Argentina pode pedir "perdão" por não cumprir meta do FMI, dizem analistas

Publicado 25.06.2025, 10:05
Atualizado 25.06.2025, 10:11
© Reuters. Sede do Ministério da Economia da Argentina em Buenos Airesn11/04/2025. REUTERS/Irina Dambrauskas/File Photo

Por Eliana Raszewski

BUENOS AIRES (Reuters) - A Argentina, o maior devedor do Fundo Monetário Internacional (FMI), precisará mais uma vez pedir perdão, desta vez por não ter cumprido a meta de acúmulo de reservas cambiais incluída no novo acordo de US$20 bilhões.

É provável que tenha sucesso, de acordo com analistas e ex-funcionários.

A Argentina fechou seu último acordo com o FMI - o 23º - em abril para refinanciar um acordo anterior de US$44 bilhões e dar ao governo do presidente Javier Milei capacidade financeira para desmantelar os rígidos controles de capital.

O acordo estabeleceu metas econômicas, incluindo a eliminação do déficit fiscal, uma taxa de inflação mais baixa e a reconstrução das reservas cambiais do banco central, que estavam no vermelho quando Milei assumiu o cargo no final de 2023.

O governo conseguiu reduzir a inflação com duras medidas de austeridade e tirou o país de uma recessão econômica, mas teve mais dificuldade para acumular reservas, que estariam abaixo das exigências do FMI.

No entanto, ex-autoridades do país e do FMI disseram que Milei fez o suficiente para ganhar algum espaço de manobra e que os cortes de gastos conseguiram reverter os anos em que o país teve um grande déficit fiscal, ganhando apoio do mercado e aplausos dos líderes do FMI.

"Acho que eles irão perdoar (o descumprimento da meta de reservas) mesmo que peçam mais depois", disse Claudio Loser, ex-diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, à Reuters.

Isso provavelmente viria na forma de um "perdão" (waver em inglês), aprovando a primeira revisão do programa, para a qual uma equipe técnica do FMI chegou ao país na terça-feira.

Daniel Marx, ex-secretário de Finanças da Argentina de 1999 a 2001, disse à Reuters que o próximo desembolso, de cerca de US$2 bilhões, exigiria o perdão do FMI.

"Muito provavelmente o desembolso não será automático, mas exigirá um ’waver’", disse Marx.

"Pensava-se que o banco central iria intervir (no mercado de câmbio) acumulando reservas. Isso não aconteceu, pelo menos até agora. Acho que eles vão dizer como planejam enfrentar os próximos meses, principalmente entre agora e o final do ano."

O Ministério da Economia e a Presidência não responderam a um pedido de comentário. O banco central não quis comentar e disse que as conversas com a equipe técnica do FMI estavam apenas começando.

Um fator importante para o "waver" é o forte histórico de Milei no corte de gastos públicos para eliminar o déficit fiscal.

Na semana passada, o governo anunciou que aprofundará o ajuste para atingir uma meta de superávit de 1,6% do PIB.

O ministro da Economia, Luis Caputo, disse neste mês que o acúmulo de reservas não é mais tão importante quanto antes, com uma maior flutuação do peso e o banco central capitalizado, e destacou o apoio do FMI às reformas de Milei.

Aldo Abram, diretor da Fundación Libertad y Progreso, em Buenos Aires, estimou que o país pode estar entre US$500 milhões e US$1 bilhão abaixo da meta de reservas acordada, mas que isso não deve bloquear o desembolso de novos fundos.

"Este governo demonstrou uma grande capacidade financeira para resolver problemas. Pode acontecer de estarmos US$500 milhões ou US$1 bilhão abaixo (da meta de reservas), mas isso não causará grandes problemas ao Fundo", disse Abram.

"Acho que será aprovado rapidamente e pode levar uma ou duas semanas para o desembolso", acrescentou.

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