Investing.com - Todos os olhares estarão voltados à escalada na retórica comercial na semana que se aproxima, já que investidores tentam descobrir se uma série de respostas retaliadoras entre EUA e China irá acabar em negociações ou em uma guerra comercial plena entre as duas maiores economias do mundo.
A semana que se inicia também marca o início da temporada de resultados do primeiro trimestre em Wall Street, que analistas esperam que irá desviar o foco do mercado do comércio; esse foco deverá ir para fortes resultados corporativos.
Enquanto isso, com relação ao banco central, agentes do mercado irão se concentrar nas atas da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, que poderão oferecer mais indicações sobre o andamento de futuros aumentos de juros neste ano.
Há também importantes dados sobre a inflação dos EUA nesta semana.
Além disso, participantes do mercado também aguardam os números mensais da balança comercial da China, embora ainda seja muito cedo para ver qualquer impacto das tensões comerciais observadas nas últimas semanas.
Antes da semana que está por vir, a Investing.com compilou uma lista com os cinco maiores eventos do calendário econômico com grandes chances de afetar os mercados.
1. Desdobramentos da "guerra comercial" em foco
A escalada na retórica comercial irá manter os investidores atentos uma vez que observam novos acontecimentos em meio a uma guerra comercial em formação entre EUA e China.
As relações entre as duas maiores economias do mundo pioraram na semana passada após o presidente Donald Trump ter ameaçado mais tarifas sobre o equivalente a mais US$ 100 bilhões em produtos chineses importados na quinta-feira.
Em resposta, o ministério do comércio da China afirmou na sexta-feira que o país não irá hesitar em revidar com uma "grande resposta".
A China já tinha revidado o plano da administração Trump de impor tarifas sobre o equivalente a US$ 50 bilhões em produtos chineses, retaliando com taxas similares sobre importantes produtos importados dos EUA, alimentando preocupações de que as duas maiores economias do mundo estariam indo em direção a uma guerra comercial que poderia abalar a economia global.
Participantes do mercado irão se concentrar em um discurso muito esperado de Xi Jinping, presidente chinês, na terça-feira, que investidores irão observar na busca de qualquer referência à disputa comercial com os EUA.
Enquanto isso, com relação ao Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês), as negociações entraram em uma fase intensiva de discussões e continuarão nos próximos dias.
Há especulações de que será anunciado progresso nas renegociações do NAFTA quando Donald Trump, presidente dos EUA, Enrique Peña Nieto, presidente do México, e Juntin Trudeau, primeiro-ministro do Canadá, estiverem reunidos na Cúpula das Américas no Peru, no final da semana.
2. Início da temporada de resultados do 1.º tri nos EUA
A temporada de resultados do primeiro trimestre começa esta semana em Wall Street, com os bancos norte-americanos JPMorgan Chase (NYSE:JPM), Citigroup (NYSE:C) e Wells Fargo (NYSE:WFC) divulgando relatórios nesta sexta-feira. BlackRock (NYSE:BLK) apresentará seus números na quinta-feira.
As projeções de crescimento nos resultados do 1º tri são de 18,4%, de acordo com dados da Thomson Reuters. É o maior em sete anos e os resultados provavelmente foram impulsionados pelos cortes nos impostos feitos por Donald Trump.
Uma forte temporada de resultados ajudaria a proteger os mercados das atuais tensões comerciais.
As bolsas caíram na sexta-feira pois as negociações voláteis persistiram, com o Dow com perdas de 2,3%, o S&P 500 em queda de 2,2%, ao passo que o índice de tecnologia Nasdaq composite recuou 2,3%.
3. Atas da Reunião do Fed
O Federal Reserve divulgará nesta quarta-feira, às 15h, as atas de sua mais recente reunião de política monetária.
O banco central norte-americano elevou as taxas de juros conforme era esperado em 21 de março e manteve sua projeção de mais dois aumentos este ano. Alguns investidores esperavam que o Fed fizesse projeções nesta reunião de mais três aumentos de juros neste ano.
Jerome Powell, presidente do Fed, afirmou na sexta-feira que o banco central provavelmente irá precisar continuar a aumentar as taxas de juros neste ano para manter a inflação sob controle. Ele acrescentou que é muito cedo para saber se a questão comercial irá pesar sobre a economia norte-americana.
Esses comentários sinalizaram que os custos de crédito irão continuar a subir neste ano apesar da recente volatilidade no mercado causada pela disputa comercial.
Operadores de futuros apostam em cerca de 85% de chances de aumento da taxa de juros em junho, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com. Apostas de um terceiro aumento em dezembro estão em cerca de 70%.
4. Dados da inflação dos EUA
O Departamento de Comércio dos EUA publicará os números da inflação do país em março às 09h30 da próxima quarta-feira.
Analistas de mercado esperam que os preços ao consumidor tenham permanecido estáveis, desacelerando a partir do aumento de 0,2% em fevereiro, ao passo que o núcleo da inflação tem projeção de aumento de 0,2%, o mesmo aumento do mês anterior.
Em base anual, as projeções para o núcleo do IPC são de aumento de 2,1%, um pouco mais do que o percentual de 1,8% registrado no mês precedente. O núcleo dos preços é visto pelo Federal Reserve como uma melhor aferição da pressão inflacionária de longo prazo porque exclui as categorias voláteis de alimentação e energia.
A inflação em alta pode ter efeito catalisador para o Fed elevar as taxas de juros em um ritmo mais acelerado do que atualmente se espera.
Além dos relatórios de inflação, o calendário da semana também traz dados norte-americanos sobre preços ao produtor, pedidos semanais de seguro-desemprego e também estará disponível a leitura preliminar da percepção do consumidor de Michigan.
Dados divulgados na sexta-feira mostraram que o crescimento dos empregos nos EUA foi o menor em seis meses no mês de março, mas uma recuperação na inflação dos salários apontava para um aperto no mercado de trabalho, o que permitiria ao Fed realizar mais aumentos de taxas de juros neste ano.
5. Balança comercial da China
A China deverá divulgar os números da balança comercial de março na manhã de sexta-feira. O relatório deverá mostrar que o superávit comercial do país caiu de US$ 33,7 bilhões em fevereiro para US$ 27,2 bilhões no mês passado.
As projeções para as exportações são de crescimento de 11,9% em comparação ao ano anterior e na sequência de um salto de 44,5% no mês anterior, enquanto se espera que as importações tenham subido 12,4% após terem aumentado 6,3% em janeiro.
Antes dos dados da sexta-feira, a nação asiática irá publicar na quarta-feira relatórios sobre a inflação dos preços ao consumidor e ao produtor no mês de março. Os dados deverão mostrar que os preços ao consumidor subiram 2,6% no último mês, ao passo que os preços ao produtor têm projeção de aumento de 3,4%.
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