Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em leve queda frente ao real nesta quarta-feira, com investidores encontrando alento em dados de inflação ao produtor dos Estados Unidos em linha com o esperado, mas o movimento não chegou nem perto de compensar disparada vista na véspera em meio a temores sobre o atual ciclo de aperto monetário do banco central norte-americano.
A moeda norte-americana à vista caiu 0,22%, a 5,1787 reais, depois de muito vaivém ao longo da sessão. No pico do dia, o dólar ganhou 0,17%, a 5,1992 reais, e, na mínima, cedeu 0,77%, a 5,1500 reais.
Jefferson Rugik, presidente-executivo da Correparti Corretora, disse sobre o movimento deste pregão que o dólar negociado no mercado doméstico ora acompanhou o enfraquecimento de índice da moeda norte-americana no exterior, ora respondeu a um movimento de recomposição de posições defensivas em dia "morno e de poucos negócios".
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:01 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,13%, a 5,2010 reais.
Investidores encontraram algum alívio nesta quarta-feira em dados mostrando que o índice de preços ao produtor para a demanda final dos EUA caiu 0,1% no mês passado, em linha com as expectativas. Na véspera, uma leitura da inflação ao consumidor havia surpreendido para cima, desencadeando fuga internacional para ativos considerados seguros.
Embora os números desta quarta-feira tenham poupado os operadores de outro susto com a inflação norte-americana, a queda do dólar nesta sessão mal faz frente à alta de 1,80% registrada na terça, a maior valorização percentual diária desde 2 de agosto (1,93%), a 5,1902 reais.
"Indo para a reunião do Fed na semana que vem, será muito difícil para o mercado moderar (a percepção de) risco de uma aceleração (do ritmo de aperto monetário) do Fed", disse o Citi em relatório desta quarta-feira. Os mercados passaram a dar como praticamente certo um aumento de juro de, pelo menos, 0,75 ponto percentual no encontro do Fed deste mês, nos dias 20 e 21, e embutindo pequenas chances de ajuste ainda mais agressivo, de 1 ponto percentual completo.
O banco central dos EUA já subiu sua taxa básica em 2,25 pontos percentuais desde março deste ano.
"Esperamos, portanto, que o rali do dólar continue, mesmo que o câmbio latino-americano possa continuar a ter desempenho superior devido ao 'carry'", completou o Citi, referindo-se a estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimo em moeda de juro baixo e aplicação desses recursos em país que oferece maior rentabilidade, de forma que o investidor lucra com os diferenciais de taxa.
Quanto mais altos os juros em determinado país, mais atraente tende a ficar seu mercado de renda fixa, o que chama capital estrangeiro e beneficia a moeda local. O Brasil tem rendimentos atraentes, com a taxa Selic atualmente em 13,75%, mas os Estados Unidos, apesar de terem custos de empréstimo mais baixos, têm a vantagem de serem considerados destino muito seguro para investimentos.
Até agora em setembro, o dólar acumula leve queda de 0,4% contra o real. Em 2022, a moeda norte-americana perde 7%, mas está mais de 12% acima da mínima para encerramento deste ano, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.