Por Scott Kanowsky e Jessica Bahia Melo
Investing.com – Os futuros das ações em Wall Street apresentam queda antes da divulgação de um importante relatório sobre o mercado de trabalho americano, que pode determinar a magnitude de um potencial corte na taxa de juros pelo Federal Reserve neste mês. No Brasil, o destaque fica para o déficit nas contas, que superou as expectativas, mesmo com uma arrecadação recorde.
CONFIRA: Calendário Econômico do Investing.com
1. Investidores atentos a dados do mercado de trabalho nos EUA
O destaque do calendário econômico é a publicação do relatório de folhas de pagamento não agrícolas (payroll) de agosto pelo Bureau of Labor Statistics do Departamento de Trabalho nesta sexta-feira, 6.
Economistas projetam que a economia dos EUA adicionou 164.000 empregos no último mês, um avanço em relação aos 114.000 do mês anterior. O resultado de julho, bem abaixo das expectativas, gerou uma reação negativa mais ampla no mercado, com investidores preocupados com a possibilidade de uma recessão nos EUA.
Nesta ocasião, os dados podem influenciar a postura do Fed em relação a possíveis cortes nas taxas de juros durante a reunião de dois dias do banco central, marcada para 17 e 18 de setembro.
No momento, existe aproximadamente 59% de probabilidade de o Fed decidir por uma redução de 25 pontos-base nos custos de empréstimos, que estão em um pico de 23 anos, variando entre 5,25% e 5,5%, segundo o FedWatch do CME Group (NASDAQ:CME), que é acompanhado atentamente.
Porém, um novo resultado desfavorável no relatório de payroll pode intensificar as preocupações com a desaceleração do emprego e, conforme alguns analistas preveem, convencer o Fed a realizar um corte mais acentuado de 50 pontos-base.
Os futuros de ações dos EUA operavam ligeiramente abaixo do ponto de equilíbrio na sexta-feira, com os investidores à espera de um relatório muito antecipado sobre o mercado de trabalho, que poderá influenciar a próxima decisão de política monetária do Federal Reserve.
Às 7h58, horário de Brasília, o contrato do Dow futuros caía 0,35%, o S&P 500 futuros recuava 0,68%, e o Nasdaq 100 futuros declinava 1,18%. O índice Dow Jones Industrial Average de 30 ações e o índice de referência S&P 500 encerraram a sessão anterior em baixa, enquanto o índice de tecnologia Nasdaq Composto registrou ganhos.
As negociações foram voláteis na quinta-feira, com investidores avaliando dados que indicam que empregadores privados nos EUA tiveram o menor índice de contratação desde 2021 no mês de agosto. Contudo, as apreensões quanto ao enfraquecimento do mercado de trabalho americano foram parcialmente aliviadas por estatísticas que apontaram uma redução nos pedidos de seguro-desemprego e um aumento na atividade do setor de serviços. Até agora, neste mês, o S&P 500 registrou uma queda superior a 2,5%, apesar de setembro ser tradicionalmente um mês de baixo desempenho para o mercado de ações.
VEJA: Cotações das ações americanas no pré-mercado
2. Perspectiva de vendas da Broadcom decepciona
As ações da Broadcom (NASDAQ:AVGO) caíram após o fechamento do mercado, quando a previsão de vendas para o trimestre atual da fabricante de chips americana ficou aquém das expectativas dos investidores.
A empresa estimou receitas de US$ 14 bilhões para o quarto trimestre, ligeiramente abaixo das previsões dos analistas de US$ 14,04 bilhões, segundo dados da LSEG referenciados pela Reuters.
Durante uma teleconferência após a divulgação dos lucros, executivos da Broadcom apontaram a fragilidade de sua divisão de banda larga, relatando que a receita do segmento diminuiu 49% no terceiro trimestre.
Esse desempenho suavizou o impacto da forte demanda pelos chips de inteligência artificial otimizados da empresa, com sede na Califórnia. A Broadcom elevou novamente sua previsão de receita de IA para US$ 12 bilhões para o ano fiscal, acima da previsão anterior de mais de US$ 11 bilhões.
Refletindo os resultados da Nvidia (NASDAQ:NVDA), gigante dos semicondutores de IA, divulgados na semana anterior, os números da Broadcom não cumpriram as altas expectativas, levando os investidores a ficarem atentos a sinais de que o recente aumento na demanda por chips de IA possa estar diminuindo.
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3. A Seven & i rejeita a oferta da Couche-Tard
A Seven & i Holdings, proprietária da rede 7-Eleven, recusou uma oferta de compra de US$ 38,5 bilhões feita pela Alimentation Couche-Tard do Canadá. Em uma carta divulgada na sexta-feira, o conselho da Seven & i argumentou que a oferta não atendia aos melhores interesses de seus acionistas.
A oferta de US$ 14,86 por ação da Couche-Tard, que representaria a maior aquisição estrangeira de uma companhia japonesa, foi considerada "oportunamente planejada" e com grandes chances de enfrentar obstáculos antitruste nos Estados Unidos. A fusão resultaria na maior operadora do setor de lojas de conveniência no país.
O grupo afirmou estar aberto a considerar propostas, mas ressaltou que resistiria a qualquer oferta que subestimasse o valor intrínseco da empresa ou que não tratasse de preocupações regulatórias significativas.
Alex Miller, o recém-nomeado CEO da Couche-Tard, que também é dona da Circle-K, afirmou em uma conferência após a divulgação dos lucros na quinta-feira que a empresa tinha capacidade para financiar e concretizar a aquisição.
ACOMPANHE: Cotações das commodities
4. Petróleo estável
Os preços do petróleo operavam perto da estabilidade, enquanto os investidores aguardavam o relatório de folhas de pagamento não agrícola e refletiam sobre uma significativa retirada dos estoques de petróleo dos EUA e um adiamento na produção planejada pelos produtores da Opep+.
Às 8h, o contrato Brent registrava uma perda de 0,04%, cotado a US$ 72,66 por barril, enquanto os futuros do petróleo dos EUA (WTI) apresentavam uma queda de 0,06%, a US$ 69,11 por barril. Ambos os contratos caminhavam para registrar perdas semanais.
Segundo analistas mencionados pela Reuters, havia uma postura cautelosa por parte dos investidores antes da divulgação dos dados de emprego, especialmente após os números do mês passado terem provocado uma venda massiva nos mercados globais.
Além disso, houve uma redução nos estoques de petróleo bruto de 6,9 milhões de barris, para 418,3 milhões de barris, na semana que terminou em 30 de agosto, conforme reportado pela Administração de Informações de Energia dos EUA na quinta-feira. A expectativa dos analistas era de uma diminuição de 1 milhão de barris, conforme informado pela Reuters.
Paralelamente, o grupo de produtores Opep+ anunciou que decidiu postergar o aumento planejado na produção de petróleo para outubro e novembro.
Apesar desses fatores de suporte, o Brent atingiu na quinta-feira o menor valor em mais de um ano, influenciado em parte pela contínua preocupação com a demanda nos EUA e na China.
5. Contas públicas em foco no Brasil
O déficit das contas públicas segue como ponto de monitoramento de economistas, em meio a medidas do governo percebidas como insuficientes para equilibrar a situação fiscal. De acordo com o Tesouro Nacional, as contas do Governo Central tiveram um déficit primário em julho de R$ 9,283 bilhões, contra resultado negativo de R$ 38,836 bilhões em junho.
O resultado veio pior do que o previsto pelo mercado e representa o pior desempenho em termos reais para o mês desde 2023. O Governo Central contabiliza um déficit de R$ 233,3 bilhões no acumulado de doze meses finalizados em julho, ou 2,04% do Produto Interno Bruto (PIB).
O Santander (BVMF:SANB11) espera que a expansão dos gastos apresente desaceleração relevante no segundo semestre. “O grau de desaceleração no segundo semestre será fundamental para a percepção dos riscos fiscais. No mesmo sentido, devemos ver o déficit primário declinar até dezembro, e sua trajetória provavelmente dependerá do desempenho das receitas à frente”, destacou o banco em relatório, que estima déficit de R$85 bilhões em 2024, com bom ritmo de receitas, mas gastos aumentando em ritmo robusto.
Às 8h (de Brasília), o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,73% no pré-mercado.