Por Geoffrey Smith e Ana Carolina Siedschlag
Investing.com - O futuro do principal índice acionário brasileiro abriu em alta, seguindo o exterior menos avesso ao risco, após turbulência no cenário político. Lá fora, as ações de tecnologia devem ter um dia de recuperação após a forte liquidação de segunda-feira. O Tesouro americano inicia três dias de grandes vendas de títulos, e os problemas do mercado de ações da China continuam enquanto o governo confirma o foco na desalavancagem para este ano. Aqui está o que você precisa saber sobre os mercados financeiros na terça-feira, 9 de março.
1. Mercado de olho em reviravolta política
O Ibovespa Futuros abriu em alta e avançava 1,7% perto das 9h10, seguindo o exterior mais propício ao risco, após a forte reação negativa da véspera à decisão do ministro Edson Fachin, que anulou as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça do Paraná, tornando-o novamente elegível a cargos públicos.
O (NYSE:EWZ), principal ETF brasileiro negociado no pré-mercado em Nova York, caía 0,42%, enquanto o dólar futuro subia 0,82%, a R$ 5,8258.
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Segundo analistas consultados pelo Investing.com, os receios são de que o processo eleitoral, que já está no radar para tomar força a partir do segundo semestre deste ano, fique mais conturbado com o antagonismo PT x Bolsonaro paralisando o processo do Congresso para a aprovação de reformas estruturais da economia.
Segundo o jornal Valor Econômico, Lula deve dar entrevista esta tarde, às 13h, sobre a decisão de Fachin.
2. Leilões do Tesouro americano
O Tesouro dos EUA dá início a uma venda de três dias de títulos, que será um teste do apetite do mercado para o dilúvio de emissões necessárias para financiar o pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão.
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O Tesouro vai leiloar US$ 58 bilhões em notas de três anos, com a divulgação dos resultados às 15h. Também pretende vender US$ 38 bilhões em títulos de 10 anos na quarta-feira (10) e US$ 24 bilhões em títulos de 30 anos na quinta-feira (11).
Os rendimentos de prazos mais longos saíram das máximas recentes, uma vez que os investidores estrangeiros, em particular, foram atraídos pelos prêmios oferecidos em relação a outros ativos seguros. Isso também levou o índice dólar à maior alta de três meses na noite de segunda-feira, com ganhos contra os tradicionais moedas de menor rendimento, como o iene e o franco suíço.
No entanto, esses ganhos foram amplamente revertidos nas negociações europeias da manhã, com a volta do apetite ao risco. O índice dólar caía 0,4%, a 91,997.
3. Queda dos índices chineses
A queda nos mercados financeiros chineses continuaram, apesar de uma intervenção por alguns grandes fundos de investimento apoiados pelo estado que procuram conter a debandada, segundo relatos.
Os índices de alta tecnologia Shanghai Shenzhen CSI 300 e SME-Chinext 500 caíram 2,2% e 3,5%, levando as perdas no mês passado para mais de 20%, com os investidores tirando dinheiro da mesa em resposta a novos sinais de que o governo deve segurar parte do orçamento e do suporte monetário.
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O relatório de trabalho chinês disse que a desalavancagem será uma das cinco principais tarefas deste ano, mitigando a explosão da dívida que se seguiu à pandemia. A dívida geral aumentou 30% no ano passado, de acordo com dados do Bank for International Settlements, com o setor corporativo sozinho devendo mais de 160% do PIB - mais do que o dobro da proporção nos EUA.
O governo também disse que deseja cortar os próprios empréstimos este ano, de 3,6% no ano passado para 3,2% do PIB.
4. Ações de tecnologia se recuperam; OCDE aumenta perspectiva de crescimento
Os mercados de ações dos EUA devem abrir em alta mais tarde, com o Nasdaq subindo com força após o sell-off de tecnologia desta segunda.
Às 8h30, os futuros do Nasdaq 100 avançavam 2,4%, refletindo efetivamente a queda de 2,4% no Nasdaq Composite ontem. Os futuros do Dow Jones e do S&P subiam perto de 1%.
A rotação de nomes de tecnologia ainda não levou a um afrouxamento geral das avaliações globais para as ações: o índice de ações MSCI World está em 82% do PIB mundial, 10 pontos percentuais acima de onde estava no quarto trimestre de 1999, no altura da bolha tecnológica.
No entanto, essa proporção pode parecer melhor se o PIB mundial crescer este ano como esperado: a OCDE elevou a previsão de crescimento de 4,2% em novembro para 5,6% este ano. A diferença foi em grande parte devido ao pacote de estímulo de US$ 1,9 trilhão, disse a organização.
5. Petróleo resiliente, mas nem tanto
A fraqueza dos ativos chineses atingiu os preços das commodities, mas o petróleo bruto sacudiu a queda seguindo as previsões da OCDE, enquanto os metais industriais permaneceram com baixo desempenho.
Às 8h35, os futuros do petróleo WTI dos EUA subiam 1,3%, a US$ 65,91 o barril, enquanto o petróleo Brent avançava 1,5%.
Em contraste, os futuros do cobre testaram novamente o nível de US$ 4 a libra e ainda caíram 1,4%, para US$ 4,0370.