Fique por dentro das principais notícias do mercado desta segunda-feira

EdiçãoJulio Alves
Publicado 02.06.2025, 08:05
© Reuters

Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas recuavam nesta segunda-feira, devido ao aumento das tensões comerciais entre China e EUA, reacendendo a possibilidade de uma custosa guerra comercial.

Paralelamente, a chance de um corte de juros pelo Federal Reserve este ano ainda não está descartada, segundo um dirigente da autoridade monetária, enquanto o bitcoin se recupera, após as perdas do fim de semana, e o petróleo dispara, após a última reunião da Opep+.

No Brasil, os investidores ficarão atentos a novas projeções econômicas do mercado e à pesquisa da S&P Global com gerentes de compras do setor industrial.

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1. Aumento das tensões comerciais entre EUA e China

A trégua entre Washington e Pequim durou pouco. Nesta segunda-feira, o governo chinês classificou como "infundadas" as acusações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que a China teria descumprido o entendimento firmado nas negociações comerciais realizadas em Genebra. Em nota, o Ministério do Comércio afirmou que o país adotará medidas firmes para defender seus interesses.

A resposta foi motivada por declarações feitas por Trump na última sexta-feira, segundo as quais Pequim teria violado um acordo bilateral para redução de tarifas. O ministério chinês rebateu afirmando que o compromisso firmado no mês anterior estava sendo cumprido, enquanto os Estados Unidos, por sua vez, impuseram uma série de medidas restritivas.

Entre essas medidas estão diretrizes para o controle da exportação de chips de inteligência artificial, a proibição da venda de softwares de design de semicondutores para empresas chinesas e a revogação de vistos de estudantes provenientes da China.

As duas potências haviam concordado, em meados de maio, em suspender tarifas elevadas por um período de 90 dias. Pequim também se comprometeu a retirar contramedidas que limitavam as exportações de metais estratégicos, insumos essenciais para os setores de tecnologia, defesa e semicondutores dos EUA.

Apesar do acordo, o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, afirmou no fim da semana passada que as conversas com o governo chinês haviam perdido tração.

2. Futuros dos EUA iniciam nova semana em queda

Os contratos futuros das bolsas norte-americanas abriram em território negativo nesta segunda-feira, refletindo o aumento das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China e o temor de desaceleração do crescimento global.

Às 7h45 de Brasília, o S&P 500 recuava 0,6% (35 pontos), o do Nasdaq 100 cedia 0,7% (150 pontos) e o do Dow Jones perdia 0,5% (225 pontos).

A nova semana e o novo mês começam sob pressão, com parte dos ganhos acumulados em maio sendo devolvida diante do recrudescimento das disputas entre as duas maiores economias do mundo.

Na última sexta-feira, o S&P 500 encerrou maio com alta superior a 6%, melhor resultado mensal desde novembro de 2023. O Nasdaq Composite, com forte concentração em tecnologia, acumulou avanço de mais de 9%, enquanto o Dow Jones Industrial Average subiu cerca de 4%.

As preocupações com o desempenho da economia devem continuar pesando sobre os mercados nos próximos dias. Investidores estarão atentos aos dados que serão divulgados esta semana, especialmente o relatório de criação de empregos (payroll) de maio, previsto para sexta-feira.

A expectativa é de que tenham sido geradas 130 mil vagas no mês passado, número inferior aos 177 mil postos adicionados em abril.

3. Fed ainda pode cortar juros este ano, diz Waller

A divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos ao fim da semana deverá fornecer pistas relevantes sobre a trajetória da economia em meio à escalada das disputas comerciais.

A publicação ocorre logo após o índice de preços PCE – referência preferida do Federal Reserve para monitorar a inflação – indicar certo arrefecimento das pressões inflacionárias em abril.

Nesta segunda-feira, o governador do Fed, Christopher Waller, afirmou que a autoridade monetária pode reduzir os juros ainda este ano, apoiada nos dados mais recentes.

Em discurso durante conferência na Coreia do Sul, Waller afirmou que eventuais efeitos inflacionários gerados pelas tarifas comerciais defendidas por Trump provavelmente seriam temporários, o que abriria espaço para uma política monetária menos restritiva.

Segundo ele, caso a inflação subjacente continue convergindo para a meta de 2%, as tarifas se estabilizem em níveis mais baixos e o mercado de trabalho mantenha sua robustez, haveria justificativa para cortes de juros ainda em 2025.

O dirigente reforçou a avaliação de que a inflação mostrou progresso em abril e destacou a resiliência do emprego, o que permite ao Fed acompanhar com mais calma os desdobramentos das negociações comerciais antes de tomar uma decisão.

4. Bitcoin se recupera; petróleo dispara

O bitcoin retomou fôlego nesta segunda-feira, após registrar perdas expressivas no fim de semana em meio ao aumento da aversão ao risco provocada pelas tensões entre EUA e China.

No momento da reportagem, a criptomoeda era cotada a US$ 105.530, com alta de 1,1%, após recuar de um recorde histórico superior a US$ 111.000 registrado no fim de maio.

A retração nos últimos dias coincidiu com um movimento de saída de capital institucional, conforme indicam dados de fluxo de fundos negociados em bolsa.

O avanço do bitcoin ao longo de maio foi parcialmente atribuído ao otimismo com uma possível distensão nas relações comerciais sino-americanas e ao avanço de propostas regulatórias mais favoráveis às criptomoedas nos Estados Unidos. No mês, o ativo acumulou valorização de 11%.

Analistas da Piper Sandler relataram maior entusiasmo após participarem da Bitcoin Conference 2025, realizada em Las Vegas. Segundo eles, a melhora na percepção decorre do fortalecimento do apoio institucional, do aumento na adoção corporativa e da chegada de novos produtos financeiros, elementos que indicam um ecossistema digital em amadurecimento.

Já os contratos futuros do petróleo abriram em forte alta nesta segunda-feira, após a Opep+ confirmar um aumento de produção para julho em linha com os dois meses anteriores, afastando temores de uma elevação mais agressiva da oferta.

No momento da redação, o Brent subia 3%, cotado a US$ 64,66 o barril, enquanto o WTI avançava 3,4%, a US$ 62,88 o barril.

Ambos os benchmarks recuperavam parte das perdas da semana passada, quando recuaram mais de 1%. No sábado, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) decidiu elevar a produção em 411 mil barris por dia em julho, mantendo o ritmo adotado nos dois meses anteriores.

Essa decisão ocorre após especulações de que o grupo poderia aumentar de forma mais agressiva sua produção como estratégia para recuperar participação de mercado.

O avanço das tensões militares entre Rússia e Ucrânia, além de possíveis novas sanções dos EUA ao setor de energia russo – com foco em grandes compradores como China e Índia – também contribuiu para o movimento de alta das cotações.

5. Projeções econômicas e dados industriais no Brasil

No calendário econômico de hoje, o mercado local aguarda novas projeções econômicas da pesquisa semanal do banco central com agentes do mercado, bem como dados do setor industrial para o mês de maio, segundo o relatório PMI da S&P Global.

No último boletim Focus, os economistas consultados pelo BC elevaram a previsão de crescimento do PIB brasileiro neste ano de 2,02% para 2,14%, acompanhando o ajuste feito pelo Ministério da Fazenda na semana anterior. As estimativas para 2026, contudo, foram mantidas.

As projeções para inflação (5,50% em 2025 e 4,50% em 2026), taxa Selic (14,75% e 12,50%) e dólar (R$5,80 e R$5,90) também permaneceram praticamente estáveis, refletindo a cautela do mercado diante das incertezas fiscais internas e da política tarifária dos EUA.

Já a indústria brasileira ficou praticamente estagnada em abril, com o último relatório PMI recuando de 51,8 para 50,3 pontos: o nível mais baixo desde dezembro de 2023, segundo a S&P Global.

A pesquisa apontou queda nos novos pedidos, baixa confiança dos empresários e desaceleração na criação de empregos, em um cenário marcado por incertezas políticas, custos elevados de crédito e preocupação com as tarifas comerciais anunciadas pelos EUA.

A produção industrial ainda cresceu pelo terceiro mês seguido em abril, mas no ritmo mais fraco do período, puxada apenas pelo segmento de bens de capital, enquanto os setores de bens de consumo e intermediários encolheram. A inflação de custos perdeu força, embora continue elevada.

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