Investing.com - O mercado e os especialistas já contam como certo que, após a reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), as taxas de juros permanecerão estáveis, mantendo-se no intervalo atual de 5,25 a 5,50%. Portanto, a atenção está voltada para o tom do comunicado e para a coletiva de imprensa que Jerome Powell, presidente do banco central americano, concederá após o anúncio.
"Mesmo que não sejam esperadas alterações nas taxas de juros, há uma grande expectativa em relação às declarações de Jerome Powell. O Fed pode estabelecer as bases para possíveis cortes nas taxas em setembro, o que deixa os investidores alertas para quaisquer sinais neste sentido", explicou Jorge Gordillo Arias, diretor de Análise Econômica e de Mercado em CIBanco.
Três Indicadores reforçam possibilidade de corte
Os últimos indicadores econômicos apresentaram sinais que sugerem que um afrouxamento monetário nos Estados Unidos pode estar próximo.
1. PIB dos Estados Unidos não está tão forte quanto parece
Os economistas da BBVA (BME:BBVA) Research destacam que, embora o último dado de PIB dos Estados Unidos tenha mostrado um crescimento de 2,8% em termos anualizados trimestrais, o dobro do trimestre anterior, é improvável que a economia tenha realmente ganhado impulso, mitigando assim as preocupações com os riscos inflacionários.
"O consumo de serviços caiu de 3,3% para 2,2%, um indicativo positivo para a inflação subjacente. O investimento bruto privado cresceu 8,4% (versus 4,4%), mas a queda no investimento não residencial (-3,3%) e residencial (-1,4%), junto com a contribuição positiva dos estoques, foram suficientes para manter o crescimento das vendas finais a compradores domésticos privados em 2,6%", afirmaram em um comunicado de análise.
2. Desaceleração no mercado de trabalho
A normalização do mercado de trabalho tem fortalecido a confiança. Segundo a ADP, a criação de empregos no setor privado diminuiu em julho, com 122.000 empregos criados, abaixo dos 150.000 esperados e menos do que os 155.000 do mês anterior. Esse resultado, divulgado nesta manhã, é o mais baixo desde janeiro passado.
"Este relatório está alinhado com o resfriamento inicial do mercado de trabalho nos EUA", acrescenta Gordillo Arias, do CI Banco.
Este dado específico é favorável à perspectiva dovish. Gabriela Siller Pagaza, diretora de Análise Econômica e Financeira no Grupo Financeiro Base, até sugere que isso pode alimentar especulações de que o Fed poderia cortar as taxas de juros hoje mesmo ou sinalizar claramente que os cortes começarão em breve.
3. Inflação aproximando-se da meta
Da BBVA Research, avalia-se que a inflação IPC de junho (3,0% ao ano), bem como a inflação PCE de maio e junho, são consideradas "dados bons".
Lembram que a inflação subjacente subiu 0,07% mensal em junho, beneficiada por um aumento mais moderado de 0,3% nos componentes de aluguéis e aluguéis imputados.
"A princípio foi revelado que a inflação subjacente PCE tinha subido 0,08% mensal em maio, e embora tenha sido revisada para 0,13% no último relatório de sexta-feira, um valor de 0,18% para junho indica que a inflação subjacente está se aproximando do objetivo de 2% estabelecido pelo Fed", disseram.
Quando virão os sinais claros?
Apesar desses dados que reforçam a possibilidade de um corte nas taxas, a equipe da BBVA Research acredita que não será hoje que o Fed fornecerá sinais claros sobre o início da redução das taxas de juros em setembro, embora continue a preparar o terreno para um relaxamento da política monetária em setembro diante do resfriamento da inflação e da desaceleração do mercado de trabalho.
"É improvável que o Fomc [comitê de política monetária do Fed] faça muitas alterações ao comunicado e evite indicar que os 'bons dados' recentes são suficientes para justificar cortes nas taxas agora", disseram os economistas.
Nesse sentido, Jorge Gordillo Arias, do CIBanco, concorda: "Não esperamos grandes manchetes do Fed. Ou seja, não acreditamos que haverá uma declaração explícita de quando as taxas poderiam ser reduzidas. Assim, qualquer pista que a autoridade monetária forneça sobre futuras reduções de taxas poderia ser muito sutil, reiterando que futuros cortes dependerão dos dados que ainda serão publicados".
No entanto, os economistas da BBVA Research veem que um maior reconhecimento dos riscos em torno dos objetivos de emprego por parte do Fed poderia abrir caminho para que Jerome Powell envie sinais mais definitivos durante o encontro em Jackson Hole em agosto.
"Continuamos a acreditar que um primeiro corte nas taxas em setembro é o mais provável", concluíram.
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