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Investing.com — O dólar operava em forte queda nesta quinta-feira contra as principais divisas, com destaque para o euro, após o presidente norte-americano, Donald Trump, confirmar medidas tarifárias mais agressivas contra os principais parceiros comerciais dos EUA, ampliando os temores de desaceleração econômica.
Às 7h15 de Brasília, o Índice do Dólar, que acompanha o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de seis importantes divisas, caía 2,13%, a 101,285, o menor nível desde meados de outubro.
Na quarta-feira, Trump anunciou a imposição de uma tarifa básica de 10% sobre todas as importações dos EUA, além de alíquotas mais elevadas para alguns dos maiores parceiros comerciais do país.
A China foi a mais impactada, com o total de tarifas americanas sobre seus produtos atingindo agora 54%. A União Europeia passará a enfrentar tarifas de 20%, enquanto Taiwan, Suíça, Tailândia e Bangladesh terão alíquotas variando entre 30% e 50%.
Segundo analistas da Capital Economics, essas medidas devem ampliar consideravelmente a arrecadação fiscal dos EUA. O efeito final sobre a economia, contudo, dependerá da destinação dos recursos adicionais.
“Caso o governo opte por devolvê-los aos consumidores por meio de novos cortes de impostos, o impacto no crescimento pode ser mais contido. Se, por outro lado, forem utilizados para redução do déficit orçamentário, o efeito seria similar a um aperto fiscal superior a 2%, tornando difícil evitar uma recessão”, escreveram os analistas em nota.
Analistas do ING também apontaram vulnerabilidade para o dólar frente ao impacto doméstico das medidas: “O contragolpe das tarifas na economia americana torna o dólar mais exposto a perdas.”
Eles complementam: “As taxas de juros dos EUA seguem sendo revistas para baixo e, salvo surpresas positivas nas frentes de corte de impostos ou desregulamentação, a moeda americana tende a continuar sem suporte consistente.”
Euro avança com apoio fiscal
Na Europa, o euro subia 2,15% contra o dólar (EUR/USD), sendo negociado a 1,1092, graças a sinalizações de que o governo alemão pretende ampliar os investimentos em infraestrutura e defesa, em resposta às tarifas impostas pelos EUA.
“Não acreditamos que o pior já tenha passado para a Europa. O principal argumento pró-euro no momento é que se trata de uma alternativa ampla e líquida ao dólar. E os desafios enfrentados pelos EUA — notadamente o enfraquecimento do consumo — são mais graves do que os da Europa”, avaliou o ING.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou que o bloco possui um “plano robusto” para retaliar as medidas comerciais adotadas por Trump, mas reforçou a preferência por uma solução negociada.
“A Europa não iniciou esse conflito. Não buscamos represálias, mas, se necessário, temos um plano firme para responder, e o utilizaremos”, declarou.
Já a libra esterlina avançava 1,2% frente à moeda americana (GBP/USD), cotada a 1,3164 — maior nível desde outubro — com o Reino Unido sendo beneficiado por ter recebido uma tarifa relativamente baixa por parte dos EUA.
Iene japonês se valoriza, iuane chinês se enfraquece
Na Ásia, o dólar recuava 1,93% contra o iene (USD/JPY), para 146,38, mínima de três semanas, refletindo o fortalecimento da moeda japonesa diante da maior procura por ativos de proteção, enquanto os investidores avaliavam os impactos potenciais das novas tarifas.
Já o iuane recuava 0,5% frente à divisa norte-americana (USD/CNY), para 7,3043, pressionado pela ampliação das tarifas americanas sobre produtos chineses, que agora totalizam 54% — aproximando-se da meta declarada de Trump de aplicar tarifas de 60% sobre a China, considerada anteriormente um cenário extremo.
A nova rodada de tarifas impõe obstáculos adicionais ao crescimento chinês, que vinha mostrando sinais de recuperação após três anos de desaceleração.
A expectativa é de que Pequim anuncie novas medidas de retaliação, com uma intensidade possivelmente superior ao que vinha sendo projetado.