Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha uma queda ligeira frente ao real nesta sexta-feira, influenciada por um movimento de realização de lucros e queda nos rendimentos dos Treasuries, após ter chegado mais cedo próximo a 5,80 reais com dados de emprego dos Estados Unidos que fomentaram temores de enfraquecimento da maior economia do planeta.
Às 11h38, o dólar à vista caía 0,3%, a 5,7191 reais na venda. Na B3 (BVMF:B3SA3), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento recuava 0,69%, a 5,733 reais na venda
Mais cedo a moeda norte-americana acumulou ganhos contra o real, chegando a ultrapassar 5,79 reais, em alta de 0,94% às 9h36, após a divulgação de um relatório de emprego fora do setor agrícola nos EUA mais fraco do que o esperado.
O Departamento de Trabalho dos EUA informou que foram criadas 114.000 vagas de emprego em julho, ante 179.000 vagas no mês anterior, em dado revisado para baixo das 206.000 vagas informadas anteriormente. Economistas consultados pela Reuters projetavam a criação de 175.000 postos de trabalho em julho.
O resultado aumenta os temores dos mercados sobre um enfraquecimento na atividade econômica dos EUA com um mercado de trabalho mais arrefecido do que o previsto, o que tem gerado aversão a risco e busca por ativos seguros.
Mas ao longo da manhã, com a queda brusca nos rendimentos dos Treasuries, diante da perspectiva da necessidade de afrouxamento monetário maior que o esperado no Federal Reserve, o dólar mostrava fraqueza ante a maior parte de seus pares, com investidores abandonando a divisa norte-americana em busca de outras moedas.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 1,08%, a 103,230.
O rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento -- caía 15 pontos-base, a 3,826%.
No Brasil, destacava-se também o valor já elevado do dólar, que fechou na véspera em sua maior cotação desde 21 de dezembro de 2021, a 5,7364 reais na venda. Isso impulsionou um movimento de realização de lucros.
Por volta das 10h08, o dólar já apresentava tendência de queda ante o real.
"Naturalmente com o câmbio a 5,80, você tem um ponto forte de realização, embora em minha opinião não tenha sido suficiente para impactar a liquidez", disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
"Entendo então que a perda de força do dólar se deu novamente alinhada com o exterior, na esteira da queda de retorno dos Treasuries, e acompanhando também uma queda do dólar perante praticamente todas as divisas emergentes", acrescentou.
O dólar ainda acumulava perdas frente ao euro, rand sul-africano, peso chileno e iene.
O desempenho da moeda japonesa também era observado de perto, uma vez que sua força ante o dólar já provocou fuga de capital em mercados emergentes nas últimas semanas.