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Investing.com – Os índices futuros das bolsas norte-americanas indicavam abertura positiva nesta terça-feira, refletindo a reação dos mercados à declaração do presidente Donald Trump sobre um cessar-fogo entre Israel e Irã. Embora ainda haja dúvidas sobre a sustentabilidade da trégua, o anúncio favoreceu o apetite por risco.
Os preços do petróleo recuavam, enquanto o ouro perdia força com a menor busca por proteção.
Paralelamente, os investidores voltam suas atenções a Washington, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, inicia sua participação em audiências no Congresso em meio a críticas renovadas do Executivo.
No Brasil, os investidores ficarão atentos a novos dados sobre o estado da economia brasileira e mais detalhes sobre a decisão do banco central de elevar os juros para 15% ao ano com a divulgação da ata do Copom.
1. Futuros em alta em Wall Street
Os índices futuros de Nova York operavam em alta na manhã desta terça-feira, após o anúncio do cessar-fogo entre Israel e Irã, que contribuiu para um ambiente mais favorável ao risco.
Às 07h40 (horário de Brasília), o futuro do Dow Jones avançava 347 pontos (0,7%), o contrato do S&P 500 subia 48 pontos (0,8%) e o Nasdaq 100 ganhava 234 pontos (1,0%).
Os principais índices de Wall Street encerraram a sessão anterior em território positivo, apoiados pela percepção de que a escalada militar entre EUA, Israel e Irã poderia ser contida. Prevalecia o temor de que os ataques dos EUA a alvos iranianos pudessem desdobrar-se em um conflito regional mais amplo, comprometendo o fluxo de petróleo oriundo do Oriente Médio.
A retaliação iraniana veio no final da segunda-feira, com o lançamento de mísseis contra uma base americana no Catar, sem registro de vítimas. Trump classificou a ação como "fraca".
Posteriormente, o presidente dos EUA afirmou que o cessar-fogo estava "em vigor", frisando que ambos os lados deveriam respeitar o acordo. A declaração elevou a expectativa de encerramento dos 12 dias de confrontos, marcados por intensos bombardeios.
Apesar do anúncio, os termos da trégua preveem a conclusão de operações em andamento. Um ataque iraniano ocorrido nesta terça-feira teria deixado quatro mortos em Israel, segundo a Reuters. Do outro lado, Teerã acusa Tel Aviv de realizar bombardeios fatais no norte do Irã.
A permanência da trégua ainda era questionada. Israel indicou ter atingido seus objetivos estratégicos, enquanto o premiê Benjamin Netanyahu declarou ter concordado com a pausa nas hostilidades. O chanceler iraniano, Abbas Araqchi, afirmou que não há intenção de manter os ataques, mas que responderia a qualquer nova provocação, postura que foi replicada por Israel.
2. Petróleo em queda
Os contratos futuros de petróleo recuavam de forma acentuada nesta terça-feira, refletindo a menor percepção de risco em relação ao fornecimento global.
Durante o auge das tensões, investidores temiam uma eventual interrupção das exportações iranianas pelo Estreito de Hormuz, via estratégica para o tráfego marítimo global de petróleo. O temor sustentou os preços nas últimas semanas.
Com a retaliação considerada moderada e o anúncio da trégua, os preços passaram a refletir um cenário menos hostil.
No momento da redação, o contrato do Brent caía 3,7%, cotado a US$ 67,93 por barril, enquanto o WTI recuava 3,6%, a US$ 66,04, ambos nos menores níveis desde o início das ofensivas israelenses em solo iraniano. Somente na segunda-feira, o petróleo havia recuado cerca de 9%.
3. Ouro perde tração com menor aversão ao risco
Os preços do ouro apresentavam retração superior a 1% nos negócios europeus, em resposta à redução da demanda por ativos considerados seguros.
O ouro à vista recuava 1,4%, a US$ 3.320,57 a onça, no momento da redação, o menor valor desde 11 de junho. Já os contratos para entrega em agosto registravam baixa de 1,8%, a US$ 3.334,87/oz.
O ambiente de menor tensão também enfraqueceu o dólar americano. O índice que acompanha a moeda frente a uma cesta de divisas caía 0,4%, para 98,06.
O euro e o iene apresentavam ganhos, beneficiados pela retração nos preços do petróleo. Ambos os blocos econômicos, União Europeia e Japão, dependem de importações de energia, ao contrário dos EUA, que são exportadores líquidos.
Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos mantinham-se estáveis, após recuarem na segunda-feira com declarações de um dirigente do Fed a favor de cortes nas taxas já na próxima reunião. Os juros dos títulos se movem de forma inversa aos seus preços.
4. Powell no radar dos mercados
A atenção dos agentes financeiros se desloca agora para Washington, onde o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, inicia sua sabatina no Congresso nesta terça-feira.
Powell deve ser questionado sobre a manutenção dos juros na última reunião e sobre a disposição do comitê em revisar sua política em meio à pressão inflacionária e ao cenário global. A postura do Fed tem sido de prudência diante das incertezas decorrentes das ações tarifárias da Casa Branca.
Trump voltou a atacar Powell nesta terça-feira, chamando-o de “teimoso” e “muito burro” em publicação nas redes sociais. O presidente defende cortes de “dois a três pontos percentuais” e atribui à atual direção do Fed a responsabilidade por eventuais dificuldades econômicas.
“Qualquer alteração no discurso de Powell pode ser interpretada como um sinal de que a autonomia do Fed está sendo corroída pela pressão política, o que tende a favorecer um dólar mais fraco”, analisou o ING em relatório enviado a clientes.
5. Confiança do consumidor e ata do Copom no Brasil
Com o arrefecimento por ora das tensões no Oriente Médio, os investidores locais passam a dar mais atenção a dados sobre o estado da economia nacional, frente à indicação de aperto monetário mais prolongado pelo banco central.
No calendário econômico de hoje, teremos a divulgação logo mais do índice de confiança do consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV) para o mês de junho, além da ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que deverá detalhar melhor a visão da autoridade monetária sobre a inflação, a economia e a Selic no futuro próximo.
Em maio, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) da FGV subiu pelo terceiro mês seguido, avançando 1,9 ponto, para 86,7 pontos. O movimento reflete uma recuperação gradual, após perdas entre dezembro de 2024 e fevereiro, com melhora tanto na percepção atual quanto nas expectativas futuras. A alta foi disseminada entre faixas de renda, com destaque para a redução do pessimismo sobre a situação financeira das famílias.
A ata do Copom, que será divulgada ainda hoje, deve detalhar os fundamentos por trás da decisão de elevar a Selic de 14,75% para 15% ao ano, sinalizando a disposição do comitê em manter os juros elevados por um período prolongado.
O documento tende a reafirmar a preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação e com a lenta convergência do IPCA à meta de 3% ao ano até o fim de 2026.
O tom conservador do comunicado anterior reduz a probabilidade de cortes em 2025, embora os próximos dados econômicos possam ajustar as projeções. A deterioração fiscal segue como um vetor adicional de pressão sobre a política monetária.