Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com -- O impasse nas negociações sobre o teto da dívida em andamento em Washington se arrasta, ameaçando levar os EUA ao precipício de uma possível inadimplência. O Federal Reserve deve divulgar a ata da última reunião do FOMC, enquanto Ron DeSantis se prepara para anunciar sua candidatura à presidência em 2024 durante uma conversa no Twitter com Elon Musk. No Brasil, Câmara aprova texto-base da nova regra fiscal que deve substituir o teto de gastos.
1. Impasse sobre o teto da dívida americana
Os temores de que o governo federal possa em breve cair em um calote sem precedentes estão crescendo após mais uma rodada de negociações malsucedidas entre representantes do presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, sobre o aumento do limite da dívida de US$31,4 trilhões na terça-feira.
McCarthy descreveu as discussões como "muito boas", embora um porta-voz da Casa Branca tenha sugerido posteriormente que ambos os lados precisarão chegar a um acordo que não inclua "tudo o que eles querem". Democratas e republicanos continuam, segundo informações, entrincheirados em suas divisões sobre os planos de gastos.
A janela parece estar se fechando para elevar o limite de empréstimos antes que o governo fique sem dinheiro para pagar suas contas. A Secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que a chamada "data X" poderia ocorrer já em 1º de junho.
Os futuros das ações dos EUA apontaram para uma baixa na quarta-feira, com os investidores observando nervosamente o desenrolar do drama em Washington sobre o teto da dívida.
Às 7h55 (de Brasília), o contrato Dow futuros estava em queda de 0,34%, S&P 500 futuros perdia 0,30% e Nasdaq 100 futuros tinha baixa de 0,25%.
Uma inadimplência dos EUA poderia prejudicar muito a maior economia do mundo e agitar os já ansiosos mercados financeiros globais.
Essas preocupações foram destacadas em Wall Street ontem, onde todos os três principais índices fecharam no vermelho. O índice de blue-chips S&P 500 caiu 1,12%, o índice de alta tecnologia Nasdaq Composite caiu 1,26% e o índice de base ampla Dow Jones Industrial Average caiu 0,69%.
2. Atas da reunião do FOMC
Os mercados buscarão pistas sobre a trajetória futura da taxa de juros do Federal Reserve quando o banco central dos EUA divulgar a minutos ata de sua reunião de maio às 15h.
Na reunião, os formuladores de políticas votaram a favor do décimo aumento consecutivo da taxa de juros na campanha de aperto de longa data do Fed com o objetivo de esfriar a inflação.
O debate agora gira em torno da possibilidade de o Fed optar por fazer uma pausa em seu ciclo de aumento das taxas na reunião do próximo mês.
O presidente do Fed, Jerome Powell, sugeriu na semana passada que uma pausa poderia ser necessária após uma série de falências bancárias recentes. Louis, James Bullard, disse que ainda podem ser necessários mais dois aumentos nas taxas este ano, enquanto seu colega de Minneapolis, Neel Kashkari, disse que o banco central deve sinalizar em junho que o aperto ainda não acabou, mesmo que decida fazer uma pausa.
3. DeSantis revelará a candidatura presidencial de 2024 no Twitter
Ron DeSantis está se preparando para anunciar que concorrerá à presidência dos EUA em 2024 durante uma conversa com Elon Musk no Twitter na quarta-feira.
Falando em um evento do Wall Street Journal ontem, Musk disse que falaria com DeSantis no Twitter Spaces, provocando que haverá "um anúncio e tanto" do governador da Flórida.
Vários veículos de notícias informaram posteriormente que DeSantis aproveitará a oportunidade para lançar sua campanha presidencial. O WSJ observou que ele provavelmente também apresentará a documentação necessária à Comissão Eleitoral Federal para oficializar sua candidatura hoje.
Por sua vez, Musk disse que não estava tentando endossar nenhum candidato em particular, acrescentando que planejava entrevistar pessoas de todas as tendências políticas. No entanto, o bilionário já havia dito anteriormente que estava inclinado a votar em DeSantis.
4. Preocupações com a oferta impulsionam os preços do petróleo
Os preços do petróleo subiram na quarta-feira, mas reduziram alguns ganhos anteriores, depois que dados do setor mostraram uma queda acentuada nos estoques dos EUA, o que sugeriu um aperto nas condições de fornecimento antes da importante temporada de verão.
Dados do Instituto Americano do Petróleo mostraram que os estoques de petróleo bruto caíram em cerca de 6,8 milhões de barris na semana encerrada em 19 de maio, enquanto os estoques de gasolina caíram em cerca de 6,4 milhões. Se os dados oficiais forem confirmados no final da sessão, os estoques de gasolina terão caído pela terceira semana consecutiva, atingindo seus níveis mais baixos antes do Dia do Memorial desde 2014.
O ministro saudita da energia aumentou essas preocupações com a oferta na terça-feira, quando alertou os investidores que apostam que o preço do petróleo cairá para "tomarem cuidado". Isso, por sua vez, alimentou a especulação de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e seus aliados podem potencialmente reduzir a produção em sua próxima reunião, no início de junho.
Às 7h55 (de Brasília), os contratos futuros do petróleo dos EUA eram negociados em alta de 1,58%, a US$74,06 por barril, enquanto o contrato do Brent subia 1,39%, para US$77,91.
5. Câmara aprova texto-base da nova regra fiscal brasileira
A Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do novo arcabouço fiscal para União, por 372 votos a 108, após parecer do relator, deputado Claudio Cajado (PP-BA). Os destaques ainda devem ser apreciados e a votação da regra que deve substituir o teto de gastos deve ser retomada nesta quarta, 24, durante a tarde.
Pela noite de ontem, durante a votação, a Federação Psol-Rede tentou retirar do texto os mecanismos de gatilhos impostos caso a meta de resultado primário não seja cumprida, mas os parlamentares decidiram pela manutenção desse trecho, com 429 votos a favor e 20 contra.
“A aprovação do texto-base do arcabouço fiscal é um grande avanço. Não há regra perfeita. A execução importa tanto quanto o rol de diretrizes e incentivos”, destacou em rede social Felipe Salto, economista-chefe especialista em política fiscal da Warren Rena.
Já Pedro Rossi, professor de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), também em rede social, avaliou que “a inclusão do Fundeb no teto é um dos absurdos da nova versão”.
Às 7h55 (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) recuava 0,03% na pré-abertura.
