O economista Paulo Nogueira Batista Jr. avalia que o FMI (Fundo Monetário Internacional) poderia facilitar as condições de pagamento da dívida da Argentina pela proximidade entre o presidente do país, Javier Milei (La Libertad Avanza, direita), e o próximo chefe do Executivo dos Estados Unidos, Donald Trump (Republicano). Na sua visão, a proximidade ideológica entre os 2 contribuiria para isso.
“Eu suponho que Milei será, sim, bem-sucedido, e que Trump olhará com bons olhos os pleitos da Argentina no FMI”, declara.
A porta-voz do FMI, Julie Kozack, afirmou em 19 de dezembro que a instituição financeira está negociando um novo acordo financeiro com a Argentina. A iniciativa se deu depois de o governo de Javier Milei manifestar o interesse formalmente.
Em declarações a jornalistas em Washington D.C. (EUA), Kozack disse que a recuperação da atividade econômica no país sul-americano “já está firmemente em andamento”. Também elogiou os resultados do plano econômico argentino.
Paulo Nogueira foi diretor-executivo do FMI entre 2007 e 2015. Segundo o economista, há forte influência norte-americana nas decisões tomadas pelo organismo internacional.
“O FMI é um organismo técnico e político, onde os Estados Unidos têm uma influência muito grande. Não tenha dúvida de que sempre que há uma questão de resolver dar ou não apoio a um país, em que condições mais duras ou mais brandas, os Estados Unidos desempenham um papel diretamente através do seu diretor-executivo, indiretamente através da influência que exercem sobre outros diretores-executivos e sobre a administração”, diz.
Ele afirma haver diferenças entre a forma de Trump e Milei governarem. “Milei faz uma política liberal na Argentina. Trump vai fazer uma política nacionalista e desenvolvimentista. Então, essa extrema-direita mundial varia muito”, diz.
Assista à entrevista na íntegra (33min50s):
QUEM É PAULO NOGUEIRA
O economista Paulo Nogueira Batista Jr., 69 anos, nasceu no Rio. Foi vice-presidente do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento, na sigla em inglês), o Banco dos Brics, de 2015 a 2017. Também foi diretor-executivo no FMI pelo Brasil e mais 10 países em Washington D.C., de 2007 a 2015. Publicou pela editora Contracorrente o livro Estilhaços, que reúne contos e crônicas, em 2024.