SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caía ante o real nesta terça-feira, intensificando movimento visto na parte final da sessão anterior que teve como mote a retomada das commodities em meio a perspectivas de que a China mantenha forte demanda por esses insumos.
Às 10h25 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,40%, a 5,1367 reais na venda.
Os preços do minério de ferro --um dos principais produtos da pauta de exportação do Brasil-- e do aço na China subiram nesta terça-feira, com o último corte da taxa de empréstimo do governo chinês impulsionando o sentimento do mercado, enquanto a demanda parecia destinada a melhorar antes da alta temporada para construção.
Além disso, a longa onda de calor e a seca no gigante asiático representam uma "séria ameaça" às safras de outono do país, o que pode direcionar Pequim a comprar de países exportadores, como o Brasil.
Adicionalmente a favor da moeda brasileira está a elevada taxa de juros no Brasil, uma das maiores do mundo emergente e que confere ao real um retorno ajustado pela volatilidade histórica acima do padrão, segundo o Goldman Sachs (NYSE:GS).
Mas entre leves altas e baixas, chama atenção o dólar estar rondando os atuais patamares próximos de 5,15 reais há quase uma semana, quando começou a ganhar corpo no mercado a expectativa pela fala do chair do banco central dos EUA, Jerome Powell, em Jackson Hole.
"Alguns membros do Fed voltarão a falar, mas o que mais continua a fazer preço, no entanto, é a expectativa com Powell. Portanto, tudo mais constante, devemos ver um dia mais lateralizado", disse Victor Beyruti, da Guide, em nota matinal.
Lá fora, com poucas exceções, moedas pares do real tinham variações limitadas. O peso mexicano, por exemplo, tinha leve alta de 0,1%.
Na cena interna, Beyruti citou a entrevista do presidente e candidato à reeleição pelo PL, Jair Bolsonaro, ao Jornal Nacional, da TV Globo. "O assunto economia foi pouco tratado na entrevista, mas o atual presidente sinalizou que seguirá com a agenda de reformas em um eventual segundo mandato", disse o profissional da Guide.
A campanha do presidente viu como positiva a participação do candidato à reeleição na entrevista, sem ter cometido nenhum grande escorregão, disseram duas fontes da equipe na noite de segunda-feira. Bolsonaro afirmou ao JN que irá reconhecer o resultado das eleições de outubro "desde que sejam limpas e transparentes".
(Por José de Castro)