By Geoffrey Smith
Investing.com -- Hoje é dia de Payroll, o mais importante indicador de saúde do mercado de trabalho dos EUA. O relatório das folhas de pagamentos não-agrícolas deste mês não dirá muito sobre o aumento do desemprego mostrado pelos pedidos de seguro-desemprego das duas últimas semanas, já que os dados coletados para o Payroll antecedem o início dos bloqueios relacionados ao Covid-19 nos EUA.
Qualquer pessoa que precise de mais evidências da devastação econômica pode olhar para a Europa, onde os PMIs de Markit caíram para os níveis mais baixos de todos os tempos em março.
Com isso, o dólar se fortaleceu e os futuros de ações dos EUA estão indicando uma abertura fraca. Os preços do petróleo continuaram subindo, no entanto, à medida que reportagens da Newswire apresentavam os detalhes de um possível acordo para reduzir a oferta global de petróleo.
E o plano de US$ 350 bilhões dos EUA para ajudar pequenas empresas começa a funcionar hoje - mas os bancos estão lutando para retirar os empréstimos garantidos.
Aqui está o que você precisa saber nos mercados financeiros na sexta-feira, 3 de abril.
1. Payroll não retrata toda a realidade
É o dia de payroll, com uma diferença. O relatório mensal de desemprego dos EUA, previsto para as 9h30 (horário de Brasília), provavelmente será ruim, mas não mostrará o panorama completo, já que a data limite de medição é a semana de 12 de março, ou seja, antes dos grandes confinamentos nos EUA
A realidade, conforme indicado pelos dados semanais de pedidos de seguro-desemprego na quinta-feira, é muito pior. Mais de 9 milhões de americanos solicitaram o seguro-desemprego nas últimas duas semanas. Isso representa cerca de 6% da força de trabalho.
A presidente da Reserva Federal de Cleveland, Loretta Mester, disse que a taxa de desemprego pode chegar a 15% em um futuro próximo, ecoando comentários feitos no início desta semana pelo colega James Bullard.
2. Preços do petróleo atingiram máximas desde meados de março, com esperanças acordo de produção
Os preços do petróleo subiram a suas máximas em duas semanas e meia, depois que uma série de notícias citando fontes não identificadas acrescentou mais detalhes à ousada sinalização do presidente Donald Trump de um possível acordo para acabar com a guerra global de preços. Os contratos futuros do petróleo dos EUA subiram 6,79%, para US$ 27,04 por barril, enquanto o índice de referência global Brent subiu para mais de US$ 30, sendo negociado a US$ 33,73 por barril, aumento de 12,69%.
A Ope +, que inclui Arábia Saudita e Rússia, convocou uma reunião de emergência para segunda-feira. No entanto, a Reuters informou que o grupo irá insistir em um corte na produção dos EUA como parte de qualquer acordo.
Outras notícias citaram fontes dizendo que um corte de 10 milhões de barris por dia, aproximadamente 10% da produção mundial de petróleo, era "realista". Trump disse que o corte pode chegar a 15 milhões de barris por dia. Ele também disse que se reunirá com os líderes das maiores empresas de petróleo dos EUA hoje, com reuniões possivelmente se estendendo para o fim de semana.
O presidente Vladimir Putin também deve se reunir com os produtores de petróleo russos na sexta-feira, disse o Kremlin.
3. Ações devem abrir em baixa; dólar se fortalece novamente
Os mercados de ações dos EUA devem abrir em baixa, à medida que o mercado absorve as consequências dos dados de pedidos de seguro-desemprego de quinta-feira e os indicadores de atividade negativos na Europa e na China apresentados pelos Índices de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) em março.
Às 8h55 (horário de Brasília), o contrato Dow Jones 30 futuros caía 76,5 pontos, ou 0,36%, com 21.196 pontos. O S&P 500 futuros caía 0,27% e o contrato Nasdaq 100 perdia 0,3%. Relatos com mais detalhes sobre eventual acordo para corte de oferta no petróleo animou os investidores, levando os índices a estabilidade por poucos minutos antes das 09h00, mas o pessimismo com os impactos negativos na economia das medidas para conter a pandemia de coronavírus persiste entre os investidores.
O índice dólar subia 0,5% para seu maior nível em mais de uma semana, pois o euro e a libra esterlina caíram acentuadamente após os dados desastrosos de índice de atividades de gerente de compras da IHS Markit. No entanto, o dólar subiu em relação tanto a moedas ligadas a commodities quando a moedas port-seguro, como o iene e o franco suíço, sugerindo que a tensão nos mercados financeiros globais ainda vai longe.
Além disso, o banco central da China cortou novamente seus requisitos de reserva, em um esforço para aumentar a liquidez doméstica - mesmo que o vírus tenha atingido o pico há mais de um mês naquele país e relatórios sugiram uma recuperação ampla, embora lenta, da atividade.
4. Show de horrores dos PMIs na Europa
A Europa está enfrentando uma recessão mais profunda do que em 2008/9, a julgar pelos dados mais recentes da pesquisa. O IHSMarkit revisou para baixo seus PMIs de março para toda a região, devido principalmente a quedas chocantes na atividade de serviços, que compõem a maior parte de todas as economias europeias, mesmo a da Alemanha.
Na Itália, o PMI de serviços caiu para 17,4, de 52,1 em fevereiro. Esse é o número mais baixo que a Markit já reportou para qualquer um de seus PMIs - pior ainda que a Grécia nas profundezas de sua recessão na última década.
Claus Vistesen, economista da zona do euro da Pantheon Macroeconomics, estima que o PIB da zona do euro caiu 4% no primeiro trimestre e encolherá mais 10% no trimestre atual, “com base na noção de que a atividade estará parada em abril e na maior parte de maio. "
5. Disney e GE dão licença a trabalhadores; problemas com o plano de empréstimo da SBA
Walt Disney (NYSE:DIS) e General Electric (NYSE:GE) disseram que vão dar licença a milhares de trabalhadores, já que o surto de Covid-19 se aprofundou cada vez mais na vida econômica dos EUA.
A Disney disse que os cortes serão aplicados a todas as suas divisões nos EUA. A empresa fechou seus parques no país indefinidamente, enquanto sua divisão de cruzeiros suspendeu as viagens. Além disso, lançamentos de filmes de grande sucesso foram adiados para o próximo ano.
Os cortes da GE afetam principalmente a divisão de aviação, em que a demanda futura está sendo rapidamente revisada para baixo devido ao colapso das viagens aéreas e à incerteza sobre a rapidez e a plena recuperação.
Além disso, havia sinais de que o plano de US$ 350 bilhões do governo dos EUA para ajudar pequenas empresas enfrenta problemas. O JPMorgan (NYSE:JPM) disse que não seria capaz de processar solicitações de empréstimos garantidos pelo governo, que podem ser enviadas a partir de hoje. O Bank of America (NYSE:BAC) está limitando aplicações a clientes existentes.
O mecanismo de empréstimo planejado do Federal Reserve também está enfrentando atrasos. O presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, disse na quarta-feira que não estará pronto por "mais algumas semanas".