Investing.com – Com Donald Trump assumindo seu segundo mandato presidencial, apoiado por um Congresso unificado, a expectativa é que 2025 traga mudanças profundas para as economias dos EUA e do mundo.
Em nota divulgada na quinta-feira, estrategistas do Wells Fargo (BVMF:WFCO34) (NYSE:WFC) traçaram projeções para o próximo ano, destacando um cenário misto, porém cauteloso.
Reintrodução de tarifas e desaceleração econômica
O centro das previsões está na reintrodução de tarifas como ferramenta econômica. O Wells Fargo projeta que até meados de 2025 serão implementadas tarifas de 5% sobre todas as importações dos EUA e de 30% sobre exportações chinesas destinadas ao mercado americano.
Embora essas medidas visem corrigir desequilíbrios comerciais, elas devem desacelerar o crescimento econômico global e doméstico. Nos EUA, a expansão do PIB deve cair para 2,0% em 2025, abaixo dos 2,7% estimados para 2024.
A inflação, medida pelo núcleo do índice PCE, deve permanecer elevada, com projeção de 2,5% tanto para 2025 quanto para 2026. Nesse contexto, o Federal Reserve deve continuar flexibilizando sua política monetária, embora de forma mais moderada, com a taxa básica de juros atingindo um intervalo terminal de 3,50%-3,75%.
“As tarifas do Trump 2.0 devem causar disrupções, mas não colapsar a economia americana”, afirmaram os estrategistas liderados por Nick Bennenbroek. “O crescimento econômico continuará, embora em ritmo mais lento, enquanto a inflação pode permanecer acima da meta do Fed, com os consumidores arcando com parte dos custos das tarifas.”
Impactos globais: divergências entre economias emergentes
As tarifas americanas devem gerar efeitos econômicos divergentes em escala global. Mercados emergentes com forte dependência comercial dos EUA, como México e China, estarão entre os mais afetados.
O México, que direciona cerca de 80% de suas exportações para os EUA, enfrenta um risco de recessão em 2025. Já a China, apesar de dispor de ferramentas políticas para mitigar os impactos, deve registrar crescimento contido de 4,0%.
Por outro lado, economias menos expostas ao comércio exterior, como Brasil e Índia, estimuladas pela demanda doméstica, podem demonstrar maior resiliência e até se beneficiar de mudanças nas cadeias globais de suprimentos.
“Brasil e Índia são relativamente fechados ao comércio, com exportações para os EUA representando uma parcela insignificante de suas economias,” observou o Wells Fargo. “Ambos contam com demanda interna e investimentos para sustentar o crescimento, tornando-se menos vulneráveis ao protecionismo.”
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Mercados cambiais: fortalecimento do dólar e pressões sobre emergentes
As mudanças econômicas também devem refletir-se nos mercados cambiais. O dólar americano está posicionado para manter sua força, sustentado por um Federal Reserve menos dovish, flexibilização mais agressiva de outros bancos centrais e incertezas econômicas nos principais parceiros comerciais.
As moedas de mercados emergentes, especialmente na América Latina e em regiões da Europa, Oriente Médio e África (EMEA), devem enfrentar forte pressão de desvalorização.
Espera-se que o euro caia abaixo da paridade com o dólar, enquanto moedas de economias mais fechadas – como a rúpia indiana – ou ligadas a bancos centrais mais conservadores – como o iene japonês e o dólar australiano – podem demonstrar maior resiliência ao longo de 2025.