Taxas dos DIs caem no Brasil com perspectiva de corte de juros nos EUA

Publicado 24.04.2025, 16:46
Atualizado 24.04.2025, 16:50
© Reuters. Notas de 200 reaisn02/09/2020. REUTERS/Adriano Machado

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em queda firme, pelo segundo dia consecutivo, acompanhando o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior em meio à perspectiva de que o Federal Reserve poderá cortar juros já em junho.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 -- um dos mais líquidos no curto prazo -- estava em 14,575%, ante o ajuste de 14,674% da sessão anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 marcava 13,815%, em baixa de 16 pontos-base ante o ajuste de 13,979%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,91%, em queda de 24 pontos-base ante 14,146% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,05%, ante 14,269%.

Na quarta-feira os mercados globais já demonstravam certo alívio após o presidente dos EUA, Donald Trump, ter recuado de seus ataques ao chair do Fed, Jerome Powell, e ter se mostrado aberto a negociar tarifas com a China.

Nesta quinta-feira o otimismo foi intensificado por comentários do diretor do Fed Christopher Waller, avaliando que a disputa tarifária envolvendo os EUA pode elevar o desemprego rapidamente no país e, ao mesmo tempo, suscitar cortes de juros.

Em reação, o mercado precificava à tarde 61,3% de chances de o Fed reduzir juros em junho, conforme a ferramenta CME FedWatch.

“Waller indicou que é a favor de cortes (de juros), de suporte da política monetária (à economia), em um evento de tarifas mais agressivas. Claramente essa questão dos juros nos EUA tem levado os ativos de risco para cima globalmente”, comentou durante a tarde Laís Costa, analista da Empiricus Research.

“O DXY (índice do dólar) está bem fraco, o real também está performando em linha”, acrescentou.

Com a queda dos yields dos Treasuries e o recuo do dólar ante o real, a curva brasileira também cedeu ao longo de todo o dia. Às 16h17, a taxa do DI para janeiro de 2031 marcou a mínima de 13,87%, em queda de 28 pontos-base ante o ajuste da véspera.

O alívio trazido pelo exterior deixou em segundo plano comentários de autoridades do Banco Central do Brasil. No início da tarde o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, afirmou que a moderação do crescimento no Brasil é importante para levar a inflação à meta, acrescentando que os riscos do choque global de comércio são de crescimento mais baixo e inflação mais alta.

Segundo ele, existe hoje uma discussão sobre se o choque tarifário global poderia ser bom para o Brasil. "Tenho dificuldade em ver como algo positivo", disse o diretor, reiterando ser difícil afirmar neste momento quais serão os impactos.

Já o diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos do BC, Paulo Picchetti, disse no meio da tarde que há alguma desaceleração da atividade acontecendo no momento, mas que a autarquia ainda não consegue estabelecer uma tendência real devido a dúvidas sobre a confiabilidade dos dados.

Neste cenário, o mercado no Brasil segue consolidando apostas em um aumento de apenas 50 pontos-base -- ou menos -- em maio da taxa Selic, hoje em 14,25% ao ano.

Na quarta-feira -- atualização mais recente -- o mercado de opções de Copom da B3 (BVMF:B3SA3) precificava 75,50% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic em maio (ante 78,00% na véspera), 17,00% de chances de alta de 25 pontos-base (ante 12,00%) e 6,50% de possibilidade de manutenção (igual à véspera).

Para o encontro seguinte, em junho, as apostas caminhavam nas últimas sessões para a manutenção: as opções precificam 58,00% de chances de manutenção da Selic (54,50% na véspera), 25,50% de possibilidade de aumento de 25 pontos-base (ante 26,50%) e 13,00% de chances de elevação de 50 pontos-base (14,50% na véspera).

No exterior, os yields tinham perdas firmes no fim da tarde. Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento -- caía 8 pontos-base, a 4,311%.

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