O número de clientes que acessam a internet móvel 5G está crescendo rapidamente e em um ritmo bem acima da tecnologia anterior, o 4G. Esse cenário tem levado os clientes das operadoras a migrarem para planos com mais dados e preços maiores, segundo executivos das empresas.
Passados 22 meses desde a ativação do sinal 5G, o País já tem 26 milhões de acessos na nova tecnologia. Nesse mesmo período após sua implantação, o 4G tinha 6,8 milhões de acessos, de acordo com dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
"Realmente, a dinâmica de expansão do 5G está acelerada", disse o presidente da Claro, Paulo César Teixeira, ao citar os dados da Anatel durante o evento Teletime TEC, em São Paulo, nesta quinta, 20. "No Brasil, cerca de metade da população já está em áreas com a cobertura pelo 5G. Isso mostra que, claramente, estamos indo na direção certa."
Segundo Teixeira, um dos fatores que contribuíram para o crescimento acelerado do 5G foi o esforço das operadoras e dos fabricantes de celulares para lançarem aparelhos a preços acessíveis. Os primeiros celulares 5G ainda tinham preços elevados, mas o valor vem caindo. "No ano passado, chegamos a aparelhos na faixa de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil. Agora, queremos ir para R$ 500", afirmou, prevendo que isso seja realizado até o próximo ano.
O presidente da Claro acrescentou que o indicador de satisfação dos clientes (NSP, no jargão) que usam o 5G está 24 pontos maior - numa escala de 0 a 100 - do que o dos usuários de 4G. "Isso é em razão da performance diferenciada do 5G, com velocidade 11 a 12 vezes maior que a do 4G. Outro ponto é que, no passado, tinha uma dificuldade de cobertura de grandes eventos, mas isso já melhorou muito", contou, se referindo ao fato de que o 5G permite a conexão de milhares de aparelhos simultaneamente nas mesmas áreas.
Na Claro, 30% do tráfego de dados nas redes móveis já provém do 5G. Em cidades como São Paulo, é de 40% - os dados consideram apenas as regiões onde a cobertura já está disponível. Com isso, a expectativa é de um aumento no valor médio gasto por cliente da Claro. "O cliente está consumindo mais dados, então, ele se vê obrigado a fazer um upgrade do plano", observou Teixeira.
Consumo
Também presente no evento, o diretor de marketing da TIM (BVMF:TIMS3), Paulo Esperandio, afirmou que o tráfego de dados dos clientes 5G é cerca de 30% a 40% maior do que na tecnologia anterior. "Mais qualidade leva a maior consumo", disse. "Vemos um aumento brutal no consumo, desde os itens mais básicos até os serviços de streaming", afirmou.
Segundo Esperandio, a TIM tem feito um esforço para ampliar a cobertura 5G. Em nove capitais, a operadora já posicionou antenas em 100% dos bairros, citou. Ele confirmou ainda que houve uma melhora na avaliação de qualidade pelos clientes combinada com aumento no consumo.
Esses fatores têm favorecido a migração de clientes para planos de maior valor agregado. Ou seja, o cliente pré-pago procura os planos do tipo "controle". Esses, por sua vez, têm ido para pós-pagos "puros". "Isso gera para nós um aumento do tíquete médio e geração de valor", afirmou o executivo, citando que, da base, cerca de 10% a 15% passam a consumir um plano mais caro.
Expansão
No Nordeste, a Brisanet (BVMF:BRIT3) espera uma expansão no ritmo de crescimento do número de clientes de internet móvel nos próximos meses. A companhia, que é a maior operadora de banda larga da região, ativou os sinais de 4G e 5G no fim do ano passado, começando pelo Ceará.
Em maio, ela atingiu a marca de 100 mil clientes de celular, com a cobertura disponível numa área onde vivem 6,1 milhões de habitantes. Em banda larga, tem 1,3 milhão de assinantes. "O negócio móvel tende a acelerar", afirmou o presidente da Brisanet, José Roberto Nogueira, que também participou do evento do setor de telecomunicações em São Paulo ontem. "A expectativa é de, mês a mês, termos mais visibilidade dessa rampa de subida."
A estimativa de acelerar daqui em diante se deve ao fato de que a operadora vai ampliar os canais de vendas. Até aqui, as vendas são feitas, basicamente, de porta a porta, com uma rede de 2 mil técnicos que fazem visitas para instalação e manutenção de banda larga. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.