Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava próximo da estabilidade frente ao real nesta terça-feira, em linha com a variação modesta da divisa norte-americana no exterior, enquanto investidores analisam dados de inflação no Brasil e observam o aumento das tensões geopolíticas no Oriente Médio, em meio a uma agenda esvaziada no exterior.
Às 9h37, o dólar à vista subia 0,17%, a 5,5020 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,19%, a 5,508 reais na venda.
Na segunda-feira, o dólar à vista fechou em leve alta de 0,24%, cotado a 5,4928 reais.
Nesta manhã, investidores globais demonstravam cautela nos mercados de câmbio enquanto aguardam uma série de novos dados econômicos a serem divulgados ao longo da semana e observam o desenvolvimento das tensões geopolíticas no Oriente Médio.
O confronto entre Israel e o grupo militante libanês Hezbollah no fim de semana levantou preocupações sobre uma escalada das tensões regionais, impulsionando uma busca por ativos seguros na véspera e, consequentemente, fortalecendo o dólar ante seus pares fortes e emergentes.
Na sessão desta terça, por outro lado, o movimento da divisa norte-americana tinha pouca oscilação, em meio a uma agenda macroeconômica esvaziada, com agentes financeiros esperando novas notícias vindas do Oriente Médio e mais dados econômicos globais para avaliarem o estado das principais economias do planeta.
O principal evento da semana será a divulgação do índice PCE de julho -- indicador preferido de inflação do Federal Reserve --, que fornecerá sinais sobre a trajetória dos preços nos Estados Unidos.
Os mercados também seguem discutindo sobre o início do afrouxamento monetário no banco central dos EUA em setembro, com as apostas mostrando uma chance de 71% de um corte de 25 pontos-base nos juros e uma probabilidade de 29% de uma redução maior de 50 pontos-base.
Quanto mais o Fed cortar os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente quando os rendimentos dos Treasuries recuam.
Com isso, a moeda norte-americana estava próxima da estabilidade frente ao peso colombiano e ao peso chileno, além de apresentar leve alta contra o peso mexicano e o rand sul-africano.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,01%, a 100,840.
No cenário nacional, investidores avaliavam dados do IPCA-15 de agosto, em busca de indícios sobre a trajetória da taxa de juros brasileira, à medida que membros do Banco Central têm levantado a possibilidade de elevar a Selic, agora em 10,50% ao ano, a fim de trazer a inflação para o centro da meta.
O IBGE divulgou que o IPCA-15 registrou alta de 0,19% em agosto na base mensal, ligeiramente abaixo da expectativa de analistas consultados pela Reuters de um avanço de 0,20%. Em 12 meses, o índice chegou a alta de 4,35%, pouco abaixo do teto da meta do BC de 4,50%.
"Dificilmente (o IPCA-15) muda a trajetória de uma expectativa de alta da Selic, algo que poderia ter sido evitado caso a comunicação (do BC) tivesse sido mais clara e coerente ao longo das últimas semanas", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Na curva de juros brasileira, a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete a política monetária no curtíssimo prazo -- estava em 10,85%, em alta de 3 pontos-base.
Uma alta na Selic seria, em tese, positiva para o real, diante do aumento de diferencial de juros entre EUA e Brasil, principalmente com o início do afrouxamento monetário pelo Fed.