Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com – Os futuros das ações dos EUA caem depois que a Fitch reduziu sua classificação de crédito dos EUA, sinalizando preocupações sobre a capacidade de Washington de resolver questões fiscais urgentes após um tenso impasse sobre o limite da dívida no início deste ano. Em outros lugares, a empresa de semicondutores Advanced Micro Devices prevê que o lançamento planejado de seus novos chips de inteligência artificial aumentará os lucros este ano, enquanto a Starbucks vê a demanda por suas ofertas de café e alimentos diminuir na América do Norte. No Brasil, expectativa para início do ciclo de afrouxamento monetário.
1. Fitch rebaixa a classificação de crédito dos EUA
A Fitch rebaixou a classificação da dívida dos EUA para AA+, do nível mais alto de AAA, citando preocupações com o aumento do ônus da dívida e a erosão da confiança na liderança de Washington, apenas alguns meses depois que os legisladores levaram a maior economia do mundo à beira de um calote soberano.
O rebaixamento, que é o primeiro feito por uma grande agência de classificação de risco em mais de uma década, aponta para o temor de que os repetidos impasses políticos sobre o limite da dívida possam ameaçar a estabilidade do mercado global de US$ 25 trilhões de títulos do Tesouro. Em geral, os títulos do Tesouro são vistos como um ativo seguro, respaldado pela confiança de que os Estados Unidos pagarão suas obrigações, e essa fé ajudou a sustentar a dívida dos EUA como referência para ações e outros títulos.
Embora não se espere que a medida da Fitch altere imediatamente esse papel, ela levanta algumas questões sobre a reputação de confiabilidade dos EUA. Em uma declaração na terça-feira, a empresa de classificação argumentou que houve "uma deterioração constante nos padrões de governança nos últimos 20 anos, inclusive em questões fiscais e de dívida".
A Fitch também previu que o déficit do governo geral subirá para 6,3% do produto interno bruto em 2023, em comparação com 3,7% em 2022, "refletindo receitas federais mais fracas, novas iniciativas de gastos e uma carga de juros mais alta".
O anúncio foi recebido com algum escárnio, com o economista Lawrence Summers chamando-o de "bizarro e inepto" à luz dos recentes sinais de resiliência econômica dos EUA e a secretária do Tesouro, Janet Yellen, dizendo que era "arbitrário e baseado em dados desatualizados".
Os futuros das ações dos EUA caíram na quarta-feira, enquanto o dólar caiu e os futuros do Tesouro subiram, com os investidores tentando avaliar o impacto da decisão da Fitch.
Às 8h02 (de Brasília), o contrato Dow futuros havia caído 0,60%, o S&P futuros perdia 0,36%, e o Nasdaq 100 futuros recuava 0,64%.
O índice dólar, que acompanha o dólar em relação a uma cesta de outras moedas, caiu 0,08%, para 102,00, mas permaneceu relativamente próximo das máximas de três meses. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA, por sua vez, caíram. Normalmente, os preços desses títulos aumentam quando os rendimentos caem.
Os investidores tiveram uma reação relativamente discreta ao rebaixamento, com alguns analistas dizendo que esperam que as consequências sejam limitadas. No entanto, eles ressaltaram que isso ainda injeta mais incerteza nos mercados em um momento em que o caminho imediato para a economia mundial está obscuro.
2. AMD e Starbucks
Juntamente com o rebaixamento da Fitch, os mercados estavam se debruçando sobre os últimos lucros trimestrais da fabricante de chips Advanced Micro Devices (NASDAQ:AMD) e da cadeia de cafeterias Starbucks (NASDAQ:SBUX).
A AMD previu que o lançamento de seus chips de inteligência artificial aumentará seus resultados anuais, fazendo com que as ações subam nas negociações do pré-mercado.
O grupo de semicondutores planeja lançar seus chips MI300 AI ainda este ano. Espera-se que a tecnologia concorra diretamente com a rival Nvidia (NASDAQ:NVDA) no mercado cada vez mais lucrativo de chips de inteligência artificial. A CEO Lisa Su observou que o interesse dos clientes na série de chips MI300 é "muito alto".
A Starbucks, por sua vez, divulgou vendas globais comparáveis que não atingiram as estimativas, já que a demanda por bebidas e alimentos da fabricante do Frappuccino mostrou sinais de desaceleração na América do Norte. As transações trimestrais na região aumentaram apenas 1%, abaixo do aumento de 6% registrado no período anterior de três meses.
Mas, ainda assim, a Starbucks superou as estimativas de lucro, graças, em grande parte, a uma forte recuperação das vendas na China, o que, segundo analistas, ajudou a atenuar a queda das ações da empresa no pré-mercado.
3. Qualcomm em destaque em dia de lucros
A onda de lucros corporativos trimestrais desta semana ganha ritmo na quarta-feira, com a fabricante de chips Qualcomm (NASDAQ:QCOM) pronta para encabeçar a lista de empresas que apresentarão seus relatórios.
O grupo sediado em San Diego, que fabrica chips que ajudam a alimentar uma ampla gama de smartphones, deve apresentar lucro ajustado por ação (LPA) no terceiro trimestre fiscal de US$ 1,81 sobre uma receita ajustada de US$ 8,51 bilhões, de acordo com as estimativas de consenso da Bloomberg. No período correspondente do ano passado, a empresa registrou um LPA de US$ 2,96 e receitas de US$ 10,93 bilhões.
Os analistas do JPMorgan disseram no início desta semana que a Qualcomm poderia superar as estimativas relativamente baixas, citando os retornos recentes de seus rivais que sugerem "tendências melhores" no mercado lento de smartphones.
A demanda por aparelhos celulares tem enfrentado ventos contrários à medida que os consumidores, atingidos pela inflação, reduzem os gastos com itens não essenciais, os ciclos de substituição se alongam e os fabricantes de smartphones lutam para apresentar novos avanços para atrair os clientes. No primeiro trimestre, as remessas globais de smartphones caíram 13%, de acordo com a empresa de pesquisa Canalys.
Em outros lugares, outras empresas que divulgaram resultados incluem a rede de farmácias CVS (NYSE:CVS), o grupo de fintech PayPal (NASDAQ:PYPL) e a empresa de fast food Yum! Brands (NYSE:YUM).
4. Preços do petróleo sobem após redução nos estoques dos EUA
Os preços do petróleo subiram na quarta-feira, aproximando-se de seus níveis mais altos desde abril, depois que dados do setor apontaram para uma grande queda nos estoques dos EUA, indicando uma demanda robusta do maior consumidor de combustível do mundo.
Dados do American Petroleum Institute (Instituto Americano do Petróleo) na terça-feira mostraram que os estoques de petróleo dos EUA diminuíram em 15,4 milhões de barris na semana até 28 de julho, a maior redução observada em dados que remontam a 1982. Os dados oficiais da Administração de Informações sobre Energia devem ser confirmados no final da sessão.
Fora dos EUA, espera-se que a Arábia Saudita anuncie que estenderá seus cortes voluntários de produção até setembro em uma reunião da OPEP+ na sexta-feira, informou a Reuters.
Às 8h02, o contrato petróleo dos EUA foi negociado 0,88% mais alto, a US$ 82,09 por barril, enquanto o contrato Brent subia 0,79%, para US$ 85,58.
5. Copom define taxa de juros nesta quarta
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define os rumos da taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, nesta quarta-feira, 02 de agosto, após reunião de dois dias.
A expectativa é de que a autoridade monetária brasileira saia na frente na flexibilização, assim como iniciou o aperto antes de outros países e regiões, como Estados Unidos e Zona do Euro, visando o controle inflacionário.
A projeção consensual é de corte em 0,25 ponto percentual, mas com maior divergência sobre uma eventual diminuição de 0,5 ponto.
A taxa Selic deve encerrar o ano a 12%, com início do corte em 0,25 pp, na opinião de economistas da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). “A desinflação doméstica, os efeitos da política monetária na atividade e o cenário externo contribuem para esse quadro”, detalha a entidade.
Às 8h03, o ETF EWZ (NYSE:EWZ) perdia 1,26% no pré-mercado.