Nova aposta de Buffett dispara dois dígitos; como antecipar esse movimentos?
Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas operavam em baixa nesta quinta-feira, em meio à avaliação dos desdobramentos da súbita mudança de postura do presidente Donald Trump quanto à política tarifária global.
A decisão de suspender temporariamente a maior parte das tarifas anteriormente anunciadas, com um adiamento de 90 dias, foi atribuída por ele à reação adversa dos mercados financeiros.
Apesar da medida, as tarifas aplicadas à China permanecem em vigor, o que levou a uma resposta imediata de Pequim, intensificando os temores em torno de um conflito comercial prolongado entre as duas maiores economias do planeta.
Investidores também monitoram de perto os dados de inflação dos EUA, que podem oferecer pistas relevantes sobre os efeitos dessas tensões nas pressões de preços.
No Brasil, os investidores ficarão de olho no crescimento do setor de serviços em fevereiro.
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1. Índices futuros dos EUA em queda
Os principais índices de ações dos EUA apontavam para uma abertura em queda das bolsas em Nova York, nesta quinta-feira, sugerindo um arrefecimento da euforia registrada no pregão de ontem, marcado pela mudança na política tarifária do presidente Donald Trump.
Às 8 h de Brasília, o Dow Jones recuava 469 pontos, ou 1,14%, enquanto o S&P 500 perdia 91,3 pontos (1,64%) e o Nasdaq 100 caía 375 pontos (2,00%).
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O dólar também apresentava queda contra as principais divisas no exterior, revertendo os ganhos observados na véspera.
Na sessão de ontem, os mercados reagiram com entusiasmo ao anúncio da suspensão tarifária, promovendo uma valorização expressiva dos principais índices de Wall Street, em um movimento comparado por alguns analistas ao rali de alívio registrado em outubro de 2008, no auge da crise financeira global.
Ao final do pregão de quarta-feira, o Dow Jones Industrial Average havia avançado 2.963 pontos (7,9%), o S&P 500 subiu 474 pontos (9,5%) e o Nasdaq Composite, com forte peso de tecnologia, ganhou 1.857 pontos (12,2%). Quase todos os papéis do S&P 500 encerraram o dia em alta.
Apesar da recuperação pontual, a semana tem sido marcada por forte volatilidade e perdas bilionárias no mercado de ações global, diante da preocupação com os possíveis impactos econômicos das tarifas e seus efeitos sobre a inflação.
Nos Treasuries, os rendimentos recuaram após um leilão robusto de US$ 39 bilhões em papéis de 10 anos, o que contribuiu para conter a pressão vendedora observada nos últimos dias. A deterioração dos mercados de renda fixa – que lembrou episódios de busca por liquidez ocorridos durante a pandemia – foi citada por Trump como uma das motivações para revisar sua estratégia comercial.
"Trump até então conseguia absorver a pressão vinda da bolsa, mas o estresse no mercado de títulos tornou inevitável um recuo", escreveram analistas da Capital Economics em nota enviada a clientes.
Com os mercados globais em clima de instabilidade, Trump anunciou a suspensão da maior parte das tarifas sobre diversos países por um período inicial de 90 dias. Mesmo assim, afirmou nas redes sociais que ainda incidiria uma "Tarifa Recíproca substancialmente reduzida" de 10%, em adição às alíquotas já existentes de 25% sobre aço, alumínio e veículos.
A exceção notável à suspensão foi a China. Trump declarou que as tarifas sobre produtos chineses subirão para 125%, depois que Pequim respondeu às sanções com sua própria elevação tarifária, elevando as taxas sobre itens americanos para 84%. As medidas alimentam o risco de um impasse prolongado entre as duas economias, em um cenário de crescente confrontação comercial. Em 2024, a China foi a segunda maior origem das importações norte-americanas.
Ao justificar sua guinada nas tarifas, Trump admitiu que a percepção de medo nos mercados o levou a reconsiderar, apesar de declarações anteriores pedindo calma à população. Analistas continuam a destacar o caráter imprevisível da política tarifária do presidente, o que dificulta o planejamento de investimentos e a avaliação de riscos por parte das empresas.
“Já presenciamos movimentos semelhantes no passado, seguidos de reintroduções das tarifas anteriormente revogadas. Diante disso, permanece o viés de cautela", observou Carsten Brzeski, economista-chefe global do ING.
2. Retaliação dos EUA contra a China
Na madrugada de hoje, entraram em vigor as tarifas retaliatórias impostas por Pequim – 84% sobre uma série de bens importados dos EUA –, conforme noticiado por veículos locais. O Ministério do Comércio chinês reiterou que está disposto a responder com vigor, sinalizando uma postura inflexível diante das medidas americanas.
A inflação chinesa também veio abaixo do esperado em março, o que pode refletir os primeiros efeitos adversos das restrições comerciais. Autoridades de Pequim já indicaram que poderão adotar estímulos adicionais, tanto fiscais quanto monetários, para mitigar os impactos da desaceleração.
3. Inflação norte-americana
Nos Estados Unidos, os investidores aguardam a divulgação do índice de preços ao consumidor (IPC) de março. A expectativa é de que o núcleo do índice desacelere para 2,5% na comparação anual, ante os 2,8% registrados em fevereiro. Na variação mensal, o avanço projetado é de 0,1%, abaixo dos 0,2% anteriores.
A inflação básica (núcleo), que exclui alimentos e energia, deve alcançar 3,0% no acumulado de 12 meses, com elevação de 0,3% na base mensal – frente aos 3,1% e 0,2%, respectivamente, de fevereiro.
Levantamentos recentes sugerem que as expectativas inflacionárias dos consumidores vêm subindo. A pesquisa da Universidade de Michigan, por exemplo, apontou expectativas acima de 4% para o longo prazo, refletindo a percepção de incerteza diante das alterações na política econômica.
Já o índice de preços de Despesas de Consumo Pessoal (PCE), considerado referência pelo Federal Reserve, continua indicando pressões inflacionárias consistentes, embora dentro de um padrão relativamente estável.
4. Petróleo em queda
O mercado de petróleo também reflete o aumento da tensão comercial. O barril do Brent, referência internacional e para a Petrobras (BVMF:PETR4), eram negociado em queda de 2,41%, a US$ 63,89, enquanto o do WTI, referência nos EUA, recuava 2,53%, para US$ 60,76.
Na quarta-feira, os preços fecharam em alta de 4%, após o anúncio de suspensão das tarifas sobre a maioria dos parceiros comerciais. Ainda assim, a exclusão da China da trégua mantém o grau de incerteza elevado. Dada a relevância do país asiático como maior importador mundial de petróleo, qualquer impacto negativo sobre seu crescimento pode comprometer a demanda global por energia.
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5. Serviços no Brasil
Os investidores acompanharão, na agenda econômica de hoje, os dados de crescimento do setor de serviços para o mês de fevereiro, a serem divulgados às 9 h pelo IBGE.
Em janeiro, o volume de serviços registrou retração de 0,2%, em comparação com dezembro, com destaque para o desempenho negativo dos transportes, que recuaram 1,8%.
O resultado ficou abaixo das expectativas e marcou o terceiro mês sem crescimento, acumulando perda de 1,1% desde o pico histórico registrado em outubro de 2024. Na comparação anual, houve avanço de 1,6%, também aquém das projeções.
Segundo analistas, essa desaceleração foi reflexo dos efeitos da política monetária contracionista, o que impactou o crédito e reduziu a demanda no setor.
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