branca imponha tarifas ao comércio online.
As ações de tecnologia estão sob pressão desde que o escândalo do uso de dados do Facebook foi descoberto, gerando a expectativa de que governos internacionais passem a regular mais de perto o setor.
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Veja os principais temas do calendário econômico que deverão movimentar o mercado nesta terça-feira:
Produção industrial e mudanças no ministério
Os dados da produção industrial brasileira serão divulgados pela manhã, antes da abertura do mercado, e deverão mostrar a sequência da recuperação da economia, segundo as expectativas do mercado.
O consenso aposta em alta mensal de 0,6%, ante queda de 2,4% em janeiro, e avanço de 4% nos 12 meses, ante 5,7% no mês anterior. Os dados de janeiro vieram pressionados pela indústria de transformação e de insumos para a construção civil.
Alguma surpresa poderá influenciar no humor dos investidores, já cautelosos com a derrocada das ações no exterior e com a expectativa pelo julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula no STF na quarta-feira.
A má condução da troca da equipe econômica também segue no radar. No final de semana, o presidente Michel Temer confirmou a ida de Dyogo Oliveira para a presidência do BNDES e sendo sucedido pelo seu ex-secretário-executivo Esteves Colnago no comando do Planejamento.
Apesar de estar quase certo, o nome do secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Guardia, ainda não foi confirmado como sucessor de Henrique Meirelles.
A Esplanada dos Ministérios composta por nomes sem peso político e a expectativa crescente de que uma nova denúncia contra Michel Temer esteja sendo preparada pela PGR indicam que o governo jogou a toalha e não deverá tentar mais nenhuma mudança legislativa na área econômica, talvez até mesmo abandonar a privatização da Eletrobras (SA:ELET3).
Pela manhã, sai ainda a inflação ao consumidor medida pela Fipe e a expectativa é que o dado os números de março avancem para -0,05%, após os -0,42% do mês anterior.
Wall St em correção
A derrocada de Wall Street nesta segunda-feira aproximou ainda mais os índices de Nova York da correção. O termo é usado quando um ativo perde mais de 10% do seu topo, sem recuperação.
O Dow Jones fechou hoje aos 23.644 pontos, recuo de mais de 11% frente ao topo histórico de fechamento de 26.616 pontos em 26 de janeiro. A data também marcou o recorde do S&P 500 aos 2.872 pontos. O índice recuou, ao todo, 10,1% até o fechamento aos 2.581 pontos de hoje.
Quase um quinto das ações do S&P 500 já entraram em bear market – perdas de mais de 20% do topo –, entre eles o Facebook (NASDAQ:FB), envolvido no escândalo de uso indevido de dados pela Cambridge Analytics.
O declínio do Nasdaq é mais recente. O benchmarking de tecnologia cedeu 9,4% desde a máxima de 7.588 pontos em 12 de março para os 6.870 pontos de hoje. Com resultado de hoje, o índice zerou os ganhos do ano.
O mercado segue acompanhando de perto a escalada da tensão comercial internacional com a guinada protecionista dos EUA.
O governo norte-americano poderá dar ainda nesta semana uma resposta à decisão chinesa de taxar em até 25% compra de produtos alimentícios dos EUA, elevando ainda mais a tensão entre os países.
Diretores do Fed, petróleo e dados de veículos nos EUA
O calendário econômico mais fraco nesta terça-feira abrirá espaço para que os investidores acompanhem com mais atenção os discursos de diretores do Federal Reserve.
O presidente do Fed de Mineápolis, Neel Kashkari, deverá falar às 10h30, enquanto a governadora do Fed, Lael Brainard, fará um discurso às 17h30.
Brainard provavelmente deverá atrair mais atenção após seu posicionamento mais hawkish no mês passado, quando disse que se a economia dos EUA continuasse a progredir “provavelmente seria apropriado retirar mais estímulos em breve, continuando o caminho gradual”.
A indústria automotiva norte-americana deverá apresentar seus números amanhã, com a expectativa do mercado apontando para queda das vendas para 16,9 milhões de unidades em março, contra 17,08 milhões no mês anterior.
Amanhã à noite, o grupo privado American Petroleum Institute apresenta seus dados de estoques, tido como uma prévia dos números oficiais publicados na quarta-feira. A commodity afundou quase 3% hoje com a aversão ao risco tomando conta do cenário global.