Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar subia frente ao real nesta terça-feira, em linha com a força em mercados emergentes, à medida que investidores demonstravam aversão ao risco em meio à decepção com a falta de apoio de autoridades chinesas a medidas mais fortes de estímulo e temores pelo aumento das tensões no Oriente Médio.
Às 9h31, o dólar à vista subia 0,51%, a 5,5146 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha alta de 0,21%, a 5,525 reais na venda.
Nesta sessão, o dólar ampliava os ganhos da véspera sobre moedas de países emergentes, uma vez que investidores digeriam comentários de autoridades chinesas sobre a economia que decepcionaram participantes do mercado, que esperavam a adoção de medidas mais fortes para sustentar o crescimento.
O presidente da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, Zheng Shanjie, disse em uma coletiva de imprensa que o governo planeja emitir 200 bilhões de iuanes (28,3 bilhões de dólares) em gastos orçamentários antecipados e projetos de investimento a partir do próximo ano.
O país também acelerará os gastos fiscais e "todos os lados devem continuar se esforçando mais" para fortalecer as políticas macroeconômicas, acrescentou. Investidores e economistas afirmam que ainda é necessário mais apoio do lado fiscal e reduziram o otimismo anterior com as medidas do governo.
"Ficou bem abaixo do esperado... O mercado corrigiu bem hoje e, então, espraiu esse mal humor hoje nos mercados internacionais, em especial de commodities", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Preços de commodities importantes, como petróleo e minério de ferro, recuavam nesta sessão com a decepção em relação à China, maior importador de matérias-primas do planeta.
Com isso, a moeda norte-americana avançava sobre divisas mais dependentes do desempenho de commodities, com altas ante o rand sul-africano e o peso chileno.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- tinha estabilidade a 102,480.
No radar dos agentes financeiros, também estava a escalada dos conflitos no Oriente Médio, uma vez que Israel ampliava sua ofensiva no Líbano contra o grupo Hezbollah, o que na semana passada gerou retaliação por parte do Irã.
A perspectiva de uma guerra ampla na região, que geraria uma série de incertezas políticas e econômicas, tem provocado aversão ao risco nos mercados globais, afastando investidores de ativos mais arriscados.
Ao longo desta semana, as atenções se voltarão para a divulgação de dados de inflação dos Estados Unidos, com os mercados em busca de sinais sobre a trajetória dos juros do Federal Reserve.
O índice de preços ao consumidor dos EUA será divulgado na quinta-feira, com expectativa de analistas consultados pela Reuters de alta de 0,1% em setembro, ante o avanço de 0,2% no mês de agosto.
No Brasil, dados do IPCA de setembro serão divulgados na quarta-feira. Em pesquisa da Reuters, analistas projetam alta de 0,46%, de queda de 0,02% em agosto.
(Edição de Camila Moreira)