Investing.com - Após dois meses de bloqueios em todo o país causados pela pandemia de Covid-19, os governos estaduais e municipais começaram a encaminhar um processo de abertura do comércio e de shoppings. De acordo com levantamento divulgado nesta sexta-feira (29) pelo BTG Pactual, 158 dos 577 shoppings já reabriram no Brasil.
A decisão de permitir a reabertura de shoppings pertence aos prefeitos, mas a tendência tem sido que cidades em que a ocupação de leitos de UTI e o número de novos casos de Covid-19 são baixos reabram. O processo está mais acelerado na Região Sul do país, pouco afetada pela doença provocada pelo novo coronavírus, ao registrar 20 mil casos contra 161 mil do Sudeste e 147 mil do Nordeste, segundo os números desta quinta-feira (28). Estados como São Paulo e Rio de Janeiro, que são altamente relevantes para empresas de shopping listadas na bolsa, também caminham em ritmo mais lento.
Considerando as cidades que já reabriram e as que tendem a ser as próximas a reabrir, os analistas Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, apostam na Multiplan (SA:MULT3) como empresa que mais irá se beneficiar das reaberturas a curto prazo. A companhia tem 4 de seus shoppings abertos, o correspondente a 21% da receita operacional líquida (ROL). Na análise do BTG (SA:BPAC11), a próxima cidade a abrir deve ser Belo Horizonte, onde a empresa tem 3 shoppings e 19% de sua ROL.
O banco mantém sua preferência pelo portfólio AAA de shoppings da Multiplan, mais defensiva em tempos difíceis. As ações da companhia fecharam o pregão de sexta-feira (29) cotadas a R$ 20,69. Desde sua mínima de março, de R$ 14,73, os papéis já se recuperaram em 39%.
Em relação às demais empresas do setor listadas na Bolsa, a Aliansce (SA:ALSO3) Sonae enfrenta mais dificuldade com 4 shoppings abertos (7% da ROL), e deve demorar um pouco mais para se recuperar, visto que muitos de seus ativos estão em áreas sem previsão de levantamento das restrições, como Manaus, Belém e Rio de Janeiro. A BR Malls (SA:BRML3), por sua vez, tem 7 de seus shoppings abertos (34% da ROL); e a Iguatemi (SA:IGTA3) tem 5 (21% da ROL), sendo todos os seus outros ativos no estado de São Paulo, o que pode significar um boom quando a reabertura do estado começar a ocorrer.
Para o banco, a reabertura de shoppings será muito gradual e a recuperação do tráfego será muito devagar mesmo quando os shoppings reabrirem, o que torna o cenário difícil para os shoppings brasileiros.
Luxo deve se beneficiar
A restrição de viagens para o exterior pode favorecer as grifes de luxo quando os shoppings começarem a reabrir. A avaliação foi publicada na edição desta quinta-feira pelo jornal Valor Econômico.
A visão de grupos como JHSF (SA:JHSF3) e Iguatemi, donos de centros comerciais especializados nesse tipo de comércio, é um cenário bastante possível, uma vez que os brasileiros mais ricos costumam fazer compras de roupas e acessórios no exterior.
Benefícios a lojistas
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de sexta-feira (29), as redes listadas devem isentar devem isentar seus lojistas de pagamento de aluguel também no mês de maio, após 50% de desconto no aluguel de março e 100% em abril.
Essa definição de cobrança ainda estava pendente em algumas redes e era também um grande motivo de preocupação para varejistas, que viram suas vendas praticamente zerarem durante o isolamento.
A estimativa é que o setor já tenha dado isenção de R$ 3 bilhões de aluguéis, taxas condominiais e outros compromissos, de acordo com cálculo da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).