Por Rajendra Jadhav
MUMBAI (Reuters) - As exportações de algodão da Índia em fevereiro devem atingir o nível mais alto em dois anos, uma vez que a alta nos preços globais tornou a pluma indiana atraente para os compradores asiáticos que antes adquiriam a fibra do Brasil e dos Estados Unidos, disseram os traders.
Antes de os futuros de algodão dos EUA atingirem uma máxima de 17 meses neste mês, a Índia, o segundo maior produtor de algodão do mundo, teve dificuldades para exportar a fibra. Porém, após o aumento acentuado dos valores globais, os compradores começaram a buscar a Índia, segundo cinco traders.
Em fevereiro, os comerciantes indianos assinaram contratos para exportar 400.000 fardos (68.000 toneladas métricas) de algodão -- o maior volume desde fevereiro de 2022 -- principalmente para a China, Bangladesh e Vietnã, disseram eles.
"O algodão indiano agora é muito competitivo. É o mais barato do mundo, e as exportações estão aumentando", disse Atul Ganatra, presidente da Cotton Association of India, à Reuters.
A Índia poderia exportar 2 milhões de fardos no ano comercial de 2023/24 até 30 de setembro, superando a expectativa anterior de 1,4 milhão de fardos, disse ele.
Mas alguns traders acham que as exportações podem aumentar para 2,5 milhões de fardos, já que o algodão indiano é de 6 a 7 centavos de dólar por libra-peso mais barato do que os suprimentos dos Estados Unidos, o maior exportador do mundo.
Se o algodão indiano continuar a ser negociado com desconto em relação à referência global, espera-se que os comerciantes exportem 300.000 fardos em março, disse um negociante de Nova Délhi de uma casa de comércio global.
A compra agressiva da China elevou os preços do algodão dos EUA nos últimos dois meses e agora Pequim está comprando da Índia, disse um trader de Mumbai.
"A China fez compras de cerca de 300.000 fardos para embarques em fevereiro e março", disse o trader.
Atualmente, a Índia tem a vantagem de preços e custos de frete mais baixos em comparação com os suprimentos dos Estados Unidos e do Brasil, devido à sua proximidade com os países importadores, disse Vinay Kotak, diretor da Kotak Ginning and Pressing Industries Pvt. Ltd.
Apesar da demanda robusta, as exportações da Índia teriam um limite para avançar mais por um excedente limitado, já que a produção local deve cair este ano, disse Kotak.
A produção de algodão do país pode cair 7,7% em relação ao ano anterior, para 29,41 milhões de fardos em 2023/24, a menor desde 2007/08, de acordo com a Cotton Association of India.