Por David Milliken
LONDRES (Reuters) - O banco central do Reino Unido parece pronto para dar seus primeiros passos, na próxima semana, em direção à venda de parte dos 875 bilhões de libras --cerca de 1,11 trilhão de dólares-- em títulos do governo que acumulou entre 2009 e 2021, o que levaria os mercados a território desconhecido.
Investidores acreditam que o Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), ao buscar evitar que o recente salto na inflação se torne um problema de longo prazo, elevará sua principal taxa de juros para 1% em 5 de maio, nível em que disse que "considerará o início" da venda ativa de títulos.
A grande questão para os mercados é quando essas vendas começarão. As estimativas de analistas variam de junho deste ano a 2023.
O BoE disse, em fevereiro, que deixaria de reinvestir os recursos de gilts vencidos, uma repetição dos movimentos do banco central dos Estados Unidos em 2017 e 2018.
A redução na detenção de títulos tem o potencial de aumentar os custos de empréstimos em toda a economia, o que reduziria a inflação, mas também desaceleraria o crescimento, uma reversão da flexibilização quantitativa feita pela maioria dos bancos centrais do Ocidente desde a crise financeira de 2008.
Nenhum outro grande banco central iniciou um processo semelhante de vendas ativas.
Sanjay Raja, economista-chefe para o Reino Unido no Deutsche Bank AG (ETR:DBKGn) (SA:DBAG34), espera que as vendas de gilts comecem em agosto ou setembro e cheguem a cerca de 3,3 bilhões de libras por mês ao longo de 2022 e 2023.
O Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34) espera que o BoE inicie as vendas de títulos em junho e venda, inicialmente, 5 bilhões de libras de títulos por mês e eleve esse número para 9 bilhões a partir de novembro.
A estrategista da NatWest Markets Imogen Bachra afirmou que o banco central pode preferir fazer um balanço do impacto de seus ajustes nas taxas de juros e da desaceleração do crescimento antes de anunciar, em novembro, um programa de cerca de 50 bilhões de libras em vendas de gilts para 2023.