Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - A ata detalhada da reunião do Federal Reserve no mês passado, que será divulgada nesta quarta-feira, pode mostrar o quão perto o banco central dos Estados Unidos chegou de adiar novos aumentos na taxa de juros após a falência de dois bancos norte-americanos nos dias que antecederam a sessão.
O Fed elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual em sua reunião de 14 a 15 de março, uam decisão de política monetária tomada após um fim de semana tenso em que autoridades sênior dos EUA passaram projetando medidas de emergência para interromper uma possível fuga de depósitos contra instituições financeiras regionais após as falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.
Em uma coletiva de imprensa após a reunião, o chair do Fed, Jerome Powell, disse que uma pausa foi considerada, mas as autoridades julgaram que poderiam responder a diferentes problemas com diferentes ferramentas: taxa de juros mais alta para continuar a combater a inflação enquanto confiam em programas de supervisão e liquidez para manter estável o equilíbrio do sistema financeiro.
A expectativa é de outro aumento de 0,25 ponto percentual nos juros, mas as autoridades também disseram que observam dados bancários de perto em busca de sinais de estresse ou de uma baixa maior do que o previsto nos empréstimos.
Antes da falência do SVB (OTC:SIVBQ) em 10 março, Powell havia dito que a inflação elevada poderia até justificar um aumento de 0,5 ponto, portanto o 0,25 ponto que foi aprovado mostra "que o Fed está encarando a situação com seriedade... mas também que a situação não é tão grave a ponto de impedir que o Fed avance com o aperto sinalizado anteriormente", escreveram analistas do Citi.
A ata "provavelmente vai expressar confiança na separabilidade da estabilidade de preços e estabilidade financeira".
Os acontecimentos naquele 10 de março ampliaram a complexidade de um debate no Fed que havia se concentrado em reduzir a inflação de níveis que no ano passado chegaram a mais do que o triplo da meta de 2% do Fed.
Novos dados do índice de preços ao consumidor que também serão divulgados nesta quarta-feira devem mostrr a queda da inflação principal, mas com um nível ainda alto no "núcleo" que deve preocupar as autoridades do Fed.
Em um aceno sobre até onde o banco central progrediu no aperto da política monetária desde o aumento inicial da taxa em março de 2022, o Fed retirou do seu comunicado de março trechos indicando que "aumentos contínuos" nos juros eram prováveis e, em vez disso, disse que "mais algum" aperto é provável.